Vamos falar sobre suicídio?
por Bel Cesar em AutoconhecimentoAtualizado em 08/04/2020 11:35:16
Ao mesmo tempo em que a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que pelo menos 850.000 pessoas devem cruzar o Mar Mediterrâneo para buscar refúgio na Europa neste e no próximo ano, alerta que mais de 800 mil pessoas cometem suicídio por ano no mundo. Isso representa uma morte a cada 40 segundos. Porque uns arriscam-se a morrer para poder viver enquanto outros tentam o suicídio? É claro que não encontraremos respostas sucintas para esta pergunta, mas ela nos leva a refletir sobre a força de querer viver e o desejo de morrer.
Há uma questão evidente: enquanto os imigrantes mantêm a esperança de receber ajuda, os suicidas são incapazes de fazê-lo com sucesso.
Quando perdemos a confiança em que algo ou alguém pode nos ajudar, fechamo-nos em nós mesmos de modo tão profundo que não podemos mais expressar com palavras o que ocorre em nosso interior. Temos medo de que nossos pensamentos revelem este ambiente interior. Em casos extremos, este estado leva a um isolamento social grave conhecido Japão por "hikikomori", no qual a pessoa se fecha completamente ao mundo, permanecendo em um quarto por meses ou mesmo anos. Parece que a maioria deles são homens. Mas, atualmente, sabe-se que é crescente o número destas pessoas em qualquer grande centro urbano do mundo, e com maior incidência em famílias com maior poder aquisitivo. Ficar em casa tem se tornado mais seguro e confortável em muitos aspectos, mas o feitiço já se voltou contra o feiticeiro: há uma crescente desmotivação para enfrentar o mundo.
Cada um sabe a seu modo o quanto se sente isolado ou se está em busca do contato social cara a cara. Não podemos nos esquecer como é tocar e sermos tocados afetivamente por uma pessoa. Não estamos falando exclusivamente do toque sexual, mas sim, de simplesmente ser tocado.
Ocorre algo muito especial em nós quando nos encontramos com alguém com quem podemos estar de mãos dadas, olho no olho. Confiança, a segurança de que algo positivo pode ocorrer a partir deste momento. Todo nosso ser reconhece que estes gestos representam certa esperança de que "tudo vai dar certo". Talvez não haja saídas claras para o conflito iminente, mas de alguma forma recuperamos a confiança de que uma saída há de surgir. Esta sutil esperança salva vidas. Como exemplo do que estou dizendo, indico assistir o TED Kevin Briggs: A ponte entre o suicídio e a vida.
Ele patrulhava a ponta sul da Ponte Golden Gate em São Francisco, um lugar popular para tentativas de suicídio. Salvou inúmeras vidas por saber manter o olhar olho no olho. Olhar nos olhos da pessoa com afeto, abraçar e ficar de mãos dadas, libera o hormônio oxitocina que fortalece a sensação de acolhimento e pertencimento. Estes sentimentos formam a base da esperança de que viver vale a pena.
Apesar do Brasil ser o oitavo país em número de suicídios, este assunto ainda é silencioso. Nos últimos vinte anos, o suicídio cresceu 30% entre os brasileiros em idade produtiva, tornando-se a terceira principal causa de morte de pessoas nessa faixa etária no País. Vamos falar abertamente sobre o suicídio com o psiquiatra Dr. Sergio Klepacz dia 17 de Outubro na Sede Vida de Clara Luz.
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