O exercício da mediunidade pode ser transformado numa investigação - numa busca da verdade, revelando e disponibilizando um outro mundo - novas e diferentes energias.
É instigante e até excitante estar em contato com este outro mundo, desconhecido, impalpável e impermeável às ações físicas dos seres humanos desprovidos deste dom da intermediação.
O médium é um ser cuja constituição psíquica é permissiva aos fenômenos psíquicos. O seu histórico pré-encarnatório e atual é composto de episódios psíquicos prenunciadores e predisponentes à mediunidade.
Em virtude de o mundo sobrenatural ser inacessível ao homem comum, o médium aparenta ser um ente meio divinizado, um universo fenomenológico que atrai ou estimula o sonho, podendo tornar-se, então, um mito.
Por outro lado, o médium é um astro, pois interpreta este outro mundo. É portador de uma especialidade psíquica - de uma genialidade incomum...
Mas estas ocorrências podem fragilizar a sua estrutura, enquanto homem ou mulher com vida e compromissos sociais como qualquer mortal.
É fascinante o instante da ação mediúnica no Centro Espírita, com todos envolvidos num clima de mistério ante o "contato" que está por acontecer. É um momento solene. A hora de se despojar e de se expor. Deixando de ser e ter para que alguém, o Espírito comunicante, possa ser e possa ter.
Há, ainda, as idéias dos companheiros de equipe, o "jeito" do dirigente, que vai conduzir aquele encontro, que vai estabelecer as regras do jogo que se vai jogar.
O espírito comunicante representa o outro lado da história, com suas emoções e buscas. Às vezes, nem ele sabe de onde vem e porque vem. É um ilustre desconhecido, ou sente que é a “ovelha desgarrada” que tentam recolher ao aprisco. Resiste às mãos estendidas em certas ocasiões e, noutras, rende-se e desaba à procura do "colo" confortável que lhe dê alivio às dores.
O médium, instrumento principal dessa fenomenologia, nem sempre é uma pessoa especial, dotada de sabedoria e virtudes. Envolvido nesse processo que atrai por conquista ou necessidade, ele passa por uma catarse, sabatinado pelas informações e lições que veicula, transmitidas pelo mundo dos "mortos".
Se o processo se encerra aí, na fenomenologia, o médium terá reduzidas chances de modificar sua história. Será portador de mensagens qualificadoras, proporcionará o resgate de almas e homens, mas ele próprio ficará intacto - “imexível”.
Agora, se ele incorporar não só o Espírito, mas também todo universo de informações - lições e ações daquele fato e daquele ser, então poderá entrar na "roda das transformações", migrando da condição de mero interprete e instrumento, para o estágio de agente do Bem, que é o objetivo fundamental da mediunidade em nossas vidas.
Eu disse acima sobre o fato de que o médium, ante o Espírito comunicante, no ato mediúnico, precisa se expor - despojar-se, deixando de ser e ter. Sabe-se que a qualidade fluídica e a clareza informativa, tanto quanto a profundidade formativa dependem do despojamento. O médium entrega, abre espaço, cede seu universo energético, emocional, espiritual e físico, para que outro ser ocupe seu lugar.
Se ele não deixa de ser e de ter, se age sem resignação e humildade, o intercâmbio sofrerá limitações. O espírito comunicante será oprimido, reduzindo e desqualificando este majestoso acontecimento. Caso lhe seja difícil compartilhar seu universo - suas idéias e sentimentos, se transfigura o fato mediúnico numa ocupação indevida de espaço... E convenhamos, uma pessoa que na vida diária não é solidária e nem tem disponibilidade para servir, quando envolvida numa situação de tamanha perplexidade e sutileza, fatalmente desabará, pesadamente, na sua própria fragilidade.
E, por fim, podemos destacar como oportuno, que o médium e todos que se envolvem na mediunidade, poderiam examinar melhor cada detalhe, na performance do médium, o que ele sente e vê e as sensações decorrentes do contato com este outro mundo, para extrair daí aprendizado para suas vidas.
Na verdade, a beleza da mediunidade está nos resultados e efeitos na vida do ser humano. Sem isso, será simples fenomenologia, que deslumbra os olhos, mas não toca o coração.
por Wilson Francisco
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Sobre o autor
Wilson Francisco é Terapeuta Holístico, escritor e médium espírita. Desenvolve o Projeto Mutação, um processo em que faz a leitura da alma da criatura e investigação do seu Universo, para facilitar projetos, sonhos e decisões, descobrindo bloqueios, deformidades e medos que são reprogramados energeticamente.
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