Este artigo é o primeiro de uma série que tem como objetivo explorar o entendimento sobre o ser humano e seu natural processo de evolução.
Sinto que as pessoas que enveredam pelo caminho profissional da área da saúde, seja emocional ou mesmo física, ou também da área de humanas, necessitam intimamente compreender melhor o ser humano.
Tornam seu ofício aquilo que é necessidade humana e pessoal. Precisam compreender como o ser humano funciona “por dentro” e anseiam por responder algumas perguntas, tais como: por que fazemos o que fazemos? Por que sofremos? Por que ficamos alegres? Por que adoecemos física, emocional e/ou psiquicamente e como se processa a cura?
E todas as outras questões que envolvem o mistério da vida do ser humano.
A necessidade em compreender melhor o indivíduo e em encontrar as respostas para todas as questões existenciais que pululam em sua mente tem raiz na necessidade em compreender-se a si próprio (ou vice-versa?!). Tal imperativo vem de uma necessidade maior, que é a de compreender como e porque se processa a evolução.
Mas, o que faz uma pessoa “profissionalizar” de forma objetiva algo que é natural no ser humano?
Talvez seja uma necessidade premente em aprofundar tal entendimento.
E, por que há pessoas que passam pela vida parecendo estar aparentemente distantes de tais necessidades?
Talvez seja uma questão de foco.
Tanto aquelas pessoas que seguem preferencialmente o caminho para o seu interior, quanto aquelas que percorrem o caminho de seu exterior estão numa mesma busca, que é o desenvolver seus potenciais. Cada um procura ter em sua vida elementos que lhes permitam sentir que está se desenvolvendo. Então, seja tendo o foco no interior ou no exterior, buscamos os elementos que nos ajudem a evoluir; e afinal, a evolução só é possível com o desenvolvimento de nossos potenciais inatos.
Jung, em sua proposta teórica, nos diz que temos duas tendências básicas de personalidade: ou sendo do tipo introvertido ou extrovertido.
Sob este prisma, podemos perceber que temos, naturalmente, dois mundos - o interior e o exterior - e que somos tendenciosos por natureza, ou seja, “elegemos” qual preferir e desenvolver mais.
Segundo Jung, o tipo introvertido seria aquela pessoa que precisa voltar-se para seu mundo interior e explorá-lo, pois os seus referenciais lá se encontram.
Enquanto que o tipo extrovertido experimenta em seu mundo exterior os elementos referenciais dos quais precisa.
Quando, por exemplo, me preocupo com moda, política, esportes, movimentos sociais ou aquisições de bens materiais, estou mais para o tipo extrovertido, pois estou mais voltado para o lado de fora de mim mesmo.
Entretanto, se a minha preocupação está mais para o desenvolvimento da espiritualidade, se me interesso por filosofia ou psicologia, tendo mais para o tipo introvertido, pois meu interesse está voltado mais com o lado de dentro de mim mesmo.
Portanto, o nosso tipo básico de personalidade, seja o introvertido ou o extrovertido, nos diz sobre o foco no qual direcionamos nossa atenção e buscamos ali elementos para a compreensão e exploração de nossas potencialidades inatas.
Quando ficamos por demais voltados para nosso mundo interior, deixamos de manifestar de forma concreta - como a vida aqui no planeta Terra nos permite e exige - tudo o que desenvolvemos em nosso íntimo.
Quando muito nos envolvemos com as exigências do mundo exterior e negligenciamos determinadas facetas internas nossas que precisam ser exploradas e desenvolvidas.
Portanto, seja a qual tipo pertencemos - introvertido ou extrovertido - sempre precisaremos harmonizar os dois mundos - o interior e o exterior. Precisaremos sempre encontrar o ponto de equilíbrio entre o nosso mundo interior e o nosso mundo exterior.
por Maria Aparecida Diniz Bressani
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Sobre o autor
Maria Aparecida Diniz Bressani é psicóloga e psicoterapeuta Junguiana,
especializada em atendimento individual de jovens e adultos,
em seu consultório em São Paulo.