Há certas letras que por si só refletem, às vezes, as anomalias psíquicas: por exemplo os "s" e os "r" minúsculos distorcidas ou maiores que as outras letras; o uso com freqüência exagerada, de interrogações, pontos de exclamação, reticências, travessões etc.
O emprego de maiúsculas em lugar de minúsculas e os finais das letras, especialmente as hastes dos "d" minúsculos com formas estranhas, também revelam transtornos psíquicos.
Através do estudo da escrita, obtemos dados imediatos do caráter e do temperamento da pessoa. A grafologia fornece dados tão evidentes que nos dão um retrato das múltiplas faces, demonstrando como o indivíduo pode reagir aos estímulos, como se adapta ao meio e como canaliza as suas energias.
Os sinais de insinceridade começaram a ser estudados na Alemanha, nos anos 50, quando foram colhidas amostras de grafias de ladrões condenados, percebendo-se vários sinais que se repetiam de forma significativa, formando-se a categoria de “gestos típicos”. Estes estudos permanecem até os dias de hoje e continuam sendo ampliados ou modificados pelas recentes pesquisas.
Neurose é um transtorno psicológico ou fisiológico que limita, de alguma forma, a adaptação do sujeito a uma convivência social normal. O neurótico, devido aos seus desequilíbrios, inclusive da auto-estima e por ser difícil de se contentar, sente-se perturbado e incomoda a todos.
Trauma é conseqüência de toda experiência desagradável que lesa o indivíduo, determinando nele reações de ansiedade. Os traumas ocorrem geralmente na infância e são geralmente reprimidos.
No grafismo, observamos estes sinais em diversos pontos, por exemplo, na zona inferior das letras, especialmente na letra “g” minúscula; nos bloqueios dos movimentos que se deslocam de baixo para a direita; nos sinais de inibição em outras zonas etc.
Alguns dos “Sinais de Insinceridade” representados graficamente :
letras com sinais regressivos na zona inferior;
- letra ”d” escrita no sentido regressivo;
- letra “o” escrita em sentido horário;
- vogais “sujas “ ou em formas anormais;
- letra “q” escrita com um pequeno bucle regressivo à esquerda;
- texto diferente da assinatura etc.
Alguns sinais patológicos de anormalidade na saúde, no aspecto psíquico ou orgânico que encontramos na escrita são:
- letras tremidas, quebradas ou congestionadas,
- torções,
- sujeiras ou borrões,
- alongamentos súbitos e estranhos,
- traços em descida anormal,
- grandes desproporções na distribuição das letras, linhas e espaços.
A união de vários destes sinais numa mesma escrita pode refletir a anormalidade. Cabe ao grafólogo apenas aconselhar a consulta médica adequada e encaminhar para o profissional adequado que fará o diagnóstico apropriado.
Carlos Ramos Gascón analisou em 1980, junto com Guadalupe Moreno, uma investigação sobre a escrita na esquizofrenia de um total de 40 casos.
Acharam como características mais freqüentes e significativas:
1- Irregularidades gráficas de todo o tipo, especialmente quanto ao tamanho, quanto à inclinação, flutuações da oração, e velocidade desigual.
2- A progressiva diminuição do tamanho das letras, e em menor quantidade, o aumento progressivo, conforme vão descendo as linhas.
3- O fenômeno mais freqüente foi a divisão das letras com oval (quer dizer, a oval e sua continuação feitas em dois tempos): o "c", "d", "g", "q".
O caso do “d" é o mais comum:
1. Separação simples oval-haste.
2. Oval e haste estão separadas, mas esta descreve um traço sobre a oval.
3. Oval e haste estão separadas.
4. Uma variante do caso anterior, o traço intermédio apresenta um bucle, um ângulo ou qualquer outra complicação gráfica.
A divisão do "d" foi observada em 80% das escritas destas pessoas doentes; divisão do "a" em 72,5%; do "p" em 30%; e do "g" e "q" em 27,5% dos casos.
3- É também muito freqüente e curioso um fenômeno que é apresentado nas letras "m" e "n". Analisando esta dificuldade gráfica encontraram as seguintes variantes:
- Dificuldade para conectar estas com a letra seguinte.
- Dificuldade para ligar todos os arcos, principalmente no caso do "m", com o qual encontramos com outra letra separada, geralmente no último arco.
- O "m" com quatro arcos tem uma discutida explicação. O esquizofrênico é na maioria dos casos um paranóico, tanto é assim, que se chegou a dizer que a esquizofrenia seria uma paranóia especial. Pois bem, os paranóicos normalmente acham inimigo até debaixo da cama. Eles também são acostumados a focalizar esses perseguidores em uma entidade única. O fabricar o quarto arco para o "m", não é mais que do resultado de incluir outro elemento humano, o perseguidor. O quarto arco é, portanto, o inimigo escondido entre os demais e que o esquizofrênico procura.
4- Tendência a florear e destacar as letras maiúsculas principalmente na zona superior da mesma, misturar texto e desenhos, etc.
Exemplos de grafias de esquizofrênicos.
Observa-se facilmente a divisão do "d" e também do "p" e "g". Pode-se observar claramente a torção no "m" de "Me" e no "j" "trabajo". Também, se observa uma instabilidade gráfica geral, com inúmeras irregularidades, de tamanho, nas conexões, na forma. Há um aspecto agitado do grupo, com falhas na distribuição do espaço, como o branco inferior da margem direita. Tudo isso faz suspeitar a natureza paranóica da esquizofrenia.
Nesta escrita encontramos alguns traços de angústia, tais como:
1. Margem direita grande
2. Fantasmas na margem direita
3. Barra dos "t" localizada à direita e algumas excessivamente compridas
4. Algumas ambivalências no grau de inclinação