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Conversas que Transformam

Conversas que Transformam
Publicado dia 1/13/2006 12:15:57 PM em Espiritualidade

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Por volta de 1976 fazia parte de um pequeno grupo que realizava sessões mediúnicas, no bairro Santa Terezinha. Coordenava e atendia os espíritos que se comunicavam através de médiuns de incorporação. Um dia, tive uma experiência interessante e um pouco dolorosa. Conversava com o Espírito procurando passar informações e indicar caminhos, quando ele me pediu, com energia, que me calasse. Fiquei quieto, aguardando seu pronunciamento. E aí ele desatou a falar sobre minha vida, meus deslizes, dificuldades, omitindo apenas detalhes mais graves, talvez por respeito à minha pessoa ou por interferência de Espíritos Amigos que, com esse controle, me poupavam.

Quando terminou, disse-lhe com calma que estava certo, era tudo verdade. No entanto, não estava ali para acusá-lo nem para me mostrar melhor do que ele. Era minha função e procurava desempenhá-la dentro do que eu sabia, com o interesse de auxiliar criaturas do mundo espiritual ou do mundo físico que estivessem sofrendo assédios. Agradeci a ele pelo alerta. O Espírito se foi e nunca mais soube dele; daí em diante, fiz uma reflexão séria sobre esta tarefa, a de doutrinador ou atendente de espíritos. Após este fato, senti que não estava pronto para este tipo de função. Dediquei-me a outras atividades.

Numa outra oportunidade, estava coordenando uma sessão de experimentação mediúnica. Uma outra pessoa atendia os Espíritos no fenômeno de incorporação. Um Espírito conversava com o atendente, quando se comunicou um outro através de uma médium que estava do lado. E este, com firmeza e respeito me chamou, dizendo: “Você é o dirigente dessa reunião, então, fique sabendo que eu vou levar para o nosso Templo este irmão de fé; ele não pode ficar aqui ouvindo tudo isso. Vou levá-lo para Jesus”. E os dois Espíritos se foram. Expliquei para o grupo e principalmente para os dois médiuns que encarassem isso com naturalidade porque o Espírito era um Pastor evangélico e estava protegendo um seu irmão de crença.

O termo doutrinador, normalmente utilizado nos Centros Espíritas, pode ser impróprio. Ele não está ali investido dessa função; não é esta a meta, pois o Espiritismo não pretende que as pessoas se tornem espíritas e nem que os Espíritos que se comunicam se convertam para a Doutrina Espírita.

Há casos, inclusive, em que a pessoa conversa com este e aquele espírito e acaba nem mesmo falando da Doutrina Espírita. Às vezes, nem da morte ele fala, apesar de estar conversando com uma “alma do outro mundo”, como se diz popularmente.

Há pessoas e doutrinas que contestam a validade da realização desse processo, o da comunicação com Espíritos desencarnados, principalmente quando o Espírito se acha muito ligado ao mundo material. O que sei sobre isso, é que há criaturas que, apesar de viverem no mundo espiritual, pensam e sentem “terrenamente”, ou seja, a mente está na Terra. Então, o contato com a energia de um corpo físico, a permanência, mesmo que rápida, nos horizontes da vida física impactam o Espírito fazendo-o notar que ele está em outra dimensão. Há muitas outras razões que numa outra oportunidade poderemos abordar.

Os inconvenientes desse processo se devem mais à qualidade de intenções e controle energético dos médiuns que se prestam a este tipo de experiência. Atuei como médium de incorporação em atividades de desobsessão na Penitenciária do Estado, em Sanatórios de Hansenianos, na beira de estradas, quando os Centros Espíritas não permitiam o acesso, em vários Centros Espíritas e também em reuniões domésticas (em minha casa ou na residência de amigos) e nunca me senti mal. Pelo contrário, aprendi muito e tive muitas alegrias e surpresas, como as mencionadas acima.

No Espiritismo e no Centro Espírita, o atendente tem as melhores ferramentas e o ambiente apropriado, além das mais úteis informações para estas criaturas que transitaram para essa outra dimensão chamada espiritual e ainda se encontram sem consciência ou noção do seu estado presente. Mas doutrinar, no sentido de definir caminhos, pode não ser preciso ou oportuno.

