Veja a seguir o que diz Dr. Marcelo Peçanha de Paula sobre o desafio de criar um som neuroacústico para estas imagens
“Este trabalho em parceria com a Izabel, a inclusão da Neuroacústica à sensibilidade e experiência dela com imagens, me trouxe grandes desafios. Sempre fui acostumado a restringir meus conhecimentos sobre o assunto dentro de laboratório de áudio, meu consultório e algumas poucas apresentações em eventos de musicoterapia e psicologia. Uma oportunidade de levar bem mais além os benefícios dos estímulos auditivos e seus efeitos na mente humana me trouxe alguns receios.
Certa vez, em num de nossos encontros, Izabel me fez perceber que não ter caixa postal no meu celular só poderia vir de uma pessoa que não queria ser encontrada. Seu comentário ficou reverberando em minha cabeça por vários dias e acabei concluindo que ela estava certa e que, agora, a próxima pergunta era: por que? Minhas conclusões apontavam para um perfeccionismo que ansiava por garantias contra críticas.
Ao longo dos últimos doze anos ou mais, venho assistindo transformações ocorrendo em meu consultório e também fora dele, muitas das quais atribuídas aos efeitos terapêuticos do uso dos discos contidos no Kit Neuroacústica de Estimulação e Integração dos Hemisférios que comemora dez anos de existência. Já vi profissionais das mais variadas áreas da saúde atribuírem inúmeras conquistas com seus pacientes, sendo inegável a relação dos efeitos positivos destes estímulos auditivos. E mesmo assim, eu continuava escondido nos recôncavos de meus ambientes “seguros”.
Casos de recuperação de afasia e perdas de capacidade de memória decorrentes de acidente vascular cerebral já foram registrados por fonoaudiólogos, assim como casos de fisioterapeutas com a recuperação de movimentos de braços e pernas. É mesmo assustador pensar que estímulos sonoros podem contribuir com estas recuperações.
Atualmente, tenho recebido vários retornos e indicações de profissionais renomados internacionalmente confirmando os resultados em Transtorno do Pânico. As memórias sempre demonstram sua característica intrigante quando desejamos produzir resultados baseados nela. Memórias vividas, ou memórias construídas, as imagens contidas nelas sempre me exerceram grande fascínio.
Experiências marcantes no atendimento com o Neuroacústica me vêm quando penso nisso, mas de todas elas, os casos de Estresse Pós-Traumáticos são um universo particular. Estas imagens são persistentes, renitentes, invadem vida diurna e noturna, invadem a vida de vigília e o universo onírico por meio de pesadelos horríveis. Nunca vi descrições mais vivas de imagens do que as descritas por pessoas com este diagnóstico.
Algumas pessoas conseguem se traumatizar por simples exposição a imagens dramáticas. Houve ocasiões em que foi preciso proibir clientes de meu consultório de folhear revistas com notícias dramáticas. Elas sentiam tudo que estava descrito, praticamente como se estivessem estado na tragédia, feito parte dela. O nome científico do fenômeno é Trauma Vicariante e pode contaminar todos que tenham predisposição a isso. É como se o trauma vivido por quem esteve na tragédia pudesse “pegar” em quem não esteve no momento, mas, ao ser exposto a imagens do mesmo, poderia traumatizar-se.
O poder da imagem evoca a criatividade e a sensibilidade humana e às vezes nossas principais habilidades podem se voltar contra nós mesmos. Costumo dizer que nossa inteligência é algo nobre e fantástico, mas assegure-se de que a está usando em seu benefício, pois inteligência é assim: se você não estiver utilizando a seu favor, corre grande risco de usá-la contra si mesmo.
Hoje em dia vivemos num mundo muito diferente do que foi antes. Muitas tecnologias, muita pressa, muitas facilidades, mas também muitas dificuldades. As pessoas são levadas a assumirem a idéia de que é possível se comprar tudo e em nenhum momento da história da humanidade, houve tanto acesso a coisas pelo uso do dinheiro. O ser humano tem mais chances de sobreviver ao nascimento (a medicina está revolucionando o cuidado com os prematuros) e desfruta de uma vida cada vez mais longa (a expectativa de vida nunca esteve tão alta). Um ser humano nunca permaneceu tanto tempo na Terra como atualmente.
Sobreviver nunca esteve tão fácil para quem tem recursos. Não há mais “carências” de produtos e serviços para quem tem dinheiro ou crédito e por isso a sociedade cria carências substitutas que podem ser atendidas pelo consumo. O carro do ano, o celular da moda com a última tecnologia, o computador mais potente e mais rápido e as pessoas esquecem que suas necessidades não são atendidas por estes “bens”.
Mas será que sobreviver é a mesma coisa que viver com qualidade de vida? Além da sobrevivência precisamos pensar na convivência, na consciência e na transcendência. Precisamos lembrar por que razão cada um de nós está aqui.
A nossa imagem se transformou na imagem que preciso tenham de mim e isto alimenta a indústria da auto-estima, uma espécie de autorização que as pessoas dão para que eu goste de mim. Afastamo-nos do amor-próprio, na mesma proporção em que nos afastamos de nós mesmos. Se todos soubessem o que é melhor para si mesmo, todo o tempo, com certeza o mundo seria outro.
