A chave da felicidade
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 10/07/2008 17:35:08
“Acho que sou feliz.
Eu quero tudo o que tenho,
só desejo o que posso
E sou da minha idade.
Será isso a tal felicidade?"
Climério Ferreira - poeta e compositor piauiense.
É incrível como aqueles que vivem conectados plenamente com sua sensibilidade e atentos aos pequenos detalhes que compõem a riqueza da vida, como os artistas, acabam por contatar a sabedoria divina que habita neles, sem que façam qualquer esforço neste sentido.
Os versos acima, escritos por um poeta e compositor popular, revelam em poucas palavras os ensinamentos que os Mestres espirituais têm transmitido ao longo de muitos anos.
Expressam de modo simples e objetivo o segredo para se alcançar a felicidade, que nada mais é do que aceitar tudo o que possuímos e recebemos da vida, como um bem precioso. Ao invés de renegar o que a existência nos atribui, devíamos querer exatamente o que recebemos, desejar apenas o que está ao nosso alcance e vivenciar nossa idade cronológica de modo natural.
Numa época em que muitos correm atrás da eterna beleza física, - como se somente ela simbolizasse o sentido da palavra juventude -, e se recusam a aceitar que o tempo passa, assumir a idade que se tem de modo sereno é uma conquista ao alcance somente daqueles que já alcançaram um grau considerável de consciência, e já não se deixam arrastar pelos apelos da massificação.
De acordo com os ensinamentos do budismo, o desejo é a fonte de toda a infelicidade, pois ele nos torna eternamente insatisfeitos com aquilo que possuímos, e leva-nos a criar um novo desejo tão logo alcançamos algo pelo qual tenhamos ansiado intensamente.
Naturalmente isto acontece porque vivemos em função da mente, cuja principal característica é criar desejos, expectativas e metas a serem atingidas, e colocar a nossa chance de felicidade sempre no futuro. Enquanto corremos atrás de tudo aquilo que ainda não possuímos, o valor do que já está ao nosso alcance passa despercebido, na maior parte do tempo.
Conquistar um estado de Ser espontâneo, autêntico e natural, é viver o momento presente de maneira total, focando-se naquilo que acontece nesse exato instante, ainda que nele estejamos sofrendo alguma dor ou tristeza. Vivenciar plenamente o agora é assumir essa tristeza, mas não se apegar a ela de modo patológico, ou enxergá-la como nossa única condição de vida.
É possível descobrir na tristeza e na dor uma nova consciência, a de que a existência é uma imensa colcha de retalhos, que vamos compondo com pedaços belos e outros nem tanto. Mas todos, juntos, formam um rico painel, composto não só de cor como de sombra. Sem qualquer um deles, o resultado não seria o mesmo e certamente ficaria incompleto, e nos impediria de compreender o real significado da palavra Todo.
“Até agora, você viveu de um determinado modo - você não gostaria de viver de um modo diferente? Até agora, você pensou de um certo modo - você não gostaria de vislumbrar novas perspectivas? Então fique alerta e não dê ouvidos à mente.
A mente é o seu passado, tentando, constantemente, controlar o seu presente e o seu futuro. É o passado morto que continua a controlar o presente vivo. Simplesmente fique alerta com relação a isso.
Mas qual é o caminho? Como a mente continua a fazer isso? A mente o faz com o seguinte - ela diz: ‘Se você não me der ouvidos, não será tão eficiente quanto eu. Se fizer uma coisa habitual, poderá ser mais eficiente, porque já a fez antes. Se fizer uma coisa nova, você não poderá ser tão eficiente’.
A mente continua a falar como um economista, um especialista em eficiência.
Continua a dizer: ‘É mais fácil fazer isso assim. Por que fazer do modo mais difícil? Siga a lei do menor esforço’.
Lembre-se: sempre que você tiver duas coisas, duas opções, escolha a nova. Escolha a mais difícil, escolha aquela que exigirá maior consciência. Em vez da eficiência, escolha sempre a consciência. Assim, você criará a situação ideal para a meditação.
Tudo isso são apenas algumas sugestões; a meditação acontecerá - não estou
dizendo que apenas por realizá-las você entrará em meditação,- mas elas serão úteis: produzirão em você a condição necessária, sem a qual a meditação não pode ocorrer.
Seja menos eficiente, porém mais criativo. Deixe que esse seja o estímulo. Não se preocupe muito com fins utilitários. Em vez disso, lembre-se constantemente de que você não está aqui na vida para se tornar uma mercadoria. Você não está aqui para se tornar algo útil; isso seria pouco digno. Você não está aqui para se tornar cada vez mais eficiente.
Você está aqui para se tornar cada vez mais vivo; você está aqui para se
tornar cada vez mais inteligente; você está aqui para se tornar cada vez mais feliz, extasiantemente feliz. Mas isso é totalmente diferente dos caminhos da mente”.
OSHO – Criatividade.