Na verdade, cada encontro, entre o atendente e o espírito comunicante, é uma viagem singular. Seria interessante se o atendente tivesse consciência de que o amigo atendido é um pedacinho da sua própria alma que ele necessita escutar, compreender, integrar e, principalmente, abençoar. “Abençoar o outro é dizer-lhe uma boa palavra. É privilegiar e cuidar do que, nele, não é doente”, ensinavam os Terapeutas de Alexandria.

Em toda ação terapêutica, atendimento ou conversação, este encontro pode operar uma transformação ou facilitar o encontro do Espírito consigo mesmo.

O atendente é sempre um criador de pontes e a abordagem que faz, no diálogo, precisa abranger luz/sombra, bem/mal, enfim todas as polaridades da existência. É importante também que ele consiga transitar pelas polaridades sem fixação nem preferência, para em algum momento transcendê-las. Encarar a diversidade com leveza e eqüidade.

Engana-se quem pensa que o atendente ou um atendimento possa, como num passe de mágica, iluminar o Espírito. Ele pode, isto sim, facilitar caminhos, indicar direções. Recordemo-nos, todavia, que só podemos facilitar ao outro o crescimento que já logramos em nós mesmos; só podemos conduzi-lo até o ponto em que já chegamos. Não é possível iluminar para o outro uma parte que, em nós, é escuridão. E, para finalizar, elenco abaixo alguns itens que entendo serem importantes para o desenvolvimento dessa atividade numa Casa Espírita:
- Meta: ter bem definido o que você busca e o que o outro precisa.
- Requisitos: estar pronto para ouvir, perdoar e acompanhar, acompanhar e acompanhar. Você poderá se esquecer do Espírito, mas nem sempre ele se esquecerá de você, de suas palavras...
- Quem dirige o processo: você, Deus, o próprio atendido, os Espíritos Mentores e todos que integram o grupo de trabalho.
- Grupo: deve estar em sintonia e em apoio, deixando questionamentos para outros dias, em encontros de avaliação da tarefa desenvolvida.
- Mediunidade: contar com esta ferramenta como apoio não como uma muleta. As qualidades e o desenvolvimento pessoal são imprescindíveis.
- Catarse: é o processo que permite fluir dos porões da alma as dores, dúvidas e mágoas que dominam o coração da criatura que sofre. Mas é preciso cautela nesse processo, seja por sugestão, regressão ou outra técnica. Será que você está pronto e em condições para devassar a intimidade dessa criatura? Sobre o assunto, C. G. Jung elucida que para se obter êxito em ações desse tipo “é necessário uma preparação filosófica totalmente diferente daquela baseada nos pressupostos científicos correntes. Aquele que penetra no inconsciente como simples fato biológico estará fadado a deter-se na esfera dos instintos”. E Lama Govinda, também no Livro Tibetano dos Mortos, diz que: “Aquele que não tiver a mente preparada pode sucumbir se forem abertos os portões da sua subconsciência”.
- Ouvir: é uma ciência e uma arte. Se você conseguir ouvir com o coração, sem julgamentos, nem medos ou preconceitos, poderá realizar um processo de mutação no próprio diálogo, pois devolverá transformada a energia irradiada pela criatura.
- Percepção: operar esta ferramenta através do olhar, da vidência, da clarividência, sem oprimir, imobilizar ou aturdir o Espírito.
- Instrumentos: regressão (indução), choque por ação fluídica (passe), aplicação de chips (monitoração), tela mental (trabalhar a imaginação), condensador ectoplasmático (aparelho citado por André Luiz), etc. O mais eficaz instrumento, no entanto, é a compreensão, o respeito e a singeleza com que você descortina o Universo da criatura, sempre com a consciência de que aquele não é o momento de se julgar, de se exibir nem de derrotar o Mal, mas de resgatar um irmão para o Bem.

O atendimento de espíritos é apenas um episódio; representa uma parcela de um grande processo em que todos nós nos encontramos para realizar a nossa transformação.


por Wilson Francisco

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Sobre o autor
wilson
Wilson Francisco é Terapeuta Holístico, escritor e médium espírita. Desenvolve o Projeto Mutação, um processo em que faz a leitura da alma da criatura e investigação do seu Universo, para facilitar projetos, sonhos e decisões, descobrindo bloqueios, deformidades e medos que são reprogramados energeticamente. Participe do Projeto Mutação confira seus artigos anteriores
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