E aí, você tá namorando?!?
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 01/07/2005 12:50:03
Encontrei uma amiga esses dias e, conversa vai, conversa vem, ela me disse, meio como uma confissão que pede por concordância:
- Rô, tenho me irritado com a mania de algumas pessoas!
Surpresa com a afirmação, eu questionei:
- Que tipo de mania?
E ela foi direto ao assunto, espertamente sondando minha opinião antes de se posicionar:
- Você ficaria brava se toda vez que encontrasse pessoas que não vê há algum tempo, elas te perguntassem ‘e aí, tá namorando’?!?”
Achei um tanto estranha a pergunta, mas pensei um pouco antes de responder e depois disse que ‘não’. Não ficaria...
Intrigada com a situação, eu quis saber o motivo da pesquisa dela. Ao que ela me explicou. E terminei considerando bastante justificável a irritação dela.
É realmente constrangedora a curiosidade sem nexo ou a simples insistência de algumas pessoas em tentar nos impor certas convenções protocolares. Tais pessoas, em geral, imediatamente depois de - talvez por mera educação - nos perguntarem se estamos bem, disparam a interrogativa que vai nos condenar ou nos absolver:
- E aí, casou?
Você responde, ainda entusiasmadamente:
- Não, não me casei.
E talvez deseje contar algo de bom que tem feito, revelando conquistas do tipo “estou fazendo faculdade” ou “fui promovida no trabalho” ou ainda, “me inscrevi num curso de danças”. Mas a pessoa não desiste, sustentando aquele tom de perplexidade:
- Mas não está nem namorando?!?
Você acha estranha a reação dela. Desta vez, responde um tanto intrigada, pensando se há algo de errado com você:
- Não, não estou namorando.
A conversa até continua, mas parece que perde o ritmo. Você se despede e vai embora com certo mal-estar, tentando se convencer de que conhece muitas outras pessoas que também não estão namorando, outras que já se casaram e se separaram... e até arrisca ter a sensação de que, neste momento, está bem assim, sozinho.
Seu lado otimista lhe assegura que todos nós já estivemos, em algum tempo, sem namorado. E que, além de tudo, as pessoas casadas já foram solteiras um dia. Você tem mesmo a impressão de que tudo isso não é tão terrível quanto pareceu durante aquela breve conversa, mas o que incomoda é a repetição do enredo, algumas vezes, ao encontrar-se com outras pessoas.
O fato é que, verdade seja dita, tem gente que não faz por mal. Não mesmo! Pelo contrário, desejam nos ver felizes, realizados, apaixonados, especialmente porque enxergam o casamento ou uma relação amorosa como uma espécie de ‘porto seguro’ para as emoções.
Se considerarmos que - até certo ponto - isto é bastante coerente, podemos relevar as indagações e até dar um voto de confiança àqueles que - sabemos! - nos querem bem!
Entretanto, existem pessoas que não fazem parte da nossa vida, não se interessam de fato por nossa felicidade, não se preocupam em saber se estamos realmente felizes, mas jamais perderiam a oportunidade de bisbilhotar nossa vida íntima e mais: darem-se o direito de apregoar o veredicto - capaz ou incapaz de arrumar marido (ou esposa).
Convenhamos! A tais pessoas, a melhor resposta seria o olhar silencioso, o ar de mistério, o sorriso que deixa um sem fim de possibilidades. Nada de grosserias, talvez... mas nada de satisfações a quem não faz por merecer.
O fato de você estar ou não namorando não é, definitivamente, diagnóstico de ‘feliz’ ou ‘infeliz’, de ‘capaz’ ou ‘incapaz’. Portanto, minha sugestão é que você se concentre mais em (primeiro) cuidar de seu coração e (depois) entregar-se ao tom do universo, pois sábio tal qual ele é - e se for o caso - ajeitará a hora e o lugar certos para o encontro com seu par.