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Sobre Alquimia

por Messias Alves em Autoconhecimento
Atualizado em 25/09/2002 15:48:20


Sobre Alquimia

Erich Fromm, famoso psicanalista e psicólogo social, analisando a condição existencial do ser humano, escreveu que “o homem foi lançado neste mundo em local e ocasião acidentais, e é obrigado a sair dele, também acidentalmente”.

Sendo ele semelhante, em muitos aspectos, a todos os seres viventes, está sujeito às mesmas leis, irredutíveis e imutáveis, do Universo. A natureza, no entanto, dotou este ser de certas qualidades que o diferencia dos outros animais terrestre: a consciência de si mesmo, a razão e a imaginação. Estes atributos, porém, que poderiam ser a sua benção, são a sua maldição. Tendo consciência de si mesmo, o homem percebe a sua impotência e as limitações de sua vida. É o único animal que visualiza o seu próprio fim, o que é contrário à sua existência e incompatível com a experiência de viver. Embora dotado de todas as potencialidades humanas, a curta duração de sua vida — como observou o imperador Júlio César — não lhe permite realizar todas as suas aspirações, mesmo nas condições mais favoráveis. A sua vida começa e termina em um ponto fortuito da marcha evolutiva da raça, chocando-se tragicamente com a reivindicação do indivíduo para realizar todas as suas possibilidades. Entre o que ele espera realizar e o que de fato realiza, existe grande diferença. Por isso, desde a mais remota antigüidade, tem empregado esforços na busca de tudo quanto se diz ser uma promessa de longevidade. A “Fonte da Juventude” e o “Elixir de Longa Vida”, tem sido, através dos tempos, duas das mais profundas aspirações do ser humano. Tudo que ele tiver, diz Erich Fromm, dará por sua vida.

Ao longo da historia, os grandes alquimistas tentaram encontrar a Medicina Universal. Uma certa Panacéia que, ao ser totalmente sublimada, se converteria na Fonte da Juventude, no Elixir de Longa Vida e na Chave da Imortalidade; tanto no sentido espiritual como misteriosamente físico. O Elixir não só curaria as doenças, eliminando pela raiz as causas que as produzem, mas também poderia fazer que o corpo rejuvenescesse e se convertesse finalmente em um “corpo de luz” incorruptível.

A maioria dos dicionários referem-se a alquimia como a química medieval que procurava descobrir a pedra filosofal, aquela famosa pedra, capaz de transformar qualquer metal comum em ouro. Mas, segundo os alquimistas, a misteriosa doutrina se refere a uma realidade de ordem superior, que conforma a essência que está na base de todas as verdades e religiões. A perfeição desta essência é denominada Absoluto. Pode ser percebida e compreendida, segundo eles, como a maior Beleza de todas as Belezas, o maior Amor de todos os Amores e o mais Alto do Alto. Só é necessário, para isso, que a consciência do indivíduo mude profundamente e passe do nível normal de percepção (o chumbo), a um nível sutil de percepção (o ouro), de maneira que cada objeto se perceba como a forma arquetípica perfeita, contida dentro do Absoluto. A percepção da perfeição eterna do todo em todos os lugares é o que constitui a Redenção Universal.

A alquimia seria como um arco-íris que atravessa o abismo existente entre o plano terrestre e o celestial, entre a matéria e o espírito. Como o próprio arco-íris, pode parecer que está ao nosso alcance. Mas se corremos atrás dela com o único objetivo de encontrar uma montanha de ouro, ela se afastará.

Afirmam que esta ciência, sagrada, secreta, antiga e profunda, também denominada arte real ou sacerdotal e filosofia hermética, esconde atrás de textos esotéricos e emblemas enigmáticos, os caminhos para penetrar nos segredos mais profundos da natureza, da vida, da morte e da unidade, da eternidade e do infinito. Em vista de tais segredos, o de fabricar ouro teria pouca importância.

Não é simplesmente uma arte ou uma ciência que ensine a realizar a transmutação de uns metais em outros, mas sim uma ciência sólida e verdadeira que ensina a conhecer o centro de todas as coisas, o que na linguagem divina se denomina o Espirito da Vida.

No entanto, o processo da transmutação, apesar de não ser o objetivo final, é uma parte essencial da Grande Obra - O Magnum Opus - que consiste em conseguir tanto a realização material como a espiritual.

O ouro, devido à sua natureza incorruptível e às suas notáveis características físicas é, para eles, o sol da matéria. Uma analogia da perfeição final que eles tentam conseguir ao fazerem que os metais comuns alcancem o bendito estado do ouro. Como o ouro é também, de certa forma, a sombra do sol, o sol é a sombra de Deus.


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