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Dúvidas do cotidiano - Parte 1

Dúvidas do cotidiano - Parte 1
Publicado dia 9/19/2008 12:51:33 AM em Psicologia

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Crescemos acreditando que o sexo e o amor andam juntos. E agora, como fica se o que observamos é bem diferente? Como explicar que a maioria dos machões que tanto desejam as mulheres são mesmo é chegados nos homens com quem bebem, confidenciam e se gabam de suas “conquistas” nas mesas dos bares? Como explicar que a maioria dos homossexuais sejam tão íntimos das mulheres e que sintam desejo pelos homens - em especial por aqueles que não são homossexuais explícitos - com os quais têm um relacionamento tenso e cheio de hostilidades recíprocas?
Resposta: Tudo nos leva a pensar que, em nossa cultura, a sexualidade está mesmo é associada à agressividade e não ao amor e à amizade. Temos que parar de nos iludir e observar os fatos: o jogo de conquista e sedução é extremamente violento, de modo que podemos concluir que tesão e ódio andam juntos.

Afinal de contas, porque as mulheres se interessam tanto em colocar próteses de silicone em seus seios se a maioria dos homens não gosta do efeito táctil que elas provocam?
Resposta: A prótese provoca um efeito visual interessante, especialmente quando a mulher está com uma roupa decotada. Pode despertar o desejo visual masculino, prometendo algo que será um tanto frustrante na intimidade. Parece que despertar o desejo visual à distância é percebido como mais importante do que agradar o parceiro. Além do mais, as mulheres assim “turbinadas” podem se sentir por cima de suas concorrentes.

Se um homem – ou uma mulher – se encanta por um dado parceiro em virtude do seu modo de ser, porque é que depois, ao longo do convívio, insiste tanto para que ele se modifique?
Resposta: Nos encantamos por alguém por causa da admiração que suas qualidades nos provocam e também por causa da presença de alguns defeitos que nos permitem alguma defesa contra uma intensidade amorosa que não seríamos capazes de suportar. As qualidades nos atraem enquanto que os defeitos nos afastam. Resulta um grau de intimidade que toleramos. O parceiro sabe que não poderá se modificar porque isso determinaria um desequilíbrio perigoso para a continuidade do relacionamento. O casal briga bastante e tudo fica exatamente como está!

Afinal de contas, o que uma mulher pretende quando usa, por exemplo, uma bolsa de grife, uma daquelas muito cobiçadas em virtude de estarem na última moda e serem caríssimas?
Resposta: Os motivos podem ser variados, mas a única coisa indiscutível é que uma bolsa não provoca os olhares masculinos da forma que uma calça velha e justa pode fazer. Não conheço muitos homens que se sentem atraídos por mulheres em virtude de suas bolsas. Elas são, mais que tudo, símbolos de poder, de modo que suas “donas” são imediatamente percebidas como pertencentes à classe dominante – e, é claro, tratadas como tais. Não há dúvidas que a maioria das bolsas são muito belas, mas são usadas mesmo é para definir status social e também para provocar a inveja das outras mulheres.

O que leva uma pessoa a quem ajudamos muito, que morou em nossa casa por um bom tempo e a quem demos todo o tipo de apoio moral e material, a desenvolver tamanha raiva contra a gente? Ela não deveria ser reconhecida e grata?
Resposta: Outro dia, lendo a resenha de um livro, o autor citou Cícero (orador e político romano do século I antes de Cristo), que dizia que a gratidão é a maior de todas as virtudes. À primeira vista, pode parecer um exagero, já que aprendemos a pensar que todos aqueles a quem ajudamos não farão mais que a obrigação de nos serem gratos. Mas a verdade, a regra geral, é que aquele que recebe favores materiais ou ajuda emocional costuma desenvolver enorme hostilidade contra nós. A ingratidão é “filha” da inveja. É assim: aquele que recebe se sente por baixo, humilhado. Como precisa receber, não tem outra escolha e aceita o que estamos oferecendo. Quanto mais receber, mais humilhado e ressentido ficará. Acabará arranjando algum pretexto e se afastará, nos agredindo e nos acusando de algo que não fizemos. É preciso pensar duas vezes antes de decidirmos ajudar alguém!

por Flávio Gikovate

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Sobre o autor
flavio
Flávio Gikovate é um eterno amigo e colaborador do STUM.
Foi médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.
Conheça o Instituto de Psicoterapia de São Paulo.
Faleceu em 13 de outubro de 2016, aos 73 anos em SP.
Email: [email protected]
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