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Bingo, um perigo à vista

Publicado dia 6/16/2003 12:00:47 PM em Espiritualidade

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No Brasil, o bingo pode estar realizando o mesmo efeito social que os cassinos fizeram nos EUA. Apesar das pesquisas ainda serem restritas a São Paulo, o mapeamento dos transtornos nos leva a crer que ele se alastra, atingindo uma grande massa da população, tanto rica como pobre.

Psicólogos e psiquiatras relacionam três indícios de que este novo distúrbio psicossocial, denominado bingo, está crescendo:
- Há dois ambulatórios no Brasil, localizados em São Paulo, que cuidam de problemas de jogos. A maioria dos freqüentadores, destes ambulatórios, manifesta compulsão por bingo;
- Um destes ambulatórios, da USP, informa que a procura de tratamento aumentou consideravelmente no período em que houve o "boom" dos bingos;
- Jogadores Anônimos, é um grupo que presta assistência a compulsivos. Reúne, em sua maioria, dependentes de bingo.
O volume de atendimentos se expande de acordo com a proliferação das casas de apostas, os iluminados bingos.

Especialistas informam que tais dados não são conclusivos, embora guardem uma grande semelhança com o que ocorreu em cidades norte-americanas, onde os cassinos proliferaram.
A Organização Mundial de Saúde, desde 1992, reconhece o jogo patológico como uma doença, enquanto Daniel Fuentes, neuropsicólogo, relata que "a fissura do jogador compulsivo ultrapassa a do cocainomano (viciado em cocaína)".
No Canadá, as pesquisas revelam que quando maior a oferta de jogos numa sociedade, maior a incidência do distúrbio.
Herman Tavares, fundador do Ambulatório do Jogo Patológico e de Outros Transtornos do Impulso, mantido pela USP, esclarece que "esta doença se desenvolve apenas em indivíduos propensos".

Isto quer dizer que existem pessoas que em contato com o jogo podem se tornar compulsivas, enquanto há outras que mesmo convivendo ou indo a um bingo, podem não se contagiar.
A dificuldade é que ninguém sabe quem é propenso ou não. A pessoa, por si mesma, é que deve refletir e ver até onde vai a sua resistência ao vicio.

A dificuldade pode estar justamente aí:
1º - A criatura que tem propensão, nem sempre sabe que tem este estado genético ou psicopatologico;
2º - Se a pessoa estiver no jogo e surgir a compulsão, dificilmente conseguirá sair de lá;
3º - A oferta do jogo está em cada rua da cidade e as vezes até em recintos religiosos, que se utilizam deste expediente para angariar fundos.

Estatística da Folha de São Paulo de 02 de fevereiro de 2003.

Em maio de 1994 foi inaugurado a primeira Casa de Bingo, liberada pela lei Zico (julho de 1993). No ano de 1998 havia 150, no país e em 2.000 o número cresceu para 980. Atualmente temos o registro de 1.100 casas.
Pode-se relacionar este índice com os atendimentos do ambulatório da USP, segundo a psiquiatra Silvia Saboia Martins:
Entre janeiro de 1998 a janeiro de 2002 foram atendidos 156 pacientes, na maioria brancos, católicos, pertencentes à classe media.
Este levantamento demonstra que destes 156 pacientes 48% praticavam atos ilegais para financiar apostas (furtos, fraudes contábeis, falsificações, etc.). E uma fatia expressiva, 14%, tentou o suicídio por causa de perdas emocionais e materiais (família, carro, etc.).
Nos EUA e Austrália estima-se que o vicio atinja de 1 a 4% da população, taxa superior a da esquizofrenia e psicose maniaco-depressiva.

Embora as pesquisas da USP apontem uma maior incidência na classe media, sabe-se que mesmo nos bairros pobres as casas proliferam e ficam abarrotadas. Um comerciante, que vende produtos de limpeza na zona Norte de São Paulo, me informou que no ano passado suas vendas caíram 50%, após a inauguração de um Bingo próximo da sua loja. E uma de suas clientes confessou que estava comprando menos produtos para casa e com o dinheiro que sobrava ia jogar bingo, escondida do marido.

Uma das medidas preventivas indicadas pelos ambulatórios atualmente é a seguinte: Eles aprendem a se controlar e permanecer longe do jogo", só isso, porque segundo Tavares, "ainda não há remédio contra esse problema".

por Wilson Francisco

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Sobre o autor
wilson
Wilson Francisco é Terapeuta Holístico, escritor e médium espírita. Desenvolve o Projeto Mutação, um processo em que faz a leitura da alma da criatura e investigação do seu Universo, para facilitar projetos, sonhos e decisões, descobrindo bloqueios, deformidades e medos que são reprogramados energeticamente. Participe do Projeto Mutação confira seus artigos anteriores
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