por Elisabeth Cavalcante Publicado dia 03/08/2020 16:00:46 em Tarot
A meditação e o uso do tarô foram apresentados no artigo da semana passada, como algumas das várias ferramentas de desenvolvimento da intuição e dos poderes psíquicos. Vamos agora abordar a utilização destes dois instrumentos em conjunto.
A psicologia moderna, particularmente nas pesquisas de Carl Gustav Jung, descobriu que a consciência do homem ocidental sofre do que se poderia chamar doença unilateral. Esse mal consiste em nossa tendência de supervalorizar as funções conscientes do nosso ser psíquico e, consequentemente, negligenciar a nossa parte inconsciente.
A ciência moderna e grande parte do que pode ser considerado a "religião moderna", têm como característica uma ênfase excessiva no ego consciente em detrimento do eu inconsciente.
Entre a chamada "civilização", a supervalorização do fator da psique consciente tornou-se tão grande que o inconsciente foi jogado para o subterrâneo, e o ego pessoal do homem ficou separado dos arquétipos inconscientes que foram elaborados para atuar como vínculos com a vida mística, cósmica e mais elevada.
A psique do homem foi assim afastada de suas raízes e deixou de ser capaz de se relacionar com o poder e com a sabedoria das imagens arquetípicas. Ao lutar por um controle consciente cada vez maior sobre as forças e as circunstâncias da vida, o ego por fim perde o controle sobre si mesmo, e as neuroses e outras ansiedades tornam a vida insuportável para a pessoa.
Quer consideremos o ponto de vista religioso - segundo o qual o homem deve atingir a união com Deus -, quer busquemos a visão de Jung, pela qual o homem deve colocar as realidades arquetípicas de novo na sua posição correta dentro da vida psíquica, a tarefa permanece a mesma.
O esforço meditativo, não importa por qual nome seja conhecido, envolve a assimilação do componente inconsciente do nosso ser.
Sem um grau considerável de habilidade para direcionar a mente, nenhuma meditação é possível. Esta aptidão não é algo fácil de se adquirir. Mas a capacidade de concentração é um inevitável precursor da verdadeira meditação. Sem ela a pessoa provavelmente experimentará apenas uma vaga sucessão de idéias e imagens mentais.
O tema da concentração traz inevitavelmente à tona a questão da escolha de um objeto adequado para a concentração. Nesse sentido, um método que efetivamente combine a utilização dos sentidos com conceitos espirituais significativos e úteis, tem grandes vantagens sobre outras práticas meditativas.
Este método existe e vem há séculos sendo utilizado por ocultistas ocidentais. Ele consiste de um programa de exercícios de meditação que utiliza as vinte e duas cartas dos Arcanos Maiores do Tarô, como os principais pontos de concentração.
A Tradição Esotérica Ocidental sempre assegurou o valor dos sentidos. As filosofias simbólicas maçônica, hermética, cabalística e rosacruciana, que representam a principal corrente desta Tradição, na maioria das vezes se inclinaram a utilizar os sentidos como instrumentos através dos quais estados mais elevados de consciência e de existência podem ser alcançados.
O mestre-alquimista que se inclina sobre a sua retorta, ou o mago cerimonial que brande a sua espada no cento do círculo mágico, são figuras que transmitem um espírito ativo de luta pelos estados celestiais de consciência.
Isto não significa dizer que os exercícios autênticos da yoga oriental se caracterizem por uma postura passiva. Essa idéia é fruto de uma visão caricatural da meditação oriental que durante muito tempo foi disseminada no Ocidente, e que colocava o suposto devoto que medita, cegamente de olhos fechados, com o semblante desprovido de qualquer expressão humana, tendo as palmas das mãos voltadas para cima, num gesto singular de espera receptiva.
Porém, o uso do tarô com o objetivo da meditação é eminentemente compatível com esse espírito ativo da tradição esotérica ocidental. O inconsciente pensa e age através de símbolos e de imagens. Assim, ao utilizarmos um tarô como ponto central de nossa concentração, temos diante de nós um quadro que é repleto de mística universal e de símbolos cósmicos.
Ao invés de terem sido concebidos artificialmente por artistas que trabalham apenas no nível consciente, esses símbolos são habitantes permanentes do inconsciente coletivo: eles não representam novos conhecimentos e, sim, antigas sabedorias.
A nossa alma já está familiarizada com o simbolismo arquetípico das cartas e, estimulada por elas, a recordação da natureza dos poderes arquetípicos atingirá mais uma vez a superfície da nossa mente consciente.
Os seguidores do Tantra hindu, uma escola de pensamento místico que possui muita afinidade com a tradição oculta do Ocidente, têm um ditado que diz: aquele que deseja se levantar do chão tem que fazê-lo com a ajuda do chão. A experiência sensorial é transcendida e se transforma numa experiência além dos sentidos, não através da introspecção passiva, mas sim pela aplicação ativa do poder da alma à área dos sentidos.
É através dos nosso sentidos que podemos contemplar símbolos que, então, podem funcionar como suportes físicos e mentais, para que a consciência possa passar ordenadamente do símbolo para o princípio místico. A compreensão se desenvolve como resultado da nossa crescente percepção do relacionamento do símbolo com o princípio.
A meditação realizada com o auxílio do tarô é um exercício útil e valioso porque se fundamenta nas realidades experimentais e nas leis da psique humana. É uma prática ativa que envolve todos os componentes da personalidade: o físico, o emocional, o mental e o intuitivo, sem deixar nenhum deles de lado.
O que ela pede como requisito é um coração, uma mente e uma percepção intuitiva, totalmente dedicados ao grande objetivo de toda meditação e da própria vida: a união verdadeira da personalidade humana com a Divina Presença Interior ou Eu Superior, a centelha divina que todo ser humano traz dentro de si.
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