Vão-se os amores
por Rosana Braga em Almas GêmeasAtualizado em 20/10/2003 12:42:51
“Nunca mais!” é o que costumamos dizer quando sofremos por um amor que se foi, que se acabou... No entanto, estou cada dia mais certa de que a dor do “fim” é tão importante, valiosa e fundamental quanto a alegria do início ou a magia contida no processo de amar!
Porque quando nos predispomos a amar, estamos na verdade exercitando o coração, um órgão absolutamente pessoal... estamos compartilhando e doando sentimentos singulares, exclusivos, que se renovam, se refazem e se transformam a cada novo amor...
Mas costumamos investir demais na idéia de que amor verdadeiro é único, para sempre, inacabável. E por conta desse equívoco, terminamos confundindo o que é realmente único, para sempre e inacabável.
Sinceramente, sou defensora irrefutável de que devemos nos entregar inteiramente a um amor, a um relacionamento, experimentando todas as possibilidades, vivenciando e sentindo todas as sensações e todos os sentimentos.
Acredito totalmente na condição que o ser humano tem de se surpreender a cada dia com sua infinita capacidade de amar mais e mais, de se tornar mais e mais intenso, profundo, entregue, vulnerável, genuíno e, sobretudo, aprendiz, sempre aprendiz de algo maior, mais próximo do que venha a ser “eternidade” quando o assunto é amor!
Portanto, volto a insistir que as pessoas, na maioria das vezes, não são “para sempre” em nossas vidas, fisicamente falando. Mas é para sempre a nossa capacidade de amar. Sendo assim, pode ser maior e mais autêntica a nossa coragem de não generalizar, de não desistir, de não se defender da vida e de tudo o que ela nos reserva... porque ela sempre nos reserva algo de bom!
Contudo, se não permanecermos atentos, a cada amor que se vai, deixamos ir embora todas as nossas convicções, toda a nossa motivação e todo o entusiasmo que conquistamos. Preferimos acreditar que estávamos enganados, que foi um erro amar novamente...
Sugiro que admitamos nosso medo de recomeçar e de sofrer mais uma vez. Sugiro que consigamos investir no amor, a despeito de qualquer fim, de qualquer relação que se acabou!
Sugiro que nos permitamos novos cheiros, novos toques, novos abraços, novas palavras, novas carícias, novos olhares, novos sorrisos, novas possibilidades. Sugiro, sobretudo, que nos permitamos vivenciar a dor, mas que estejamos, sempre, eternamente, abertos para a alegria, a felicidade e a nossa capacidade de amar!
E ressalto aqui, para não deixar nenhuma dúvida, que não estou falando de “ficar”, de relações passageiras, sem profundidade ou compromisso. Não estou fazendo ode a nenhuma frivolidade, ao sexo sem amor ou à libertinagem.
Acima de tudo, prefiro a sabedoria que pode haver na solidão ao vazio que existe por trás dos sorrisos falsos, das entregas frias e dos beijos sem sentimento. E sem nenhum julgamento de valor ou moralidade barata, respeitando a escolha e reconhecendo o momento de cada um, defendo o amor como caminho para a evolução humana, ainda que reconheça a incontável distância que temos a percorrer...