As comunidades na web surgem de muitas maneiras. Faço parte de um fórum de apaixonados por orquídeas - só como ouvinte-leitora-espectadora, porque sou tão iniciante no assunto que morro de medo de abrir a boca - são dezenas de e-mails por dia, troca de informações, conselhos, segredos, avisos… até de falecimentos!
Compartilhar, esse é o mote da web. Dividir, sentir-se próximo, parte.
Mas tem algo novo ainda. Venho recebendo todos os dias e-mails de Fábio Oliveira, dono do blog do mesmo nome. São verdadeiros “toques de alma diários” com idéias, inspirações, belos artigos. Não é uma newsletter, não é um fórum, é pura generosidade…
E, como a raposa da historinha do Pequeno Príncipe - lembram dela? - a gente se apaixona e começa a esperar, as manhãs ficam diferentes, tem sabor especial, o que será que vai chegar no outlook hoje?
Pois é, hoje chegou no outlook, o “homem transbordante”.
Eu lhes ensino o homem transbordante. Na verdade o homem é um rio poluído. É preciso ser um mar para receber um rio poluído sem ficar impuro.
Eu lhes ensino o homem transbordante. Ele é o mar. Ele é um relâmpago, um frenesi. O homem é uma corda amarrada entre a besta e o homem transbordante – uma corda sobre o abismo. O que há de grande no homem é que ele é uma ponte e não um fim: o que pode ser amado no homem é que ele é uma abertura e um mergulho.
Eu amo aqueles que não precisam primeiro olhar atrás das estrelas para encontrar uma razão para mergulhar e se transformarem num sacrifício, mas que se sacrificam livremente pela terra…
Eu amo aquele que não quer ter muitas virtudes. Uma virtude é mais que duas…
Eu amo aquele que tem um espírito livre e um coração livre porque assim sua cabeça nada mais é que as entranhas do seu coração…
É chegado o tempo para o homem plantar a semente de sua esperança mais alta. O seu solo ainda é rico o bastante. Mas um dia o solo ficará pobre e domesticado e nenhuma árvore alta será capaz de crescer nele.
O tempo está chegando em que o homem não mais será capaz de lançar a flecha da sua nostalgia além de si mesmo e a corda do seu arco se esquecerá de como vibrar.
O tempo está chegando quando o homem não mais será capaz de dar à luz uma estrela. Nenhum pastor! Um grande rebanho. Todos desejam a mesma coisa. Quem quer que tenha sentimentos diferentes vai voluntariamente para o hospício de loucos.
Eu vim para seduzir muitos a sair do rebanho. Veio-me então uma iluminação: preciso de companheiros - não de companheiros mortos e cadáveres que carrego comigo por onde quer que eu vá.
Preciso de companheiros vivos que me seguem porque desejam seguir a si mesmos… Nunca mais falarei ao povo. Não sou boca para esses ouvidos. Falei pela última vez aos mortos…
Friedrich Nietzsche - Assim falou Zaratustra
por Adília Belotti
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Sobre o autor
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM. Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma. Email: [email protected] Visite o Site do Autor