O Sol ingressa no signo de Câncer
por Graziella Marraccini em AstrologiaAtualizado em 23/06/2006 12:23:11
O Sol ingressou no signo de Câncer no dia 21 de junho às 19:25 h. (Hora legal de Brasília) e marca assim o início do inverno no Hemisfério Sul.
O Ano Solar, ou seja, o percurso que o Sol faz em volta da Terra (aparentemente, já que nós estamos falando do ponto de vista do observador), nada tem a ver com o ano marcado em nosso calendário Gregoriano, usado na maioria dos países do ocidente, mas está ligado ao caminho efetivo que o Sol percorre durante doze meses ao longo da Esfera Celeste; uma esfera imaginária colocada ao redor da Terra e onde são desenhadas todas as constelações.
Para dirimir dúvidas que sempre surgem nos e-mails que eu recebo a respeito do signo de pessoas que nascem ‘entre os dois signos’ vou esclarecer alguns pontos importantes a respeito do dia em que o Sol ingressa num determinado signo.
Devido ao fato do Sol não fazer o seu caminho num tempo que corresponde exatamente aos 365 dias do calendário oficial, o calendário precisa acrescentar a cada quatro anos um dia para se ajustar. A Terra faz uma revolução em torno do Sol em 364 dias e ¼. Esse ¼ é que resulta naquele dia 29 de fevereiro que é acrescentado ao nosso calendário.
O Sol ‘se desloca’ alguns graus para frente a cada ano, mudando também o momento em que ingressa em cada signo zodiacal. É muito comum então que uma pessoa não faça aniversário no mesmo dia e hora legal em que o fez no ano anterior. O verdadeiro aniversário acontece no instante exato em que o Sol retorna no mesmo grau no qual se encontrava no momento do nascimento da pessoa e no mesmo local, latitude e longitude. Esse momento é chamado na Astrologia de Revolução Solar, e indica que o Sol fez uma revolução completa pelos signos zodiacais para voltar no mesmo lugar em que se encontrava no ano anterior. Salientamos que isso pode não acontecer no mesmo dia e nem na mesma hora legal e que isso varia bastante de ano para ano, especialmente nos anos bissextos, como já indicamos, e também conforme a longitude e a latitude do lugar. Vamos fazer um exemplo: alguém que nasça em Paris, às 05:00 h do dia 21 de junho de 2006 terá o Sol ainda no signo de Gêmeos, a 29°39, e então precisará ler o horóscopo do signo de Gêmeos (apesar de ter algumas características de Câncer por estar ‘entre’ os dois signos). Alguém que nasça, no mesmo dia 21 de junho às 09:30 h em São Paulo, terá o Sol a 00°01 de Câncer - mas ele também terá algumas características de Gêmeos - e precisará ler o horóscopo de Gêmeos. Assim, duas pessoas que nascem em cidades distantes no mesmo dia 21 de junho podem ter o Sol em signos diferentes!
O movimento convencional do Sol (aparente, repito!) não acontece sempre com a mesma velocidade (passa de um mínimo de 00º 57’ 59’’ a um máximo de 01º 00’ 51’’ por dia) e é por essa razão que o ingresso do Sol num signo não acontece sempre na mesma data. Assim, para levantar o Mapa Natal é necessário conhecer a hora exata e o local do nascimento, ou seja, a latitude e longitude onde a pessoa veio à luz. Porém, de uma forma ou de outra, os nascimentos que acontecem entre um signo e outro (ou seja naqueles dias em que o Sol muda de signo) acabarão dando ao nato as características dos dois signos. Por essa razão, ao publicarmos nosso Horóscopo semanal, salientamos na introdução que estamos indicando as datas do ingresso do Sol nos Signos no Brasil para todo o ano corrente!
