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O trânsito pelas religiões, caminho de todos nós

O trânsito pelas religiões, caminho de todos nós
Publicado dia 12/28/2006 2:04:16 PM em Espiritualidade

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Me baseio principalmente no Espiritismo quando realizo experimentações ou quando atuo como Terapeuta Holístico, porque foi nessa fonte que eu consegui recursos e ferramentas para minha iniciação espiritual. No entanto, confesso que durante a minha vida agreguei valores, informações e diretrizes de muitas outras doutrinas e religiões.

Aprendi na Umbanda muito sobre a humildade, com as atitudes do Sr. José e Dona Mariquinha, duas criaturas extraordinárias que eu conheci em Guarulhos. Eram os donos de um Terreiro e sempre estavam prontos e disponíveis para colaborar e esclarecer todos que os procuravam. Aceitavam a minha participação nas sessões, sem qualquer restrição. Foi junto deles que aprendi a trabalhar mediunicamente com os olhos abertos e andando. Assim, à primeira vista isso pode parecer simples, mas não é. Exige muito controle e perfeita sintonia. Numa atividade de cura e consciência mediunica que realizamos em Itapeva, trabalhava conectado mediunicamente com o Chinês durante várias horas, para atendimento dos doentes, sem qualquer desgaste e nem perda de conexão. Neste casal eu vi o exemplo de uma mediunidade autêntica e voltada para o bem público.

Uma outra experiência que favorece bastante em minhas atividades é o contato com os evangélicos. Toda a família da minha mulher é evangélica e nela há inclusive pastores. Noemia, minha cunhada, é missionária. Já tivemos uns contratempos, coisas de parentes, mas, apesar de algumas diferenças, tenho absoluta confiança na sua mediunidade. Para ela, todavia, o que se dá é a revelação do espírito santo, questão de palavras. Um dia, fui jogar bola com meus primos e fiquei machucado. Logo que a Maria, minha mulher olhou para minha perna disse, “estou vendo (ela é vidente) uma nuvem negra e se você não se cuidar, isso vai virar uma ferida grande”. Fiz tudo que aprendi, energização, passei a pomada do vovô Pedro (pomada espiritual), visualizei cores, etc. e tal. E o processo estava lá, sem se transformar. Resolvi pedir para a Noemia uma oração. Minha cunhada veio rápido, pois esses apelos, para ela, significam que minha fé está vacilante, frágil. Logo que chegou, olhou a minha perna (ela também é vidente, mas diz que recebe revelações do Espírito Santo). Ela disse: tem algo estranho nessa ferida, é coisa do demônio, e se pôs a orar e untar o machucado com óleo. No dia seguinte, minha perna estava limpa.

Por volta de 1970 eu estava me recuperando de uma cirurgia e ao tomar uma injeção a agulha ficou no meu braço (naquela época ainda não se utilizavam seringas descartáveis, como hoje). Fui para uma clinica da Vila Maria e lá o médico realizou uma micro-cirurgia, para tirar a agulha, mas não obteve êxito. O objeto de aço estava se movimentando e se passasse mais tempo poderia afetar o osso e daí surgir uma situação mais grave, até mesmo a necessidade de amputação do membro. Meus pais estavam na sala de espera, enquanto minha irmã, a enfermeira e o médico tentavam encontrar a agulha. Num dado momento, minha mãe (é médium vidente e audiente) ouviu o seguinte: “O Dr. Bezerra de Menezes vai cuidar desse caso”. Logo que ela “ouviu” esse recado, minha irmã, da sala de cirurgia veio correndo avisar que a agulha tinha sido encontrada. Dizia ela: “a enfermeira estava do meu lado e ao virar o braço do Wilson, viu a agulha apontar, como que empurrada de dentro para fora”. Não, não foi coincidência, foi uma ação espiritual autêntica de um Espírito muito bom que na Terra foi denominado o “médico dos pobres”.

Essas ocorrências mediúnicas são importantes, demonstrando que a ação dos Espíritos é eficaz e envolve pessoas de diferentes credos, sempre procurando mostrar a verdade que o Espiritismo ensina, desde 1857. E por isso, até hoje exerço a mediunidade. Como Terapeuta Holístico passei a entender com mais amplitude o conceito de integração corpo – mente – espírito. Na verdade, como aprendemos na Doutrina Espírita, é importante voltarmos nossa atenção para a vida espiritual, mas na holística, entendi que o Espírito dificilmente realiza uma vida espiritual como encarnado na Terra, se não abrir canalizações, modelar seus olhos, seus ouvidos, sua fala e seus membros para que possa expressar a sua espiritualidade. E tanto a abertura de canalizações como a modelação de atitudes fisiológicas também podem auxiliar a criatura na vida após a morte, pois esse processo de espiritualização do corpo, facilitará, quando do desencarne, o desligamento do Espírito.

