1.
Ando pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio...
Estou perdido... Sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.
2.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.
3.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Vejo que ele ali está.
Ainda assim caio... É um hábito.
Meus olhos se abrem.
Sei onde estou.
É minha culpa.
Saio imediatamente.
4.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.
5.
Ando por outra rua.
Texto extraído de O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, de Sogyal Rinpoche (Ed. Talento/Palas Athena)
Infelizmente, muita gente prefere continuar caindo no mesmo buraco. Às vezes, desenvolve até um prazer mórbido nisso, como uma forma de chamar a atenção pra si. Estes já têm sua recompensa. O ruim é quando arrastam outros consigo; outros que não queriam estar nesta situação, mas, por compaixão, dever, necessidade ou pura falta de opção, acabam caindo também. Aí a pessoa gera karma ruim não só para ela, mas cria uma dívida kármica com os outros.
E quando um país inteiro é arrastado para o buraco? É o que chamamos karma coletivo. As necessidades de um (ou vários) se sobrepõem às demais, e num primeiro momento os outros acabam apoiando, por ignorância. As necessidades desse grupo continuam crescendo, e a sociedade faz vista-grossa, afinal, estamos todos colhendo benefícios... Logo o apoio se torna incondicional, um hábito. Esse exemplo encaixa perfeitamente no que aconteceu com o nazismo, com o socialismo, mas serve pra outros grupos mais próximos de nosso dia-a-dia.
Resta o consolo de que tudo, por pior que seja, é aprendizado. Ou, como diz aquela música da Alanis Morissete:
Quando será que aprenderemos, como país, a dar a volta no buraco e mudar de rua sempre que necessário?
por Acid
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Sobre o autor
Acid é uma pessoa legal e escreve o Blog www.saindodamatrix.com.br "Não sou tão careta quanto pareço. Nem tão culto. Não acredite em nada do que eu escrever. Acredite em você mesmo e no seu coração." Email: Visite o Site do Autor