Felicidade é o quê? Alguns momentos raros, perfeitos? Uma vida boa e útil? Alegria? Contentamento? Paz? Felicidade é o quê?
Adorei o artigo do caderno Mais da Folha de São Paulo deste domingo, dia 27 de agosto, Alegria, Alegria! Mas o assunto anda mesmo constelado e aqui e ali você vai trombando em discussões e novas reflexões sobre o tema.
A vantagem do artigo de Filita Clark, originalmente publicado no Financial Times são as referências inúmeras a livros e trabalhos de superacadêmicos que resolveram colocar seus privilegiadíssimos cérebros a serviço da descoberta da resposta certa e inquestionável para a pergunta: o que é a felicidade?
Uma das primeiras e mais importantes constatações dos pesquisadores da chamada “pesquisa da felicidade”, segundo a autora, foi que “vantagens ambientais e demográficas, como saúde, prosperidade, juventude e sol são menos importantes do que imaginamos”.
Uma vez garantida uma espécie de piso mínimo de conforto, essas vantagens perdem feio para a capacidade de criar e manter vínculos sólidos com os outros. E, na prática, isso quer dizer que pessoas capazes de se envolver com seus parceiros, seus amigos, sua comunidade são mais propensas a se sentirem e a se definirem como “felizes”.
Vendo o programa da BBC, “O que nos torna felizes”, descubro que os cientistas parecem velhas avós sábias, mexendo em suas panelas, quando o assunto é felicidade. Seres humanos precisam amar, e serem amados é o primeiro ingrediente da receita, dizem. Os estudos comprovam que ter amigos melhora até mesmo nossas respostas imunológicas!
Além de bons amigos, filhos, parceiros, as pessoas felizes compartilham o sentimento de que, apesar de todas as tragédias, do sofrimento, das injustiças, a vida humana precisa ser vista de uma perspectiva maior. Sentir-se parte de um projeto que ultrapassa as fronteiras do pessoal é o outro ingrediente na receita da felicidade. E aí entram as religiões, é claro, mas também o sentimento compartilhado de que é no âmbito do coletivo que uma parte importante de nós se resolve. Palavras como generosidade, serviço, compaixão, ajuda, solidariedade, preenchem, com uma dimensão nova, os espaços do nosso cotidiano.
Por último, no caldeirão da sopa da felicidade entram os sonhos, os planos e os projetos. Somos da mesma matéria de que são feitos os sonhos, disse Shakespeare, através do personagem Próspero na Tempestade, (IV, i, 156-157). E é essa vocação para tecer sonhos na realidade que completa a receita para uma vida feliz. Porque felizes são as pessoas que conseguem sonhar, acreditar no futuro e plantar hoje as sementes do amanhã.
Bons amigos, bons propósitos, sonhos compartilhados... É ou não é uma receita de avó sábia?
O que você quer fazer?
- Navegar pela página de Jonathan Haidt, psicólogo da Universidade de Virgínia e autor do livro The Happiness Hypothesis (em inglês)
- Assistir ao especial sobre Felicidade na BBC (em inglês)
- Brincar na página de Daniel Gilbert, autor do livro Stumbling on happiness? (em inglês)
por Adília Belotti
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Sobre o autor
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM. Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma. Email: [email protected] Visite o Site do Autor