Cristo, em sua grande sabedoria, ensinava que a única forma de nos redimirmos de nossos pecados é ‘amando o próximo como a si mesmos’. Mas, como é que esse conceito, que nos parece tão arcaico nos dias de hoje, pode nos ser útil e nortear nossas ações?
A Bíblia, no Levítico, ensina que os judeus, enquanto vagavam no deserto à procura da Terra Prometida, se comunicavam diretamente com o Criador. Essa Comunicação Divina os orientava de forma a que eles pudessem expiar seus pecados e se purificarem para merecerem essa Terra Prometida. As descrições dos pecados e decorrentes sacrifícios impostos por Deus estão na Bíblia, e estes eram muitas vezes simplesmente sacrifícios de animais, ou seja, sacrifícios da carne, dos prazeres. Mas será que é tudo tão simples assim? Fazemos um pecado, pagamos o devido sacrifício e, vupt, tudo é cancelado?
Eu, particularmente, não gosto da noção de ‘pecado’ e preferiria a palavra ‘erro’. São os nossos erros que devem ser corrigidos, para que possamos desfrutar da Terra Prometida. Ou seja, devemos tentar errar menos para seguir os ensinamentos do Cristo.
Creio porém que devemos observar essas palavras do Cristo, que são as mesmas de todos os outros mestres da Era de Peixes, interpretando-as de outra forma. A mensagem é sempre a mesma: ”Ame seu próximo como a si mesmo”. Mas se seguirmos esse ensinamento ao pé da letra, então estaríamos distribuindo amor e passaríamos o nosso tempo ajudando os outros, talvez, em detrimento de nós mesmos. Quando falei em ‘vampirização’ no artigo da semana passada, estava me referindo também a esse tipo de doação que fazemos, e fazemos, repetidamente, até nos esvaziarmos por completo. E quando estamos vazios, acabamos nos queixando de que ‘o outro’ não nos agradeceu devidamente e nem nos deu o devido valor. Na realidade, nós é que devemos valorizar nossos atos.
Na essência, creio que o ensinamento que devemos retirar das sábias palavras é mais profundo e não trata somente da doação material, mas trata também da doação espiritual. Sabemos que são as nossas ações que determinam as ‘reações’ futuras do universo. É a Lei de Causa e Efeito (uma das Leis Herméticas). Assim, se geramos amor, recebemos amor, se geramos ódio, receberemos ódio. Mas nem sempre as coisas são tão simples assim! Então, se o mundo inteiro gerasse amor universal, se as pessoas cuidassem umas das outras, o mundo seria uma maravilha e nós não precisaríamos cuidar de nossa vida própria, pois haveria outros para fazer isso! Bela utopia, não é mesmo? É claro que as comunidades como o nosso STUM acabam fazendo isso de forma espiritualizada, doando a sabedoria dos seus membros e colaboradores que trocam entre si os conselhos para um viver melhor. E - como o STUM - existem milhares de exemplos no mundo inteiro. Essa doação realmente pode fazer a diferença e tornar o mundo melhor.
Na era moderna, e especialmente no mundo materialista em que vivemos, adaptar o sonho de ‘amor ao próximo’ à nossa realidade é muito, muito difícil. No âmbito familiar podemos nos doar, fazer sacrifícios, e os fazemos na maioria das vezes, de bom grado. Mas, como fazer isso com ‘‘nosso próximo’, ou seja, com nosso vizinho? Para fazer isso devemos, primeiramente, amar a nós mesmos, não de maneira egoísta, mas realista. Amar a si mesmo quer dizer aceitar nossas limitações e também saber reconhecer nossos talentos. Amar a si mesmo quer dizer valorizar e amar cada porção de nós mesmos, seja no físico que no emocional e no espiritual. Amar a si mesmo quer dizer aceitar que somos feitos de uma determinada maneira e que, principalmente, somos dignos de amor, que merecemos ser amados da maneira que somos. Pois Deus nos ama assim, incondicionalmente. Porém, se nós amassemos os outros como amamos a nós mesmos isso talvez não funcionaria tão bem. Vocês já tentaram amar incondicionalmente alguém? E qual foi a sensação? Normalmente fazemos uma grande confusão entre o Amor com A maiúscula e o amor, simplesmente. O Amor com A maiúscula não é o amor do Ego, mas é o amor do Eu Interior. O Amor do Eu é o Amor incondicional. Assim, devemos nos sintonizar com o Eu da outra pessoa, que é na essência o nosso próprio Eu, e assim poderemos Amar da forma como o Cristo nos ensinou. O amor do ego é um amor ‘egoísta’, a própria palavra nos indica isso.
Com esse tipo de amor exigimos do outro aquilo que nem mesmo sabemos dar! E quando fazemos isso nos tornamos egoístas e manipuladores, e muitas vezes entramos numa roda viva de sentimentos confusos, de possessividade, de controle e até de autopiedade, especialmente se a outra pessoa não nos agradece como gostaríamos ou esperaríamos. A “mentalidade de vítima” nos faz dizer: “Eu dou tanto e não recebo nada em troca!”. É esse sentimento que devemos retirar de nosso coração. Esse não é Amor.
Vamos então começar a avaliar a nossa capacidade de amar. Será que amamos somente aqueles que nos amam? Será que, primeiro, fazemos uma avaliação de quem está merecendo o nosso amor e depois amamos? Será que fazemos uma conta de somar e, a cada vez que damos algo, esperamos algo em troca?
Talvez na base de tudo esteja somente a nossa capacidade de nos amar, realmente, como somos. Já que Deus nos ama como somos, pois é assim que ele nos criou, a primeira análise que devemos fazer é esta. Se você se aceitar e se amar, saberá também que da mesma forma, a essência divina mora no outro ser, aquele que você deve amar. Com suas imperfeições, com suas fraquezas, e com seus dons e virtudes também! No exercício do perdão existe uma grande sabedoria: saiba perdoar ao outro porque você estará perdoando a si próprio. Dessa forma dará lugar ao Amor e através dele a Luz irá se manifestar.
Procure não proferir nenhuma palavra de ódio essa semana, procure não julgar os erros das outras pessoas, e procure, especialmente, não fazer uma conta de somar em seus atos de amor. Doe assim, de forma incondicional. Dessa forma estará produzindo mudanças em sua vida, mudanças energéticas que, com a energia de Áries, e sob a influência do Eclipse de soldessa semana, poderão mudar a direção de sua vida. Quando uma Eclipse solar acontece, o cosmo nos indica que devemos fazer uma avaliação da forma como encaramos a vida. O Sol representa nosso lado racional, nossa vitalidade e nossa energia; a Lua representa nosso lado emocional e sentimental, nosso lado anímico. A conjunção dos dois, alinhados com a Terra, deve nos levar a uma reflexão sobre nossas ações, nossas escolhas, nossas emoções e sentimentos e, sobretudo a nossa capacidade de sentir empatia pelo outro, a nossa capacidade de Amar.
Podemos então mudar, porque somos criadores e tudo o que criamos pode ser mudado, se assim o desejarmos. Podemos mudar o ódio em amor, podemos mudar a raiva em compaixão, podemos mudar o sentimento de vingança em perdão. E poderemos, então, amar o próximo como a nós mesmos!