Receber e Exigir
por Simone Arrojo em AutoajudaAtualizado em 25/07/2022 12:25:21
A ordem do amor entre pais e filhos envolve ainda um quarto elemento. Os pais são grandes, os filhos pequenos. Assim, o certo é que os pais deem e os filhos recebam. Pelo fato de receber tanto, o filho sente a necessidade de pagar. Dificilmente suportamos quando recebemos algo sem dar algo em troca. Mas, em relação a nossos pais, nunca podemos compensar. Eles sempre nos dão muito mais do que podemos retribuir.
Alguns filhos querem escapar da pressão de retribuir e dos sentimentos de obrigação ou de culpa. Eles dizem, então: "Prefiro nada receber, assim não sinto obrigação nem culpa". Esses filhos se fecham para seus pais e, nessa mesma medida, sentem-se pobres e vazios. Pertence à ordem do amor que os filhos digam: "Eu recebo tudo com amor". Assim, eles irradiam contentamento para os pais, e estes percebem a felicidade deles. Esta é uma forma de receber que é simultaneamente uma compensação, porque os pais se sentem respeitados por esse receber com amor. Eles dão, então, com um prazer ainda maior.
Quando, porém, os filhos dizem: "Vocês têm que me dar mais", o coração dos pais se fecha. Por causa da exigência do filho, eles não podem mais cumulá-lo de amor. Este é o efeito de tais reivindicações. Esse filho, por sua vez, mesmo quando recebe alguma coisa, não consegue tomar o que exigiu.
O Grupo Familiar
Entretanto, nossa vinculação não se limita aos pais. Pertencemos também a um grupo familiar, a uma estirpe, um sistema maior. O grupo familiar se comporta como se fosse dirigido por uma instância comum e superior. Ele é comparável a um bando de pássaros em formação. De repente, todos mudam a direção do voo, como se tivessem sido movidos por uma força superior comum.
No grupo familiar, essa instância superior atua quase como um comando (Gewissen) interior partilhado por todos, e que atua de modo amplamente inconsciente. Reconhecemos as ordens a que obedece pelos bons efeitos de sua observância e pelos maus efeitos de sua violação.