Quando coloquei pela primeira vez os pés nesta terra abençoada chamada Brasil, mesmo tendo antes buscado muitas informações e referências sobre usos e costumes, confesso que fiquei fascinado, chocado, arrebatado... sim, fui como que seduzido - desembarquei no Rio de janeiro - por uma infinidade de aspectos que mal podia conceber. Magia pura! Estava - percebo agora - começando a aprender o que é de fato o sentir, o intuir, acostumado a utilizar somente o limitado raciocínio lógico...
A beleza natural sem fim, os seus habitantes abertos, expansivos, comunicativos; os sons e as cores vivas e vibrantes das casas, das roupas... e mais algo que nunca antes tinha presenciado: a mistura de raças, formando este tecido tão variado, transformador e único.
Claro, havia também o calor, o sol a pino, inundando tudo de luz durante o ano inteiro, a música de ritmo diferente e que falava ao coração; pratos típicos de uma simplicidade e criatividade extraordinárias, frutas generosas, saborosas e tão baratas que um europeu como eu corria sérios riscos de não conseguir - literalmente - parar de comer...
Mas o aspecto mais marcante mesmo, era que aqui eu finalmente me sentia livre. Experimentava, enfim, a possibilidade de ser eu mesmo, de me encaixar neste ambiente luxuriante, expressando minha unicidade, trocando à vontade opiniões e experiências; manifestando sem medo de críticas ou represálias meus pontos de vista (obviamente deixando de lado os aspectos políticos - que desconhecia - daquele período escuro de regime militar, com os evidentes e graves efeitos negativos sobre a população como um todo). Podia (e posso ainda) me vestir do jeito que quisesse, sem me sentir um ET, acostumado que era a ter que me encaixar num padrão de vestimenta definido e padronizado.
Católico, que estava, descobri logo que os devotos daqui eram muito diferentes daqueles do outro lado do oceano e, sobretudo, muito diferentes dos italianos, que recebiam diretamente a influência e a ingerência do papa. Era fabuloso ver amigos e amigas ir à missa aos domingos, mas nem sempre, pois nos feriados, ou em outras ocasiões, a turma esquecia da igreja e o culto à natureza se tornava a religião predominante...
Também me impressionava a amistosa convivência com outras religiões animistas e espiritualistas... lembro com saudade (a última vez foi no reveillon do milênio em 1999 e propiciou o nascimento do STUM) da indescritível passagem do ano em Copacabana, com o esplendor de um sem-número de rituais homenageando Iemanjá, a Rainha do Mar, com uma multidão, a maioria de branco, reunindo-se em paz e harmonia na praia, gerando uma energia tão suave e amorosa que cativa e captura amorosamente a Alma de todos os presentes.
Por que será que estou escrevendo tudo isso? Creio que muitos já tenham percebido a essência deste longo prólogo... É o seguinte: estamos vivendo mesmo "num país abençoado por Deus e bonito por natureza".
Agora finalmente sei por que estou aqui, o motivo de ter escolhido vir morar neste país. Aqui acontece a verdadeira transformação, a mudança de padrões, a Nova Era é no Brasil. Um movimento real que floresce e se expande, ajudado pela energia que está no ar, o abundante prana, o princípio da vida que a luz forte espalha em todo canto da nação. Aqui o terreno sempre esteve fértil, propício e farto. Um lugar aberto a novas posturas mais profundas e justas. Um lugar onde a verdadeira espiritualidade se encontra firme e forte enraizada num contingente imenso de almas que com sua energia carrega luz e compaixão; deixando menos pesado o fardo para tantas pessoas que se encontram no limiar da sobrevivência, vítimas de um materialismo selvagem que seguramente já está concluindo seu ciclo nefasto, mostrando que nenhum sistema de governo pode sobreviver sem o Amor como princípio e fim de tudo.
A mensagem de hoje é um hino ao amor, mais um. Um lembrar que estamos no caminho certo, que - sim - estamos em processo de mudança profunda. Que podemos ser também um agente de mudança, com nossas atitudes, gestos, palavras, e-mails, textos, abraços, sorrisos e lucidez.
Basta olhar para trás, procurar nas gavetas, nos armários, na estante, e ver como o que vestíamos, líamos, comíamos, foi deixado, substituído e reavaliado. Basta procurar na evolução de nossas relações pessoais, na maneira de educar nossos filhos, na capacidade que temos, cada vez mais, de expressar nossos sentimentos, nossas idéias e crenças.
Mudamos. Mudamos de verdade e o processo ganha mais ímpeto e sintonia a cada dia, a cada momento. Recebemos do plano espiritual mais e mais intuições, dicas, informações e conseguimos, do velho, recompor algo novo. É como um renascimento; é um parto, o de um novo ser, livre de condicionamentos, conceitos furados e preconceitos. Um ser de Luz, que está latente em cada um de nós, esperando somente que passemos a manifestá-lo, assumindo nosso poder inato, nossa verdadeira força!
Façamos então nossa parte, com fé, alegria e perseverança. Utilizando sempre, para enfrentar cada situação nova, a velha pergunta: "O que o Amor faria"?