TPM é uma síndrome que apresenta um conjunto de sintomas psico-físico-emocional e atinge cerca de 80% das mulheres em fase reprodutiva.
No campo psíquico, vemos predominância da ansiedade, excitação e agressividade.
No campo emocional, crises acentuadas de depressão, ou estados depressivos, com forte sentimento de desesperança e tristeza profunda; sentimentos de rejeição e pensamentos auto-depreciativos; irritabilidade e facilidade para chorar; além
de dificuldade de concentração em atividades do cotidiano, insônia e mau humor.
Acontecem também alterações físicas, como a retenção de líquidos, inchaço, dores musculares, de cabeça, nos seios e dores em geral; há também acentuado desejo de comer algum tipo de alimento, sobretudo doces e chocolates, ou um aumento generalizado do apetite.
Todos esses sintomas e outros mais são decorrentes da mudança hormonal, típica do próprio ciclo menstrual da mulher; somados ao stress decorrente do ritmo e qualidade de vida que a mulher vive.
O tratamento, normalmente, é feito através de recomendação de exercícios físicos, vitaminas e/ou anti-depressivos.
Por que algumas mulheres não têm TPM? Por que outras têm alguns sintomas mais acentuados e outras, menos? E, por que outras mulheres, ainda, têm um quadro gravíssimo de sintomas deixando-as com a sensação de falta de controle sobre si mesmas?
Entendo que as doenças desde as mais leves, como uma gripe, por exemplo, ou a TPM, até uma mais grave, como um câncer têm como fator decisivo desencadeante o psiquismo.
Se pensarmos numa simples gripe, por exemplo, por que algumas pessoas “pegam” mais gripes que outras? Por que algumas pessoas demoram mais para se curarem e outras, recuperam-se mais rapidamente de uma mesma doença? Vírus estão no ar o tempo todo convivendo conosco, então, porque não somos “atacados” constantemente por eles e, sim, somente em algum determinado momento? Por que estamos vulneráveis e com baixa resistência num momento e em outros, não?
Acredito que as doenças inclusive a TPM são psicossomáticas.
Esclarecendo a tempo: doença psicossomática é uma doença real em todo o seu quadro de sintomatologia física, que precisa ser tratada com medicamentos, mas, tem como fator determinante o psiquismo.
E, como estudiosa do psiquismo humano, acredito que, inconscientemente, “escolhemos” nossas doenças como última instância para despertar e refletir e, obviamente, mudar nossas crenças e comportamentos.
Podemos tratar os sintomas da TPM, seja com um complexo vitamínico e/ou algum anti-depressivo; mas é preciso tratar a “causa”, caso contrário, a mulher torna-se refém, mês a mês, dos seus sintomas, tornando-a incapaz de viver, nestes períodos, sua vida com liberdade e assertividade.
A meu ver, tratar apenas seus sintomas é paliativo, pois no mês seguinte lá estão eles, à sua revelia, perturbando e alterando sua vida de uma forma geral.
Como psicóloga, entendo que qualquer situação que se repete na vida de alguém e, aí incluo a TPM acontece para que ele reflita sobre as suas crenças e atitudes no que concerne à sua pessoa e à sua própria vida.
A TPM, com seu conjunto de sintomas, e de como e quanto perturba sua vida pessoal e profissional é um “sintoma” de que há algo de errado com a mulher.
Na fase do ciclo menstrual em que ocorre a TPM há extrema sensibilidade e tudo o que acontece neste período atinge intensamente a mulher. O que antes a mulher relevava, deixava passar e procurava dar pouca importância, nesta fase tem-se a impressão que ocorre o contrário. De fato, ocorre o inverso dos outros momentos!
Acredito que justamente por a mulher estar, realmente, extremamente sensível “com a sensibilidade a flor da pele” que tudo o que vive é sentido muito mais intensamente, portanto, sua reação também será intensa e super-dimensionada à situação em si.