Bem, mas para voltarmos ao Ano Solar, devemos lembrar sempre que a Astrologia teve sua origem no hemisfério norte, portanto, o estudo astrológico possui bases e arquétipos com raízes naquele hemisfério. Assim, o início do Ano Solar também marcava o início da Primavera naquele hemisfério, ou seja, a estação do ano em que a Terra recomeçava a dar sinal de vida, após os longos meses do inverno. Da mesma forma o Solstício de Verão do Hemisfério Norte indica o momento em que o Sol chega ao máximo de declinação Norte, ou seja, fica no lugar mais inclinado para nós, do Hemisfério Sul! No seu movimento aparente, o Sol abandona o Hemisfério Sul e em seu caminho na direção do hemisfério norte, secciona o Equador Celeste e se encaminha para o norte. É dessa forma que se sucedem as estações do Ano: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Os Pontos Celestes em que o Sol corta o Equador Celeste (na ida e no retorno do Sol ao Hemisfério Sul) são chamados de Pontos Equinociais. Um acontece a 0º de Áries, (que é também chamado de ponto vernal) e outro a 0º de Libra. Assim, 0º de Áries marca o início da Primavera no Hemisfério Norte e do Outono no Hemisfério Sul.
Os pontos solsticiais são os pontos de máxima declinação Norte ou Sol, a 23° 26’ e são chamados de Pontos Tropicais. Sabemos, por exemplo, que o Trópico do Capricórnio passa aqui, no Estado de São Paulo, bem perto da Capital. O Trópico de Câncer passa pelo Hawaii, por exemplo. Quero lembrar também o mito que deu origem às estações do ano.
Esse mito era celebrado na Antiga Grécia com as Iniciações de Eleusis. Conta a lenda que Demeter, a Mãe Terra, tinha uma filha belíssima, chamada Perséfone (Prosérpina para os romanos). Um dia ela colhia flores num campo quando, por uma fenda no chão, surgiu Hades (ou Plutão), deus do reino dos mortos, que a raptou e a levou para o seu mundo subterrâneo. Demeter ficou desesperada com a perda da amada filha, chorou e entristeceu, e a terra secou, não dando mais alimentos para seus filhos. Demeter retirou-se em Eleusis para chorar, enquanto os homens morriam de fome e tudo ficava escuro e frio. Zeus (ou Júpiter), com pena de Demeter, ordenou a Hades que devolvesse a filha amada à sua mãe. Mas Perséfone havia comido uma romã enquanto estava com Hades, e tinha assim, simbolicamente, se ligado a ele. Para chegar a um compromisso, Hades e Demeter fizeram um acordo: Perséfone passaria seis meses na Terra com a mãe, e voltaria ao mundo dos mortos durante os outros seis meses. A volta de Perséfone à Terra marcaria assim o retorno da vida, da estação das flores e do tempo bom, com o início da Primavera. Esse mito nos lembra a promessa da ‘vida após a morte’, do eterno ciclo que faz tudo renascer continuamente, como num eterno carrossel. O Inverno então seria o tempo em que os grãos estão debaixo da terra, na espera da Primavera para renascer, como nossas almas que passam um período de ‘inverno’ entre as várias encarnações. Outras analogias podem ser feitas analisando o mito: a necessidade do compromisso e do acordo, o ciclo da vida e dos acontecimentos na Terra e outros mais.
Nós, que vivemos no Hemisfério Sul, devemos lembrar que agora Perséfone está no outro Hemisfério, e para nós é chegado o momento de recolhimento interior. Esse é o período mais frio do ano, mesmo num país tropical como o nosso. Esse tempo frio nos convida à reflexão e nos pede que nos voltemos mais ‘para dentro’. É um período ideal para começar um curso de meditação, por exemplo! Podemos fazer uma pausa que irá preparar nosso futuro desabrochar, pensando na morte e no renascimento, por exemplo... porém, não somente a morte física, mas também a morte simbólica. De fato, o grão de trigo plantado no outono, após o descanso do inverno, renasce como planta na primavera, e, para tanto, morre como semente. Ele sofreu uma transformação. Deu início a uma nova vida.
Meditemos sobre isso usando as palavras que um grande iniciado deixou escrito em seu túmulo: “Louvado seja esse mistério que nos foi concedido pelos deuses, pois a morte não é um mal para os mortais, mas sim um bem”.