Quem disse que amar é fácil?
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 17/10/2024 16:05:24
Amar é uma arte, uma dança, um querer mais forte do que a ilusão de uma paixão sem fim.
Paixão acaba. E que bom! Dá lugar à maturidade de dois corações que se desejam juntos, apesar de todas as diferenças. Apesar, principalmente, de todas as dificuldades.
Problemas de todas as ordens parecem testar a convicção, a fé e a coragem de continuar investindo. Se, no início, eram as semelhanças que tanto encantavam um ao outro, com o tempo são as divergências que parecem crescer e ganhar espaço.
E lá se vai a paciência. A irritação orquestra o tom de voz, cada vez mais alto. Uma mágoa escondida aqui. Uma ofensa quase impossível de engolir. E as razões pra ficar, cadê? Parecem desaparecer uma a uma.
E agora? Como continuar? Cadê os suspiros, as promessas e as razões que tão fortemente uniram essas almas afins?
O fato é que amor é construção. Não feita de tijolos, mas de um dia após o outro. E nem é a soma desses dias que faz o amor ser grande ou pequeno. É a intensidade da entrega vivida em cada um deles.
Porque não existe nada mais fácil do que desistir do amor. Motivos os casais têm aos montes. Mas também não existe nada mais nobre do que persistir, tentar mais uma vez, recomeçar quantas vezes forem necessárias.
E como qualquer construção, precisa de manutenção. Refazer a pintura, rever o encanamento, trocar as telhas, colocar lâmpadas novas, adquirir novos acessórios de decoração. Talvez quebrar uma parece, aumentar o muro, criar um jardim. Amor é assim: construir, reformar. Às vezes, depois de uma tempestade, é preciso até reconstruir. Do chão, mas nunca do nada.
Amar e conviver realmente não é fácil. E só existe uma coisa que garante a continuação: a decisão de continuar. Não é mágica. Não é poesia. É decisão. É compromisso. A mágica e a poesia brotam como gratas surpresas na história de amor contada.
E é quando os dois se olham e se sabem cúmplices. Companheiros de um caminho que é cheio de tentações, cheios de atalhos que provocam um estranho e doloroso desejo de largar tudo e mudar de rota.
E então os dois se sorriem e se sabem heróis um do outro. Provavelmente longe de se parecerem com a construção original que eram quando se conheceram. Mas certamente muito mais valiosos, muito mais consistentes e de verdade.
Porque exatamente por não ser nada fácil, aqueles que "conhecem o gosto raro de amar sem medo de outra desilusão"* descobrem o endereço de um paraíso particular. E eu desejo que você se permita, para que encontre a sua chave o quanto antes.
*Verso da música Românticos, de Vander Lee.