Neste Capitulo entre os mais preciosos do Caminho, o Guia esclarece com absoluta clareza, livre de dogmas e preconceitos, algo que definitivamente passa a fazer parte, num determinado momento, da vida de todos os seres humanos. A compreensão da interação destas poderosas forças que se complementam e se transformam oscilando entre as energias basicas instintivas e os sentimentos mais sutis e suaves nos torna pessoas mais conscientes, fortes e amorosas.
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Veja a seguir a interpretação do capítulo 6 por Maria Guida:
Quem de nós já não passou pela dolorosa experiência de se sentir sozinho no meio de uma multidão? Ou, pior do que isso, sentir-se solitário, mesmo estando abraçado à pessoa a quem mais ama?
Essa impressionante e paradoxal sensação deveria ser suficiente para que refletíssemos mais a respeito da dificuldade que temos em nos tornarmos um com os nossos semelhantes e em especial com nosso parceiro.
Em seu capítulo seis, o Guia nos convida a considerarmos as forças do amor, do Eros, como princípios essenciais que se manifestam no universo e que deveriam estar presentes, e harmonizados, em nossos relacionamentos.
O Guia nos diz que as experiências que se dão apenas no nível da sexualidade, e mesmo aquelas que envolvem erotismo, estão fadadas a se esgotarem rapidamente, a menos que estejam acompanhadas por uma intensa disposição dos parceiros em despir-se de suas máscaras e se mostrarem em sua totalidade.
Eros é apenas impulso inicial, para que nosso potencial afetivo passe da inação à ação e se lance na aventura de caminhar na direção do outro. Mas a experiência se esgota e naufraga, se nela não houver amor.
Entre aqueles que seguem os caminhos do espírito, existe uma tendência mais ou menos comum de que vivências sexuais e eróticas devem ser evitadas, sublimadas, ou substituídas pelo amor altruísta, que muitos de nós chamamos de amor universal.
O Guia nos revela que, muitas vezes, a decisão de nos entregarmos unicamente a Deus é uma maneira engenhosa de nos esquivarmos da troca intensa com os nossos semelhantes, por medo de expor a um outro ser humano, as nossas falhas e fraquezas.
O Guia afirma que para nosso crescimento espiritual, essa exposição exige muito mais de nós, do que exposição a Deus, uma vez que Deus já nos conhece, e o nosso parceiro não.
O divino propósito do casamento não é apenas a procriação. Ele é uma ponte para a espiritualidade, um exercício de autoconhecimento, porque nos obriga a buscar dentro de nós, recursos que possibilitem a superação dos desafios da convivência diária e a busca de novos atrativos em nosso parceiro.
Essa busca de novidade naquele que nos é tão conhecido, nada mais é do que uma profissão de fé na inesgotabilidade da alma humana, na sua profundidade e infinita capacidade de renovação. E quando acreditamos que aquele a quem amamos está em constante transformação, superação e mudança, podemos perceber que também nós estamos nesse processo.
Quem de nós já não foi capaz de ver no ser amado as suas melhores qualidades, suas potencialidades, tudo o de melhor que ele, mesmo ainda não sendo, poderia vir a ser?
Sob essa perspectiva o casamento é um estimulante desafio, ao mesmo tempo em que é também um exercício de humildade e generosidade.
Se honestamente nos propusermos a mostrar ao outro o nosso eu verdadeiro, aprenderemos a aceitar e acolher o outro como ele é. E isso não apenas com nosso companheiro, mas com todos os seres humanos.
A comunhão diária com a pessoa a quem escolhemos como par constante é uma das formas mais eficazes de perceber de que somos um com tudo o que existe.
Não há antagonismo no universo. Não há motivo para que força tão poderosa como Eros tenha que ser excluída de nosso mundo.
O que nos escapa freqüentemente, é que, como tudo o mais que nos toca e mobiliza, essas forças devem ser integradas e harmonizadas para aquele que é o nosso único e verdadeiro propósito: tornarmo-nos cada vez mais verdadeiros.
Sentirmo-nos sós no meio de uma multidão ou mesmo nos braços daquele a quem escolhemos amar, pode ser um claro sinal de que ainda estamos usando máscaras, porque não temos coragem de nos mostrar como realmente somos, e de buscar no outro a pessoa que ela realmente é.
Veja a seguir a interpretação do capítulo 6 por Sandra Torres:
Eros é uma energia mágica que se manifesta de maneira ímpar.
Quando Eros nos atinge embebedamos nossos sentidos de todas as sensações reais e místicas e sentimos uma vibração divina que percorre todo o nosso ser e nos torna totalmente vulneráveis. Abre-se uma vereda para o nosso jardim interno e descobrimos um paraíso perfeito onde tudo é vida: pássaros maravilhosos e um vasto jardim com deslumbrantes flores, borboletas multicoloridas e regatos suaves, céu azul e límpido, grama verdinha onde repousamos e nos entregamos a um êxtase tranqüilo transcendendo tempo e espaço.
