Conheci irmã Mônica através de carta, quando participávamos do Circulo de Missivistas Amigos, organizado por meu amigo Denir Lopes em Volta Redonda – RJ, com uma sub-sede em São Paulo, que eu coordenava. Ela morava em Maringá, no Paraná, e fundou lá um orfanato com mais ou menos 50 crianças. Toda sua vida foi dedicada às crianças e para o CMA, onde escrevia com o coração cartas aos doentes e presidiários.
O CMA tinha por principio realizar contato com presos e doentes em hospitais somente por correspondência, no entanto irmã Mônica ultrapassava o próprio programa do grupo, indo visitar as pessoas onde elas estivessem.
Um dia ela me contou um episódio que se repetia em suas viagens para visitar doentes ou presos. Quando chegava numa cidade, se surgisse alguma dificuldade, ela procurava uma praça e ficava ali sentada, orando, pedindo a Deus um caminho ou uma orientação. Passavam alguns minutos e alguém aparecia, não se sabe de onde, para sentar do seu lado e puxar conversa. E da conversa surgia a solução para o problema que a estivesse envolvendo, fosse ele dinheiro ou outro qualquer.
Numa carta ela me confidenciou, depois de saber que eu era espírita, que a maioria das pessoas que atendiam o apelo de Deus eram espíritas. Ela dizia brincando: “Eles vivem me perseguindo, mas não vão me fazer virar a casaca”. Sua fé e fidelidade ao Catolicismo sempre foram muralhas que mantinham sua imunidade e coragem.
Diante de alguma dificuldade que eu ou o Denir passávamos para ela, fazia logo uma convocação: “Vamos rezar, pois só a oração fará o “pincelzinho de Deus” atingir as almas que sofrem. Era uma freira de mente aberta e coração disponível.
Na Penitenciária do Estado, muitos detentos e detentas integravam este movimento, recebendo cartas dos missivistas amigos. Um rapaz que conheci lá dentro, pois na época eu participava de um grupo de visitantes espíritas, disse-me que a visita da irmã Mônica tinha sido a presença de Jesus em seu coração e ganhou forças para se recuperar e realizar uma vida com mais qualidade, na época.
E tanto ele como os outros diziam que a Irmã Mônica ficava vigiando a vida de cada um, mesmo à distância, porque era só um deles cometer qualquer distúrbio ou ilegalidade lá dentro do presidio, que chegava no dia seguinte uma cartinha dela, advertindo-os e sempre os ensinando como enfrentar a adversidade sem cometer desatinos.
Um dia recebi um cartão de mensagens dela, guardo até hoje com carinho. Lendo e relendo o bilhete fica cada vez mais a certeza de que suas palavras representam para mim o som da voz divina, trazendo consolo e coragem.
Dizia ela: “Procure se manter sempre em exercício espiritual para progredir em sua vida cristã. O exercício espiritual tem valor para tudo, porque o seu resultado é vida. Não se descuide do dom que você tem”.
Recebi dela também um livrinho, editado por amigos e nele ela contava casos de sua vida. Havia poesias e poemas escritas por seu coração. Dentre tantos, seleciono este:
“No recreio, debruçada, eu vi nos olhos do negrinho uma enorme tristeza.
Afaguei-lhe a carapinha e dei uma piscada.
O pequenino olhou-me, com um sorriso magoado.
Vamos lá dentro, menino, vou te dar um pedaço de bolo.
Não tenho fome, irmã. Quero ficar com você.
Compreendi como era grande a solidão daquele coração.
Meu Deus, quando é que a gente vai entender que um gesto de bondade,
que um ato de amor vale mais do que um gostoso pedaço de pão”!
(Irmã Mônica Maria)
por Wilson Francisco
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Sobre o autor
Wilson Francisco é Terapeuta Holístico, escritor e médium espírita. Desenvolve o Projeto Mutação, um processo em que faz a leitura da alma da criatura e investigação do seu Universo, para facilitar projetos, sonhos e decisões, descobrindo bloqueios, deformidades e medos que são reprogramados energeticamente.
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