Acontece que, antes, as situações eram sub-valorizadas e sub-dimensionadas em prol das relações ou da imagem que a mulher quer preservar; porem, durante o período em que ocorre a TPM, estando ela com elevado nível de sensibilidade, tudo a atinge de forma impactante, tornando muitas vezes insuportável o que era antes suportável.
Vemos, então, que por força da alta sensibilidade deste período seu nível de tolerância cai em progressão geométrica em relação aos momentos anteriores.
Portanto, a mulher deve ficar atenta ao que lhe acontece no período da TPM, pois suas reações vão “sinalizar” onde podem estar algumas de suas dificuldades e fontes geradoras de stress e frustrações.
Não justifique uma crise de choro ou uma explosão emocional, por exemplo, ocorridas durante este momento com “Ah, eu estava de TPM!”, como se não fosse nada. Ao contrário, o que acontece de “diferente” aí deve ser observado com atenção.
Embora não conheça nenhuma pesquisa neste sentido, acredito que a TPM seja uma doença da mulher moderna, sobrecarregada com atividades e obrigações múltiplas; com alto grau de exigência, onde ela tem que dar conta de tudo, 100% e perfeitamente.
Essas atividades múltiplas e o alto grau de exigência pessoal e social geram elevado nível de pressão interna e externa e, conseqüentemente, levam a um stress tal que o organismo e o psiquismo não conseguem absorver, elaborar e transformar, revertendo assim numa sintomatologia patológica: a TPM, por exemplo.
Parece que a mulher na atualidade esqueceu-se do que é ser mulher, sobre o seu papel diante do homem e da sociedade.
O caminho que a mulher percorreu em nossa história ocidental, na busca de liberdade e autonomia do homem e na sociedade, fez com que ela se afastasse de si própria, negando seu próprio ritmo e necessidades femininas.
Ela conseguiu provar para si, para o homem e para a sociedade, sua inteligência e competência (dentro do universo masculino), mas a um preço muito alto, que foi ignorar a sua importância como mulher para a sociedade humana apenas por ser mulher.
Vive hoje num ritmo “como se” fosse um homem (até mais sobrecarregada!).
Homem é diferente da mulher: tem outro processo fisiológico, hormonal e psicológico. E, parece, que a mulher esqueceu-se disso. Esqueceu-se que mulher é diferente do homem. Por isso, seu corpo “grita” através dos sintomas da TPM, para despertá-la para a “sua” realidade como mulher.
É preciso que a mulher se redescubra enquanto mulher. Aprenda a valorizar-se, agregando suas qualidades naturais, como, por exemplo, sua receptividade e sensibilidade com as ‘recém descobertas’, tais como, a capacidade de estratégia e
objetividade.A mulher deve ser a primeira a dar o devido valor para o seu papel e o que este representa dentro da sociedade humana, começando consigo mesma.
Como disse anteriormente, qualquer situação que reincida na vida de alguém acontece para que a pessoa pare e reflita. Não acredito que o que passamos na vida e que chamamos “sofrimento” seja apenas para nos prejudicar gratuitamente, mas, sim, para “despertar”, refletir e resolver.
Para a mulher, a reincidência da TPM mostra o quanto ela não está respeitando o seu ritmo e suas necessidade psíquicas, emocionais e fisiológicas.
Para curar a TPM, a mulher precisa curar a causa, que é resgatar-se como mulher, despertando-se para seu autovalor e auto-estima e começar respeitando seus ritmos fisiológico, hormonal, psicológico e emocional.
A TPM, então, como “sintoma” existe na vida da mulher para que ela desperte, desperte para si mesma!
por Maria Aparecida Diniz Bressani
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Sobre o autor
Maria Aparecida Diniz Bressani é psicóloga e psicoterapeuta Junguiana,
especializada em atendimento individual de jovens e adultos,
em seu consultório em São Paulo.