Abrimos a nossa janela e sopramos lindas bolhas de sabão, que voam ao vento numa dança divertida...
Quando somos arrebatados por Eros, o mundo cai aos nossos pés e ficamos movidos pela compaixão. Sentimos que o nosso Sol Interior é o mesmo que habita o do nosso semelhante, e por isso passamos a sentir o que o outro sente, a agir em prol do outro como agiríamos pela nossa própria sobrevivência. Ignoramos os defeitos e vemos tudo com a ótica da tolerância e do esforço em abrir caminhos para que o outro siga em frente.
Eros nos potencializa as forças e nos faz aventureiros de nosso destino nos dando coragem, persistência e uma fé inabalável que vamos sair vitoriosos.
Deixar-se envolver por Eros é ficar num estado orgásmico onde os minutos não contam, o tempo congela. A sua força propulsora torna os momentos eternos, como se nunca fossem passar.
Mas, mesmo com todo o seu vigor, Eros não se autopreserva se não for transmutado em Amor Verdadeiro. Eu diria que a atuação de Eros representa um ensaio para a descoberta do puro amor, pois a vulnerabilidade despertada por Eros faz florescer em nossa alma o desejo de revelar-se, despontar ao sol como fazem as perecíveis flores que se abrem inteiramente para encantar e enfeitar as paisagens do Amor.
Se conseguimos canalizar o vislumbre de Eros ao encantamento do Amor, então caem os véus da ilusão e vemos o que de fato é real. Nos engrandecemos, ampliamos nossa aura e abrimos nossa visão maior. Nossa Alma se revela ao outro reciprocamente e nos conectamos à Grande Alma na qual reside a Fonte Original do Amor onde Tudo É.
Eros prepara o coração para sua maior jornada. Lança as sementes do autoconhecimento, da plenitude, da descoberta interior. Se a alma está fértil, então o milagre acontece: A alma transcende os próprios limites e harmoniza-se com o Todo, esquecendo toda a separatividade que possa ter existido anteriormente. Então ela se doa, faz transbordar a sua essência e eclode pelo espaço sem fim, em infinitos pontos de luzes estelares.
O Amor então se expressa com toda a sua força, abrangendo toda as energias elevadas, nos lembrando de nossa natureza divina.
Quanto ao sexo, este é um instrumento valioso pelo qual podemos manifestar a incrível energia que Eros nos oferta. É um ato sagrado quando se reveste de generosidade e compaixão pelo parceiro.
O ato amoroso é um momento sutilíssimo de doação. Diria sagrado, quando elevamos o nosso ser e nos ofertamos à mágica descoberta do outro, através dos toques amorosos que despertam o prazer e satisfação incondicionalmente. É uma verdadeira comunhão com o cosmos e uma oferenda a Deus...
Chegar a este estágio de percepção é a demonstração máxima da compreensão dos mistérios que Deus nos revela!
No entanto, devemos estar cientes que este estágio pode ser duradouro e permanente, mas não por si mesmo. Pois o amor nos faz crescer mas jamais nos estabelece! Uma vez que amar não é um aprendizado estanque. A cada momento, a cada pulsar de nossas vidas devemos gerar novas energias para que o Amor siga em frente no seu curso e conquiste patamares cada vez mais elevados de compreensão.
Para que isso ocorra é necessário devoção, um cuidar constante do outro e de si mesmo, uma dedicação espontânea que nos leva a cada dia a nos redescobrir e a descobrir no outro uma nova faceta que não conhecíamos. E isso é maravilhoso: Duas jóias se lapidarem e mostrarem seu genuíno brilho!
Vendo-se sob essa perspectiva, o Amor, Eros e Sexo formam uma química exata para o deslumbramento do Amor Verdadeiro e Ideal.
Qualquer desequilíbrio entre essas partes nos leva a cometer equívocos terríveis dirigindo energias magnânimas por canais que levam à estagnação e à não-realização em qualquer aspecto da vida e a desperdiçar a incrível oportunidade de viver um grande Amor!
Sente num ambiente calmo e tranqüilo. Os pés devem estar firmes no chão, as mãos colocadas sobre as pernas e os olhos fechados do começo ao fim.
Imagine-se sendo Eva e tendo com Adão um encontro amoroso.
Imagine-se sendo helena tendo com os guerreiros de Tróia um encontro conflitado.
Veja-se como Maria tendo um encontro divino.
E, baseando-se nessas três formas de amar, sinta-se capaz de viver a síntese onde Eva, Helena e Maria se encontraram no amor que inicia, conflita, se diviniza e se unifica.
E sabendo que todos estes amores são a base para viver a plenitude; sabendo que é necessária a entrega, a luta e o amor incondicional.