"Os justos brotam como a palmeira,
Crescem como o cedro do Líbano…
Eles dão fruto mesmo na velhice,
São cheios de seiva e verdejantes”.
(SI 92,13.15)
Quando já estava de malas prontas, táxi encomendado para me levar para o aeroporto, subo pela última vez as escadas da minha casa para ir ao meu quarto verificar se tinha desligado as luzes do espelho de aumento do meu banheiro, quando meus olhos cruzam rapidamente com um livro da minha estante. Puxei o livro lendo vagamente o título sem me fixar em nada.
Sim, tinha desligado a luz. Desci as escadas correndo porque já ouvia o motorista do táxi tocar a campainha e algumas horas depois estava dentro do TAP 190 que decolava para Lisboa.
Só hoje, um mês depois de aqui chegar percebi qual foi o livro que minha intuição apanhou na biblioteca: Meditações sobre os 22 arcanos maiores do Tarô (Editora Paulus), de autor desconhecido. E, o mais espantoso, a revisão do livro fora feita pelo Padre Ivo Storniolo, meu mais querido amigo que a luz levou alguns meses atrás e de quem sinto uma imensa saudade.
Na verdade, entendi que trouxe também a energia deste sábio para junto de mim.
Mergulhada na informação preciosa deste magnífico livro, vou revisitando minhas conversas com Ivo em seu apartamento do centro de São Paulo por cuja janela víamos o Edifício Martinelli, cuja arquitetura dava-me a reconfortante sensação de estarmos em outro lugar no tempo do mundo.
Contava os minutos para estar com ele a cada quinze dias que era quando podíamos estar juntos.
Estava em Ubatuba, um dia, distraída da vida, andando na praia num domingo de pouco sol e muita neblina, quando uma onda um pouco mais forte bateu nos meus pés e tive um pensamento repentino que me soprou nos ouvidos a presença do Ivo e murmurei:
"Que estas águas deste imenso mar lavem sua alma, renovando suas forças, abençoando seu espírito".
E foi tudo.
Quando voltei, na semana seguinte, recebi um e-mail comunicando que nosso querido amigo tinha deixado esta dimensão naqueles dias.
Ao escrever estas palavras ainda choro. Foi uma notícia que tirou meu fôlego e ainda tira um pouco, apesar do meu esforço em aprender tudo que me ensinou e aceitar esta passagem como bela e proveitosa. Um prêmio valioso para quem soube construir passo a passo este momento... E que ele, creio saber, soube muitíssimo bem.
É sobre isso que fala, no livro, a carta XVII do Tarô - A Estrela: as duas vias do crescimento para alcançarmos o nosso núcleo: a construção e o crescimento contínuos.
A construção representada pela carta da Torre(XVI), parece partir do acúmulo de pedaços de conhecimentos e experiências que vamos grudando uns nos outros.
Já o crescimento contínuo, tem mais a ver com uma árvore que seguindo o processo evolutivo de sua semente sabe quem é e cresce rumo à sua evolução, sem esforço, apenas seguindo sua elevação ininterrupta.
Formas diferentes de se estar nesse mundo.
Por enquanto, é o que consigo ir percebendo desta lição do livro que trouxe comigo do Brasil. E que recomendo vivamente para viver os tempos pelos quais vamos trilhando.
por Izabel Telles
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Sobre o autor
Izabel Telles é terapeuta holística e sensitiva formada pelo American Institute for Mental Imagery de Nova Iorque. Tem três livros publicados: "O outro lado da alma", pela Axis Mundi, "Feche os olhos e veja" e "O livro das transformações" pela Editora Agora. Visite meu Instagram. Email: Visite o Site do Autor
Publicado dia 4/2/2009 4:09:00 PM em Espiritualidade