No entanto, não considero justo responsabilizar as pessoas por fazerem o que é melhor para elas todo o tempo, já que não somos perfeitos. Ninguém o é, mas tenho acompanhado curiosamente e cuidadosamente as escolhas que a mente humana faz quando os estímulos necessários ao seu equilíbrio são fornecidos.
Misteriosamente, tenho observado que a mente humana se apropria dos estímulos e faz deles verdadeiros elixires para a saúde. É assim que vejo a explicação para os resultados que alguns métodos, incluindo o próprio da Neuroacústica, conseguem seus resultados. São estímulos que, uma vez disponibilizados à mente humana, esta se apropria deles e produz resultados de equilíbrio e harmonia na saúde biológica (funcional e estrutural), emocional, cognitiva, sentimental, onírica (sonhos) e espiritual.
Meu trabalho com o Neuroacústica, este método condutivo para o equilíbrio e harmonia, ainda não tem uma comprovação científica. Um estudo para avaliar seus resultados, consistentemente, exigiria um investimento muito grande de recursos dos quais não disponho. Ainda que o comprovasse cientificamente, ficaria em aberto a explicação de como funciona e sobre isso ainda não sabemos. Há algumas hipóteses, mas elas são isso, apenas hipóteses. Não sabemos como justificar seus resultados encantadores e transformadores que as pessoas nos relatam e atribuem ao método.
O trabalho com os estímulos auditivos me encanta porque o ouvir e o escutar são algo tão prazeroso, tão complexo e ao mesmo tempo tão simples de se fazer, que parece ser inacreditável que o simples ouvir, mobilize todo um engenho orquestrado rumo ao cérebro.
Certa vez deparei-me com a frase de um autor em neurociência e este chamava a atenção para o fato de que só há som onde há um ouvido e isto é a mais pura verdade. O som, simplificando, é um deslocamento de ondas físicas que se movimentam pelo ar, ou pela água (neste caso muito mais rapidamente), até chegar numa orelha.
Além da física, há a mecânica atuando nos movimentos dos ossículos (martelo, bigorna e estribo) empurrando a janela oval da cóclea. A partir daí entra em cena a hidráulica, quando a endolinfa (liquido que preenche a cóclea) se move forçado pelo estribo. Ao movimentar-se, a endolinfa mexe, minusculamente, as células ciliadas (pequenos pelos existentes na parede da cóclea) e daí em diante entra a transmissão elétrica, já que este cílio dispara um sinal a ser levado pelo nervo auditivo ao cérebro. O estímulo elétrico produzirá alterações químicas que, por sua vez, alteram os neurotransmissores biologicamente por meio das sinapses.
Tudo isso ocorre desde os três meses de gestação de um ser humano e se repete ao longo de sua vida vinte e quatro horas por dia. Esta é a razão pela qual podemos confiar em nossos despertadores. Poucas pessoas pararam para pensar que se a audição não funcionasse, mesmo enquanto estamos dormindo, não adiantariam os nossos despertadores. É um órgão perceptivo privilegiado funcionando perfeitamente, independentemente das condições de luz, com olhos abertos, ou fechados. Tem alcance de 360° (graus) em qualquer ambiente.
Alguns estudos apontam que permanece funcionando mesmo em estados de coma e outros comprovaram que a audição é aumentada nas pessoas que perdem capacidade visual como por exemplo a miopia, gerando uma forma de compensação.
A audição inclui outras finalidades como a localização espacial de estímulos, sua fonte direcional e sua distância em relação a nós. Também é responsável por nosso equilíbrio e pelas informações sobre nosso corpo em relação ao eixo de gravidade (saber se estamos em pé, deitados ou de ponta cabeça) por meio dos canais semi-circulares.
É uma pena que estejamos ouvindo como sempre, mas, cada vez mais, tenhamos menos tempo para escutar. Será que temos escutado nossos familiares, nossos amigos, nosso coração? Será que temos ouvido muito e escutado pouco? Pergunte-se e dedique-se a ouvir e escutar os estímulos auditivos deste trabalho de imagens primorosas que a Izabel selecionou com carinho e amor para seus leitores. Você pode se surpreender com os resultados".
Marcelo Peçanha de Paula é Teólogo e psicanalista clínico, Idealizador do Sistema Neuroacústica, Criador da Menteologia, Consultor organizacional e possui vários trabalhos realizados na construção de conhecimento para o desenvolvimento sustentável para escolas de negócios e para empresas
Vários artigos sobre Neuroacústica estão disponíveis para download no site: www.neuroacustica.com
por Izabel Telles
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Sobre o autor
Izabel Telles é terapeuta holística e sensitiva formada pelo American Institute for Mental Imagery de Nova Iorque. Tem três livros publicados: "O outro lado da alma", pela Axis Mundi, "Feche os olhos e veja" e "O livro das transformações" pela Editora Agora. Visite meu Instagram. Email: Visite o Site do Autor