Alcançar e conceder a liberdade
por WebMaster em AutoconhecimentoAtualizado em 04/03/2002 15:50:51
Recebido de Rubia Americano Dantés
O objetivo supremo de toda a humanidade é a perfeição. Para alcançar este estado, o homem precisa aprender a passar incólume por todas as experiências e enfrentar todas as interferências e tentações sem desviar-se de seu curso. Assim, estará livre de todas as dificuldades, empecilhos e sofrimentos da vida e terá armazenado em sua alma o perfeito amor, a sabedoria, a coragem, a tolerância e a compreensão, que são resultado da visão e do conhecimento de tudo – o mestre perfeito é aquele que percorreu cada ramo de seu ofício.
Podemos tornar essa jornada uma alegre aventura se percebermos que só alcançamos a liberdade ao concedermos liberdade. Só seremos livres ao libertarmos, pois é apenas pelo exemplo que podemos ensinar. Quando dermos liberdade a cada ser humano que está em contato conosco e a cada criatura, a cada coisa que está ao nosso redor, então seremos livres. Quando não tentamos, mesmo naquele mínimo detalhe, dominar, controlar ou influenciar a vida de outra pessoa, perceberemos que as interferências estão fora de nossas próprias vidas, porque as cadeias que utilizamos para prender os outros são as mesmas que nos atam. Houve um certo jovem que estava tão ligado a seus bens, que não conseguiu aceitar uma dádiva divina.
E podemos nos libertar muito facilmente do domínio dos outros. Basta, em primeiro lugar, dar-lhes absoluta liberdade e depois, muito gentil e carinhosamente, recusar-lhes o domínio sobre nós. Nenhuma força, nenhum ressentimento, nenhum ódio e nenhuma crueldade. Nossos oponentes são nossos amigos; eles fazem o jogo valer a pena e devemos todos nos cumprimentar ao final da partida.
Não devemos esperar que os outros façam o que queremos; suas idéias são corretas para eles e, embora seu caminho possa ter uma direção diferente da nossa, o objetivo ao final da jornada é o mesmo para todos nós. É quando queremos que os outros concordem com nossos desejos, que nos desentendemos com eles.
Somos como navios cargueiros com rotas para diferentes países do mundo: alguns para a África, alguns para o Canadá, outros para a Austrália, que depois retornam para o mesmo porto de partida. Por que seguirmos um navio para o Canadá, quando nosso destino é a Austrália? É pura perda de tempo.
Talvez não percebamos as pequenas coisas que nos amarram. Todas as coisas que queremos reter junto a nós são aquelas que os refreiam; pode ser uma casa, um jardim, uma peça do mobiliário. Até mesmo essas coisas têm direito à liberdade. Os bens materiais são, antes de tudo, transitórios, dão origem à ansiedade e à preocupação, porque interiormente sabemos que constituem perda final e inevitável. Tais bens aqui estão para nos dar alegria e para serem admirados e usados em toda a sua capacidade, mas não para ganharem tanta importância a ponto de se tornarem as correntes que nos amarram.
Se dermos liberdade a tudo e a todos que estiverem ao nosso redor, essa liberdade, por sua vez, nos fará mais ricos de amor e bens do que éramos anteriormente, pois o amor que liberta é o grande amor que nos aproxima.
Edward Bach - 1932