Mais recentemente, conheci o Xamanismo, numa experiência inusitada ocorrida numa sessão de experiências mediunicas, no Centro Espírita Evangelho em Ação, onde ministrava cursos de Espiritismo. Uma das médiuns, ainda iniciante, sentiu que alguém passava uma pena em seu rosto, causando-lhe uma sensação boa, de relaxamento. Enquanto ela me dizia isso, a Maria veio me informar que estava na reunião um grupo de Espíritos, com características indígenas. Eles pediam permissão para observar a reunião e realizar algumas experiências. Falei para a moça que eu não sabia o significado daquele fato, que iria procurar explicações e no próximo encontro traria a resposta. Na semana seguinte, estava no centro de São Paulo e fui até um sebo (loja de livros usados) e ao entrar na loja vi na prateleira o livro Curandeiro Nativo. Adoro ler, mas aquele livro como que me hipnotizou, fui até o balcão, comprei e fui embora. Ao voltar para casa, logo que sentei no ônibus, abri o livro “ao acaso” e na página aberta pude ler o seguinte: nas experiências Xamânicas, os índios se utilizam da pena de pavão para tocar o rosto dos sensitivos e com isso facilitar o transe. Fiquei feliz, a resposta veio mais rápido do que eu imaginava e a partir daí passei a pesquisar e estudar sobre Xamanismo.Conheci Tia Zaíra quando ela realizava em sua casa na zona Sul encontros para tratar de assuntos da espiritualidade. Ela não tinha religião, adotava para si os conceitos de Sri Ramana Maharishi. Todo sábado reuniam-se em sua ampla sala pessoas de todo tipo, jovens e adultos, viciados e iniciantes religiosos, enfim não havia restrições. Ela falava sobre a vida espiritual, comportamento e tantas outras coisas. De vez em quando ela indicava com carinho um de nós e dizia que estava “vendo” uma energia vindo de nossa alma e nos falava de coisas íntimas, sonhos e decisões necessárias para nossa saúde e paz. Insistia sempre para que nunca fizéssemos julgamentos, dizendo que quando apontamos um dedo para uma pessoa, os outros três dedos estão apontando para nós mesmos. Era delicioso ouvir sua voz e sentir aquela alma branda e enérgica que nos guiava para a consciência espiritual. Naquela época eu estava meio desligado do movimento espírita, sem qualquer atividade mediúnica e com interesse de realizar outras experiências. Um dia ela me disse: Wilson, fique tranqüilo em relação à sua mediunidade e o Espiritismo, inclusive; quando você sentir a presença de seus amigos do lado de lá, permita que eles venham nos falar suas experiências. Mas, o seu caminho é o Espiritismo. Participei por alguns anos desses encontros, nunca tive nenhuma manifestação mediunica, mas aprendi muito com ela. Um pouco antes de eu me desligar do grupo ela me confidenciou que ainda não era hora de eu transitar para as doutrinas esotéricas.

Em 1975 eu participava do CMA – Circulo dos Missivistas Amigos, com sede em Volta Redonda (RJ) – dirigido pelo Denir Lopes. Éramos um grupo de amigos, a maioria espíritas, mas a atividade era de amor fraternal, sem fronteiras nem paradigmas ou vínculo religioso. A meta do grupo era levar uma palavra de apoio e resgatar a dignidade nas criaturas que estivessem cumprindo pena nas cadeias ou internadas em hospitais. Um dos baluartes desse grupo era a Irmã Monica Maria, freira que residia em Londrina. Todos os casos mais difíceis (motins nas cadeias, doenças terminais, iminências de suicídio) a gente mandava para ela. Um dia, pedi que ela desse assistência para uma mulher hospitalizada, ela me respondeu nas costas de um folheto distribuído pela Sociedade Bíblica do Brasil: “Wilson, aceitei com alegria corresponder-me com a Joaquina. Hoje escrevi-lhe a primeira carta... Vamos rezar, pois só a oração fará o “pincelzinho de Deus” (nós do CMA) atingir as almas que sofrem... Aceite da sua velha irmã em Cristo, um abraço bem amigo” Irmã Monica.

E no mesmo folheto, na mensagem cujo título é Sublime Ideal, ela sublinhou no texto o seguinte: “Procure se manter sempre em exercício espiritual para progredir na sua vida cristã”. Ela não sabia, mas naquela época eu estava num grande conflito em relação à minha atividade espiritual. E essa sinalização singela foi uma resposta importante para que eu pudesse, com coragem e humildade, definir meus futuros passos.

Como se pode observar, a espiritualidade não tem vestimenta religiosa, ela transcende tudo e todos e entendo que as religiões e doutrinas organizadas na Terra pelos seres humanos são apenas caminhos através dos quais podemos descobrir nossos talentos e criar a consciência sobre Deus, para que possamos resgatar em nós a essência divina que é um talento recebido do Universo. Compete a cada um de nós descobrir este talento e desenvolvê-lo para que se transforme num instrumento que nos traga paz, coragem e saúde.


por Wilson Francisco

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Sobre o autor
wilson
Wilson Francisco é Terapeuta Holístico, escritor e médium espírita. Desenvolve o Projeto Mutação, um processo em que faz a leitura da alma da criatura e investigação do seu Universo, para facilitar projetos, sonhos e decisões, descobrindo bloqueios, deformidades e medos que são reprogramados energeticamente. Participe do Projeto Mutação confira seus artigos anteriores
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