No amor, NÃO vale tudo!
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 10/03/2006 13:09:38
O triângulo amoroso vivido por Júlia (Glória Pires), André (Marcello Antony) e Erica (Letícia Birkheuer), na novela Belíssima, é bem mais comum na vida real do que supomos. Os laços de afeto e confiança podem ser outros, mas a atitude equivocada tem sido mais recorrente do que cabe na palavra ‘amor’, lamentavelmente.
Muitas pessoas defendem a idéia de que no amor, vale tudo. Insistem em se justificar alegando que os sentimentos são inevitáveis e que, portanto, situações como aquela “acontecem”, como disse Erica para Júlia, na cena que mexeu com o Brasil semana passada.
Pois muito bem: sentimentos são mesmo inevitáveis. Concordo plenamente! Mas as atitudes não! Atitudes são precedidas por escolhas e intenções. A gente não pode decidir o que vai sentir, mas certamente pode decidir o que vai fazer a partir de cada sentimento.
E é justamente aí que entram os valores pessoais como ética, dignidade e liberdade. Ninguém precisa ser perfeito para ser capaz de agir dentro destes parâmetros. Bastaria que tivéssemos um pouco mais de discernimento e já conseguiríamos perceber a sutil diferença entre respeito e egoísmo.
Não estou dizendo que devemos abrir mão de nossos sentimentos ou desistir de nossos desejos para que o outro não se machuque. Muitas vezes, a dor é inevitável. Mas existem formas e formas de se conduzir uma situação, especialmente quando ela inclui pessoas que merecem toda nossa consideração e confiança.
Veja bem: se o intuito for somente satisfazer desejos, estaremos nos comportando como seres irracionais e insensíveis. Mas se o intuito é vivenciar a amizade e a sinceridade, certamente agiremos como pessoas coerentes. Até porque, em última instância, isto é ser livre!
Como? Em primeiro lugar, não aceitando uma situação ilícita até que ela se torne lícita. Esperar até que as intenções e os desejos estejam claros e que novas escolhas (compatíveis com tais desejos e intenções) possam ser feitas. Depois, conversar com aquele que não sabe o que está acontecendo e expor os sentimentos. Difícil? Muito! Um risco? Com certeza!
Mas se não for assim, como será? Ir levando a “enganação” até que o outro descubra e tudo fique muito pior, muito mais complicado de se esclarecer? E mais: se é a facilidade o critério de escolha, do que é que estamos falando?!? De amor ou de egoísmo? De livre arbítrio ou de conveniência?
Amar é agir do modo mais fácil ou do modo mais íntegro? É proteger os laços que nos unem ou pouco importa quantas lágrimas deverão cair para que consigamos o que queremos?
Sei muito bem que quando estamos envolvidos num triângulo amoroso, fica bem mais difícil discernir entre emoção e razão, mas é essencial saber que justamente neste instante se torna evidente o nosso valor enquanto amigo, amante e ser humano.
Amor sem inteligência, sem moral e sem princípios é o que mais existe por aí... e isso tem nos custado uma vida toda de decepções e lágrimas. Temos perdido nossas referências e é urgente que comecemos a repensar sobre isso, salvando as relações ameaçadas dos nossos desejos infantis e fúteis.
Costumo terminar meus artigos com uma sugestão, mas desta vez, vou terminar com um pedido ao Universo Sagrado: “que consigamos, todos nós, mais vezes, não cair em tentação!”.