O filme brasileiro “O RAP DO PEQUENO PRINCIPE CONTRA AS ALMAS SEBOSAS” representou recentemente o Brasil no Festival de Cinema de Havana.
Ele narra a vida de duas criaturas, o Helinho e o Garnizé, ambos nascidos em Camaragibe, na Grande Recife, considerada a periferia mais pobre do país.
Pequeno Príncipe é o apelido dado ao Helinho, cuja infância violenta o transformou no maior justiceiro de Camaragibe, com 70 assassinatos. Vive até hoje na Penitenciaria de Pernambuco.
Alma sebosa, na gíria dessa comunidade empobrecida, é todo o indivíduo que não presta, que causa mal aos habitantes da periferia e por isso merece ser despachado desta para a melhor. O Helinho fazia isso, com eficiência.
O outro personagem do filme, Garnizé, cresceu no mesmo local e teve também uma infância miserável. No entanto, tornou-se um rapaz do Bem, atuando como líder de uma banda de Rap denominada Faces do Subúrbio e leva uma vida honesta até hoje.
Examinadas estas duas criaturas, ambas surgidas dos escombros de um recanto infernal, pode-se perceber que nem sempre o meio predomina sobre o ser. No entanto, fica claro também que deixado à sua sorte, isto é, sem o apoio da comunidade, cada indivíduo irá se desenvolver de acordo com as propostas internas que ele próprio definir e buscar. E nesse caso há o risco da pessoa ter que lutar sozinha para estabelecer a escolha entre um caminho ou outro.
O pedagogo brasileiro, Paulo Freire, dizia que “a natureza humana se constrói, histórica e socialmente”.
Ele acreditava que poderia alfabetizar as pessoas através de palavras geradoras que devem sugerir situações significativas para os grupos sociais. Engenho, foi a palavra-chave para os trabalhadores dos canaviais do nordeste; tijolo, foi utilizada para os trabalhadores da construção civil.
Isto que Paulo Freire fez, tem a ver com o pensamento de Erich Fromm, quando dizia, que “Nenhuma idéia pode sobreviver se não estiver incorporada em indivíduos cujas vidas sejam a mensagem”. Ou seja, a elaboração da natureza humana se dá através de ações conjuntas e não de teorias.
Num encontro realizado com educadores da FEBEM, numa época em que esta instituição ainda era um lugar de reintegração social, Freire disse: “Imagino as noites mal dormidas de muitos de vocês, os momentos dramáticos de reflexão em que se perguntam se as coisas em que se envolvem não teriam a ver com uma certa natureza imutável”.
Ele, no entanto, sempre acreditou na mutabilidade do ser, tendo trabalhado incansavelmente na elaboração de pedagogias e experiências educacionais de grande porte.
Na verdade, a natureza humana não é imutável. Tudo se transforma no Universo. No corpo humano, 7 milhões de glóbulos deixam de existir a cada segundo, sendo substituídos por outros 7 milhões, enquanto a estrutura óssea é reconstituída a cada 7 anos.
Esta mutabilidade existe muito mais na essência do ser, que é o elemento inteligente do Universo, criado por Deus para executar missões, em todos os planetas.
Por si só, o ser espiritual cresce, decide caminhos, buscando o seu próprio desenvolvimento.
No entanto, é sempre bom o apoio e você pode agir como facilitador do Bem, impedindo que o mal domine as almas ainda fragilizadas. Quanto a estas almas sebosas, que existem na sociedade, podemos sim despachá-las desta para uma melhor, corrigindo-as, destruindo nelas o que há de imperfeito e motivando-as para a Justiça e o Amor.
Que cada um, no lugar em que se encontra, crie a palavra-chave que possa resgatar crianças e jovens, para uma vivência sadia e inteligente e que floresçam na sociedade atual outros e muitos Garnizés.
por Wilson Francisco
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Sobre o autor
Wilson Francisco é Terapeuta Holístico, escritor e médium espírita. Desenvolve o Projeto Mutação, um processo em que faz a leitura da alma da criatura e investigação do seu Universo, para facilitar projetos, sonhos e decisões, descobrindo bloqueios, deformidades e medos que são reprogramados energeticamente.
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