A Inveja é um dos maiores males que assola a humanidade. É fruto da falta de auto-amor.
Auto-amor é a capacidade de nos amar. Mas, para nos amar, primeiro, precisamos nos conhecer.
Por acaso, você dá seu amor e amizade para quem não conhece?
Quando não conhecemos alguém podemos – no máximo – sentir simpatia ou antipatia, mas nunca amor. A antipatia nos afasta e a simpatia nos aproxima e nos predispõe a conhecer. Amor é um sentimento construído através do conhecimento.
Autoconhecimento, portanto, é condição sine qua non para o auto-amor.
Conhecer-se é perceber, realisticamente, seus potenciais e deficiências. É saber usar construtivamente suas qualidades positivas e não se sentir ameaçado pelas qualidades negativas. Ao contrário, é saber transformar, ou na melhor das hipóteses, saber minimizar tais qualidades negativas presentes em sua personalidade maximizando as positivas.
Nas relações, a inveja é um “jogo” de mão dupla: está presente tanto na pessoa que é “alvo”, quanto na pessoa que a sente. Se “estabelecem” relacionamentos onde a base é a inveja, gerando disputas de todo o gênero. É óbvio que uma relação assim se dá de forma inconsciente.
Um dos ingredientes básicos da inveja é o desejo intenso de poder.
Um exemplo claro e extremado de uma pessoa movida pela inveja é o presidente George Bush. Ele quer destruir Saddam Hussein a qualquer custo; sua capacidade destrutiva movida pela inveja e desejo de poder é devastadora, tanto que está promovendo uma guerra!
Quem é o objeto de inveja, apesar de se sentir ameaçado pelo poder destrutivo da inveja do outro se sente (às vezes), camuflado de si mesmo e contraditoriamente, superior ao outro, pois, afinal, acredita-se que só quem tem algo ou é especial é digno de inveja.
Quem sente a inveja, na maioria das vezes, não assume o fato nem para si próprio, pois acredita que denuncia fraqueza de caráter. Mas, na verdade, ao assumir tal sentimento para si próprio começa entender o quanto não se “enxerga”, e, conseqüentemente, ao não se enxergar, não percebe seus talentos tão valiosos a serem utilizados na própria vida e, enfim, conseguir o reconhecimento que tanto deseja.
A pessoa que sente a inveja vê no outro o que acredita não ter em si, porém, segundo Jung, já temos tudo dentro de nós. Portanto, o que vemos no outro também temos em nós.
Ninguém é digno de ser objeto de inveja do outro, pois, nós, como seres humanos, não fazemos mais do que nossa obrigação que é a de nos desenvolver e evoluir enquanto indivíduos. É justamente o aprimoramento dos potenciais de cada um que, numa somatória, eleva o padrão evolutivo do ser humano.
O contraponto da inveja é a generosidade.
Na inveja a pessoa quer tirar algo do outro e pegar para si. Na generosidade a pessoa dá prodigamente ao outro. Portanto, a generosidade é o antídoto da inveja.
A inveja fomenta sentimentos mesquinhos e destrutivos, levando à desvalorização da conquista do outro, por exemplo. Leva a pessoa a nivelar por baixo si próprio, a vida e os outros, não permitindo o crescimento e o desenvolvimento tão natural e vital que temos dentro de cada um de nós. Limita a capacidade do dar e do receber.
O invejoso tem medo: não aposta em si e não aposta na vida.
A generosidade autentica sempre promove calor humano e bem estar emocional para si e nas relações. Proporciona capacidade de desenvolver relações de troca: dá e recebe!
O generoso aposta sempre no melhor: no seu e no do outro.
Para sair do “jogo” da inveja e entrar no “jogo” da generosidade é preciso se perceber - perceber o que se tem tão fartamente para desenvolver - usufruir e oferecer ao outro e ao mundo. Normalmente costuma ser algo que se faz facilmente e, portanto, nem sempre se valoriza.
O indivíduo, na sua singularidade, tem proporções diferentes de potenciais; por isto, cada pessoa precisa descobrir o seu próprio talento – aquilo que faz sem grande esforço – e aprimorá-lo, com treino, disciplina e técnica e parar de olhar o outro se desenvolvendo.
É preciso prestar atenção em si, numa postura de auto-observação, para descobrir e – tão importante quanto saber – valorizar o talento que se tem, para, então, desenvolvê-lo e utilizá-lo construtivamente em sua vida.
No processo do autoconhecimento aprendemos não somente a nos conhecer como aprendemos a valorizar nossos talentos e a usá-los adequadamente.
Quando digo talento não estou dizendo nada de super ou mega-talento, estou falando de coisas simples como o saber falar, saber ouvir, saber administrar sua vida ou seu dinheiro ou suas amizades... é preciso talento para administrar as relações... capacidade de idealizar ou de concretizar um projeto... e a capacidade de negociação?! Algumas pessoas têm seu forte no raciocínio abstrato e outras, no raciocínio concreto...
Como você “funciona”?
Até se descobrir o que é esse “algo”, esse talento escondido de si mesmo, você pode começar a oferecer o que todos temos de mais banal, mas, que não é nada vulgar. Todos temos um sorriso para oferecer, ou, então, proporcionar uma palavra de carinho ou de consolo. Sempre podemos fazer um elogio em vez de criticar, embora criticar e ver o que falta seja muito mais fácil. Todos temos um abraço e um olhar terno para dar.
É assim que começamos a jogar o “jogo” da generosidade e sair do “jogo” da inveja.
Para sair do “jogo” da inveja, além de exercitar a generosidade, eu sugiro sempre para “sair do alvo”. Saia do alvo da inveja e do invejoso. “Saia do alvo” e siga seu caminho simplesmente fazendo o seu melhor e o oferecendo ao mundo e a todos que precisem, generosamente.
por Maria Aparecida Diniz Bressani
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Sobre o autor
Maria Aparecida Diniz Bressani é psicóloga e psicoterapeuta Junguiana,
especializada em atendimento individual de jovens e adultos,
em seu consultório em São Paulo.