A depressão é tão natural no ser humano quanto o amor. Isso porque a depressão, a revolta e o sofrimento estão relacionados ao amor às coisas, às pessoas, às situações ou a um ideal. Mas, no fundo, o que realmente estamos amando é a nós mesmos mais do que aos outros, isso porque quando amamos alguém ou algo sempre esperamos um retorno, mesmo inconscientemente. Só que nossa mente disfarça esse egoísmo de várias formas. Quando esse retorno não vem - e uma hora ele não virá - sofremos, e uma das formas de sofrimento é a depressão.
O budismo veio para resolver de vez as causas do sofrimento. Então, por que ele não é ensinado nas escolas? Porque o apego é a força motora da sociedade. Seja no trabalho, seja na família. Mas será que o cristianismo, tão difundido no ocidente (e ensinado nas escolas) não poderia resolver? Sim, e o (Caso estejam curiosos: Mateus 5:1 até 6:34.) verdadeiro(*) cristianismo (que não é ensinado nas escolas) nos ensina, assim como o budismo, que estamos perdidos correndo atrás de ilusões, deixando o mundo fenomênico nos guiar quando deveria ser a nossa consciência o verdadeiro paradigma moral e social. Mas só o que aprendemos nas escolas e Igrejas é que Jesus morreu para nos salvar. Puxa, será por isso que o tema da Caverna de Platão também é pouco explorado nas escolas e faculdades? Pode apostar que sim.
Então, por que manter esse status quo e sofrer com a depressão, o "mal do século"? Porque o importante é ter sucesso, ganhar dinheiro e ser popular... e sempre existem as drogas para preencher o vazio. Isso mantém a economia em funcionamento, que é o único motivo pelo qual nós, (Lembram de Morpheus segurando uma pilha?) formiguinhas(*), estamos aqui.
A depressão pode envolver questões genéticas (pais a avós, com tendência), psicológicas (idade avançada, fatos traumáticos), sociológicas (pressão da família, da sociedade), hormonais e fisiológicas (menopausa, depressão pós-parto, falta de sono). Mas também pode envolver questões espirituais, como apego, obsessão e culpa de coisas feitas em vidas passadas. É disso que vamos tratar agora.
Todos nós já tivemos muitas vidas, conhecemos muita gente e fizemos muitas besteiras (e também coisas boas, claro). Estamos aqui tanto para continuar aprendendo a viver com nossos semelhantes, como pra saldar nossas dívidas para com quem ofendemos (lembram do Pai Nosso?).
Viemos para nos harmonizar com o mundo. Harmonizar-se não quer dizer se tornar quem não gostamos, mas conviver pacificamente com eles, apesar deles. Um yogue estará longe da iluminação se algum dia ele não perceber que precisa descer do Himalaia e conviver com a poluição, o trânsito, os aproveitadores, tudo fruto indireto da sua omissão ao isolar-se e não utilizar sabiamente os talentos que a vida lhe deu. Buda fez isso. Jesus, Gandhi, Madre Tereza e muitos outros. O fato é que em outras vidas provavelmente compramos brigas com muita gente vingativa, ou deixamos pessoas em situações espirituais difíceis, ou vários corações partidos para trás, e nossa consciência (em algum nível) clama por resolver essas pendengas.
E assim a consciência culpada pode vir a sabotar a nós mesmos, nesta vida, pra (Na SUA concepção torta de "olho por olho", e não porque é uma Lei Divina, OK? Deus não ganha nada com seu aleijão.) compensar(*) algo do passado, seja num aleijão, ou numa situação social, econômica ou sentimental adversa, etc. E a depressão acompanha, como um indicativo da culpa.
Se um homem fala ou age com uma mente impura, o sofrimento acompanha-o,
tal como a roda de um carro segue o animal que o puxa. (Buda)
Pode-se ter a obsessão, onde a pessoa (insconscientemente) se permite ser obsediada (também por culpa), podendo levar a quadros de loucura com internação.
Por incrível que pareça, ainda acontece muito de negros escravos procurarem seus antigos "senhores" para ajustar contas, seja nascendo na família para reclamar por tudo o que lhe foi negado ou tirado, ou (No caso, o obsessor aproveita a ligação kármica que há entre a vítima e o agressor para botar pra lascar nele, atingindo os centros nervosos, induzindo a uma depressão e conseqüente auto-destruição, gradual (alcoolismo) ou não (suicídio). A defesa pra isso? Virtude. "Quem molesta um homem inocente, um homem puro, sem mácula, o mal volta certo ao bobo, como o pó lançado contra o vento." (Buda)) obsediando(*) do lado de lá. Lembrem que, para a mente humana na espiritualidade, 500 anos pode não significar nada.
Se no passado você desgraçou a vida de uma pessoa, e se hoje você está genuinamente arrependido, geralmente você vai aproveitar uma vida em que você tenha condições materiais para construir e pavimentar uma vida decente para essa pessoa, redimindo assim (em sua consciência) seus erros para com ela, por mais que essa pessoa lhe odeie. Essa pessoa pode vir como seu (O caso dos pais de Suzana Richthofen parece se enquadrar perfeitamente aí. O que não atenua em nada as atitudes dela. Espiritualidade não combina com vingança.) filho(*), como aquele amigo que todo mundo sabe que não presta, mas você o ajuda assim mesmo, ou como aquela garota pela qual você é fascinado, que o despreza e mesmo assim você não suporta que falem nada de ruim dela (e, se preciso for, você se atira na lama pra ela passar).
