Como seria o mundo sem nós? A pergunta, antes do café da manhã, lembra o conselho da Rainha de Copas para Alice, lá no País das Maravilhas: "treine, treine e, com a prática, você vai conseguir acreditar em pelo menos seis coisas impossíveis antes do primeiro gole de café”...
A gente tem uma tendência - bem típica, aliás, de quem vive de olho no próprio umbigo - de associar nosso destino ao destino do outro. "Outro" aqui pode ser qualquer um, do parceiro, ao vizinho, ao estrangeiro, ao planeta...
Quando ouvimos os alertas ambientalistas, essa nossa tendência de reagir a tudo a partir de um ponto fixo no Universo, que somos nós mesmos, faz a imaginação viajar por uma terra devastada, vazia de humanos, vazia de VIDA... no fundo, funciona como uma espécie de consolo perverso: sem nós, a Terra é morta, afinal, não somos os grandes "artífices do mundo, ápice da Criação, ponto culminante de toda a evolução"? Pois é, a má notícia para nosso orgulho é que... NÃO!
O jornalista Alan Weisman depois de muitas viagens e de dezenas de entrevistas com cientistas de todo o planeta, desenha um futuro muito diferente para a Terra sem nós: em algo como 500 anos - o que convenhamos, em escala planetária é menos que nada - as marcas da nossa presença por aqui teriam quase que desaparecido, mesmo as ruínas dos nosso colossos arquitetônicos estariam cobertas pela exuberante presença da Natureza liberta de nós!
Em vez do deserto triste do Planeta dos Macacos, a teia da vida se refazendo em coloridas e exuberantes versões, em vez de nuvens pestilentas, o ar de novo puro, que sopraria para longe as marcas do longo inverno químico que marcaria o planeta logo após nossa aventura por estas paragens terminar.
Apenas mais uma espécie extinta... é isso que seríamos. O que, cá pra nós, é uma idéia bastante irônica se a gente imaginar quantas outras espécies a nossa predatória presença tem colaborado para extinguir!
O fato é que, mesmo sugada por nós, sujada por nós, maltratada por nós, a Terra, sem nós, aos poucos, renasceria.
Por isso, melhor guardar a arrogância no fundo da mala e adotar uma prática mais humilde de convivência com o planeta. Porque no fundo, no fundo, "a Natureza", como conclui o repórter do Estadão, "aguenta todas as nossas agressões. Nós, não".
Veja no site do projeto O mundo sem nós as simulações visuais do impacto da nossa ausência na vida do planeta.
por Adília Belotti
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Sobre o autor
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM. Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma. Email: [email protected] Visite o Site do Autor