Se você tivesse que compor mentalmente a imagem de um gênio, que idade teria essa criatura? Pena que esse espaço virtual não seja uma banca de apostas, porque se fosse, eu apostaria 10 contra 1 que sua imagem seria a de um ser muito jovem, transbordando energia e não a de uma vetusta e senhorial figura de cabelos brancos... é, aposto que eu ganhava!
A gente costuma associar a genialidade com talentos inatos, coisa de juventude em oposição à experiência, à disciplina ou ao trabalho árduo... e talvez estejamos muito errados. Pelo menos, é o que sugerem os estudos de um economista de Harvard, David Galenson, que já publicou vários livros sobre o assunto e foi matéria da Wired, a mais celebrada revista de tendências e de tecnologia. Tão apaixonado por artes plásticas quanto obcecado pela pergunta: “afinal, como funcionam as mentes mais criativas do planeta?”, Galenson levou anos estudando a vida e as obras de artistas famosos e criando gráficos e tabelas para tentar demonstrar que existem ao menos dois tipos de gênios, os conceitualistas e os experimentalistas.
Conceitualistas, segundo o economista americano, são aqueles que produzem suas melhores obras aos vinte ou trinta anos, enquanto experimentalistas seriam os gênios tardios, cujas obras-primas surgem na meia idade ou mesmo na velhice.
Os conceitualistas constroem o projeto mentalmente e o resto é só “execução”. Eles já começam as coisas sabendo exatamente o que querem e onde querem chegar. Já os experimentalistas constroem suas idéias literalmente colocando-as em prática. Para eles, criatividade é algo que nasce da experimentação e da execução disciplinada de um projeto. Picasso era um conceitualista revolucionário que com 26 anos rompeu com as categorias artísticas da sua época e criou a “Demoiselles d’Avignon”, considerada um de suas obras-primas. Cézanne era um inovador experimentalista que custava muito a colocar sua assinatura nas obras que produzia e cujas obras-primas, suas naturezas mortas, foram criadas no ano de sua morte: 1906.
Na prática, as observações do professor Galenson revelam que, se de fato, muitos de nós são gênios juvenis, inatos, bem de acordo com nossa imagem pré-fabricada do início deste artigo, outros precisam apurar sua criatividade com tempo e experimentação e só ao longo desse processo conseguem fazer nascer as idéias, obras e projetos inovadores ou revolucionários que vão deixar sua marca no mundo.
Por isso, minha amiga, se você anda assim cansada, achando que já fez o que tinha que fazer, que a vida já esgotou com você seu infinito repertório de surpresas e agora é só sentar e esperar pelo final, pense de novo.... quem sabe você não está abrindo mão do seu maior talento e da oportunidade única de realizar algo único, de cumprir afinal com beleza e elegância, seu destino humano peculiar e que só você é capaz de fazer...
E então, que tipo de gênio você acha que é?
Mulheres geniais de qualquer idade
Adélia Prado... mais de 40 quando publica seu primeiro livro, “Bagagem”.
Lia Luft também tem mais de 40 quando publica seu primeiro livro de contos, “Matéria do cotidiano”.
Cecília Meireles tinha mais de 30 quando escreveu “Viagem” (1939), considerado um marco na sua obra e pelo qual recebeu o prêmio de poesia daquele ano da Academia Brasileira de Letras.
Tarsila do Amaral tinha já tinha passado dos 40 quando casou-se com Oswald de Andrade e pintou o Abapuru.
por Adília Belotti
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Sobre o autor
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM. Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma. Email: [email protected] Visite o Site do Autor
Publicado dia 7/14/2006 11:23:26 AM em Autoconhecimento
