‘Os homens, a gente sabe que eles se encontram entre um copo e outro de cerveja, mas as mulheres, onde se encontram as mulheres?’, perguntava a Re hoje de manhã.
Onde, de fato. Já tive encontros memoráveis com amigas queridas, encontros de chorar e se comover entre a gôndola dos laticínios e a dos ‘matinais’ no supermercado perto de casa. Sem falar nos encontros para jantar, celebrar aniversários, fazer cookies de Natal, caminhar... a gente se encontra nos fazeres da vida.
Tradicionalmente tem sido assim. Em tempos de muito mais controle sobre os corpos e as almas femininas, as mulheres eram autorizadas a se encontrar para bordar, tecer, costurar, sim, mas, sobretudo, para falar. Trocar idéias, consolar, aconselhar, acolher, desabafar, falar mal, ajudar a nascer e a morrer. Esse era o espírito dos encontros.
Descubro no dicionário etimológico (tem coisa mais divertida do que dicionários etimológicos?) que ‘gossip’, a palavra inglesa para fofoca, utilizada, sobretudo, em relação às mulheres, vinha de ‘god-relative’, alguma coisa como ‘parente de Deus’. A expressão veio do saxão, claro, e era usada para indicar a mulher que anunciava os nascimentos. A fala que anuncia acabou virando a fala que acusa, sabe-se lá como, que as línguas às vezes são assim, ferinas...
Hoje nos encontramos na web!
Uma pesquisa do BlogHer, a maior comunidade de blogs de mulheres, junto com o IVillage e a Compass Partners, revelou que as mulheres americanas que utilizam a web já somam mais de 79 milhões. Mulheres de 17 a 77 anos! Dessas, mais da metade usam os espaços de interação da internet, como blogs, comunidades, redes sociais. Ou seja, algo em trono de 40 milhões de mulheres. 90% lêem blogs e 51% escrevem neles.
Por quê? Das que escrevem, 76% buscam diversão, 73% querem expressar idéias e pontos de vista, 59% querem se conectar com os outros, 54% usam o blog como diário.
É, as mulheres estão na web. Postando, comentando, lendo, compartilhando favoritos, adicionando amigos...
Por isso, esse post torna-se um convite, uma convocação, uma provocação!
Por que não aproveitar um espaço para encontrar outras mulheres, iguais, diferentes, mas vivendo este mesmo tempo estranho de mudanças, checklist da bagagem da alma em direção ao ‘daqui para frente’?
A sua vida, a nossa vida, não seria tão diferente se nos soubéssemos tão irmãs?
Por Adília Belotti e Lélia A.
Para ler o estudo na íntegra (pdf em inglês), clique aqui
A foto lindíssima lá em cima de de Lucas Jan. Chama-se ‘Encontro no mercado de manhã’ e foi tirada em Phan Thiet, no Vietnã. No mercado de peixes de Phan Thiet são as mulheres que cuidam das barracas, enquanto os homens estão pescando no mar. Os chapéus ou non la, protegem do sol escaldante que ainda está nascendo. E é nessa hora, antes do amanhecer, que elas se encontram...
por Adília Belotti
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Sobre o autor
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM. Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma. Email: [email protected] Visite o Site do Autor