Em busca de sentido

Autor Rodolfo Fonseca
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 07/03/2025 12:45:52
Viktor Frankl, neuropsiquiatra austríaco e sobrevivente dos campos de concentração nazistas, transformou sua experiência extrema em uma filosofia que hoje inspira milhões a encontrar sentido mesmo nas adversidades. Em sua obra clássica Em Busca de Sentido, o autor propõe a logoterapia - a ideia de que a principal motivação do ser humano não é o prazer ou o poder, mas a busca de um significado para a vida.
Seu pensamento nos desafia a enxergar o vazio existencial não como um destino inevitável, mas como um convite à autorresponsabilidade e ao autoconhecimento.
Para ele, a "vontade de sentido" é o impulso fundamental que move os seres humanos. Diferente das teorias freudianas que enfatizam a busca do prazer ou o desejo de poder, a logoterapia defende que mesmo no sofrimento mais profundo, podemos encontrar um propósito. Em meio à dor e à adversidade, quando tudo parece perdido, a possibilidade de descobrir um sentido - seja através de um trabalho significativo, de relações afetivas ou do enfrentamento corajoso dos desafios - torna-se a chave para a superação.
Frankl identifica três vias principais pelas quais podemos criar significado em nossas vidas:
Criatividade o que você oferece ao mundo, seja através do trabalho, da arte ou de projetos pessoais, a expressão criativa é uma maneira poderosa de transformar suas experiências.
Experiência o que você recebe do mundo, as conexões humanas e a apreciação pela beleza que nos rodeia podem preencher o vazio existencial. As relações significativas e os momentos de contemplação são fontes inesgotáveis de sentido.
Atitude como você responde ao sofrimento, mesmo diante das inevitáveis adversidades, a maneira como escolhemos encarar o sofrimento pode ser um ato de liberdade e autotranscendência.
Escolher sua atitude em qualquer circunstância."
Na sociedade contemporânea, o vazio existencial se manifesta de várias formas. Fenômenos como a síndrome do burnout, o FOMO (Fear Of Missing Out - o medo de estar perdendo algo) e a constante busca por validação nas redes sociais são sinais claros de uma crise de sentido. Muitos de nós vivemos rotinas mecanizadas, onde a vida se reduz a consumir e produzir, sem que haja uma reflexão profunda sobre o que realmente nos motiva. Essa desconexão pode gerar uma sensação de vazio, de que algo essencial falta, mesmo em meio ao progresso tecnológico e econômico.
Frankl não deixou sua filosofia apenas como um conceito abstrato, mas propôs ferramentas práticas para transformar o sofrimento em crescimento pessoal.
- Diálogo com o Futuro: Pergunte-se: "Se eu olhasse para trás daqui a 10 anos, o que gostaria de ter realizado? Quais valores desejo ter vivido?" Use essa projeção para definir prioridades e orientar suas escolhas atuais.
- Reenquadramento do Sofrimento: Diante de uma dificuldade, escreva: "O que esta situação está me ensinando?" e "Como posso crescer a partir disso?" Transforme cada obstáculo em uma oportunidade para aprender e se reinventar.
- Lista de Sentidos: Faça uma lista das atividades, pessoas ou causas que lhe trazem verdadeira plenitude. Compare com como você distribui seu tempo. Essa reflexão pode revelar discrepâncias e indicar áreas que merecem mais atenção.
A visão dele também se alinha com outras correntes que valorizam o autoconhecimento e a resiliência, como a Psicologia Positiva, que foca nas forças pessoais, e o Estoicismo, que ensina a focar no que está sob nosso controle.
Juntas, essas abordagens nos mostram que a verdadeira libertação reside não em escapar do sofrimento, mas em transformá-lo em um trampolim para uma vida mais consciente e significativa.
Viktor Frankl nos ensina que a busca de sentido é uma jornada pessoal que nasce do enfrentamento do vazio existencial. Em vez de ver o sofrimento como uma condenação, podemos transformá-lo em uma oportunidade de autoconhecimento e crescimento. Cada desafio, cada momento de dúvida, carrega a semente de uma nova descoberta.
A vida, por mais imprevisível e dolorosa que possa ser, nos oferece a liberdade de escolher como reagir e, assim, construir um caminho de significado e realização. No final, o que realmente importa não são as circunstâncias que enfrentamos, mas a maneira como as transformamos em nossa própria história de coragem e resiliência.