É tudo uma questão de balanço... Se você foi muito pra um extremo, tende a ir para o outro na tentativa desesperada de compensar. Mas não há nada melhor que o equilíbrio.FILOSOFIA
Nas obras de Tomás de Aquino, quando ele se refere aos sete pecados capitais não inclui a preguiça, como muitos pensam (algo que pode muito bem originar-se da esperteza ou da safadeza), mas sim a acídia, que é uma tristeza interior, uma doença da alma, e não do corpo.
Quanto mais alto se ergue, maior a queda. Geralmente tal depressão da alma pode surgir de um acúmulo de conhecimento sobre o mecanismo da vida. Por exemplo, quando um trabalhador ganha um aumento, ele pode ser bem informado e saber que aquilo já era um direito dele por lei, ou que é apenas uma manobra da empresa pra você não sondar emprego em outros lugares que paguem melhor, ou que você ainda ganha uma mixaria em relação ao mesmo empregado de outro estado. Já um ignorante vai ficar simplesmente feliz. Como diz o personagem Reagan, em The Matrix, "A ignorância é uma bênção". Pode até ser, mas na verdade ela é uma faca de dois gumes.
Quanto mais scientia (conhecimento), maior a depressão:
porque se constata quão deficientes são as coisas do mundo.
(Tomás de Aquino)
A referência de Tomás ao Eclesiastes não é casual: Salomão, que tem "mais sabedoria que todos seus antecessores", verifica - após examinar as coisas mais magníficas - que "tudo é vento" e "quanto mais conhecimento, mais sofrimento".
Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. E apliquei o meu coração a inquirir e a investigar com sabedoria a respeito de tudo quanto se faz debaixo do céu; essa enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens para nela se exercitarem. Atentei para todas as obras que se e fazem debaixo do sol; e eis que tudo era vaidade e desejo vão. O que é torto não se pode endireitar; o que falta não se pode enumerar. Falei comigo mesmo, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; na verdade, tenho tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento. E apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras; e vim a saber que também isso era desejo vão. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta o conhecimento aumenta a tristeza. (Eclesiastes 1:12-18)
Nietzsche e Foucault concordam que a nossa busca pelo saber se dá não pelo amor ao saber (filosofia) mas sim pelo temor ao desconhecido. Assim, atribuímos à ciência o papel de definir o ser humano em suas ciências sociais, como o direito, a economia, a sociologia, a psicologia, etc, independente do que ele realmente representa. E, ao fazer isso, a ciência na verdade CRIA uma realidade, pois ela, assim como nós, não pode penetrar na Verdade das coisas, apenas interpretá-la. E, como é uma interpretação (Sujeita a erros, a interesses escusos, ao pensamento do pesquisador, etc.) superficial(*), mas revestida de caráter quase dogmático, ela se torna pobre e perigosa, pois interpretações diferentes serão vistas como desvios comportamentais, loucura, (Palavra que nada mais é do que "teoria, idéia ou prática que nega ou contraria a doutrina estabelecida (por um grupo)". Isso mostra o quanto um pensamento dissonante do meio é visto como pejorativo.) heresia(*), mentira.
Então, uma pessoa ao ter uma experiência surreal, sobrenatural, que poucos viveram, terá (obviamente) uma visão de mundo diferente de um Carl Sagan, que teve outras incontáveis experiências que essa pessoa não teve, mas em ambiente completamente diferente. Só que, quando a opinião dessa pessoa se choca com a de um cientista, acadêmico ou qualquer título que revista essa pessoa do poder de definir o mundo por nós, pobres mortais, ela perde automaticamente a credibilidade, ou se torna uma visão menor, desvalorizada, simplesmente porque não se pode reproduzir aquela experiência que ela teve em um ambiente controlado, ou repeti-la na frente dessas autoridades constituídas pela sociedade.
E assim, mantemos a Matrix geração após geração, uniformizando o nosso pensamento com uma finalidade: produção, competitividade, superação do semelhante, que é a forma que o sistema encontrou para nos manipular, seja no capitalismo ou no socialismo. Somos bombardeados pela mídia com coisas que queremos comprar, mas não temos dinheiro. E vem a sugestão: quer se tornar rico? Jogue na loteria, consuma no cartão de crédito pra ganhar prêmios, seja mais "esperto" que o outro, pise na cabeça do seu colega de trabalho, entre pro PCC, prostitua-se.
Onde estão os valores espirituais na mídia? Onde estão doutrinas que libertam dessa cadeia de desejo e sofrimento, como o Budismo, ou mesmo o cerne da doutrina cristã? Será que encontramos valores espirituais que poderiam abrir nossos olhos nos programas de pastores evangélicos, ou na missa do domingo? Ou só vemos um paliativo pra nossas dores, com um preço a pagar: junte-se a nós e seus problemas acabarão. Em nenhum momento as causas da depressão são sanadas, ao contrário. Você quer ter aquele amor? Venha ao culto tal, ou acenda a vela de tal cor, ou tome banho com a erva tal, ou dê três pulinhos numa noite de lua cheia! Você quer prosperidade profissional? Faça isso, faça aquilo... Sempre o QUERER acima do SER.
No próximo artigo, veremos algumas dicas de como escapar dessas armadilhas.
por Acid
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Sobre o autor
Acid é uma pessoa legal e escreve o Blog www.saindodamatrix.com.br "Não sou tão careta quanto pareço. Nem tão culto. Não acredite em nada do que eu escrever. Acredite em você mesmo e no seu coração." Email: Visite o Site do Autor