Abertos ao fluxo...
por Rubia A. Dantés em EspiritualidadeAtualizado em 08/04/2020 11:34:55
No meu aprendizado sempre foi muito enfatizado, pelas pessoas que naquele momento estavam sendo meus Mestres... o "seguir o coração"... e o não fazer nada só porque "tem que fazer".
E isso bate fundo com o que hoje é verdade para mim... quando, fazemos porque temos que fazer, parece que algo se perde... primeiro, a responsabilidade que passa a ser do outro, e depois... uma espontaneidade, que é fundamental para seguir o coração... uma soltura...
Se fazemos porque "temos" que fazer, isso por si só já tira toda chance de seguirmos o nosso coração, porque... já temos um caminho predefinido... Sei que, às vezes, é mais fácil seguir o outro cegamente do que assumir responsabilidades e seguir nosso próprio coração. É um risco muito grande para quem gosta de ficar à sombra, aparentemente protetora, dos que gostam de seguidores... Mas será que essa sombra protege ou nos prende?
Para mim, tudo o que nos impede de seguir o nosso coração, que não leva em conta a conexão direta que cada um tem com a Divindade, é uma forma de prender e de nos controlar...
E não gosto mesmo, de "ter que" seguir regras, mesmo que elas sejam trazidas por seres muito iluminados, se isso não passa pelo filtro do meu coração. Mesmo porque eu acredito que os seres muito iluminados querem nos ensinar justamente o caminho da conexão direta com a Divindade e não da dependência de intermediários...
Isso não quer dizer que você não possa seguir uma pessoa, uma crença... ou seja o que for, até a vida inteira... Se é assim que você se sente bem e que seu coração lhe indica, não é isso... O que quero dizer é daquelas vezes onde, por medo de ouvir a nossa própria intuição ficamos à sombra de pessoas, de doutrinas e de crenças por absoluta comodidade... e para darmos uma satisfação a sei lá quem de que estamos no caminho... Podemos estar no caminho do outro, mas não no nosso...
Claro que na minha vida, já segui muitas coisas, já escutei e adotei muitos conselhos que me foram dados... e muitas vezes até segui assim, só por seguir porque aquela pessoa, na época, representava um tipo de autoridade para mim... E acho que foi certo... que são degraus de aprendizado... de abertura de consciência... honro cada passo no meu caminho e sei que todos foram os que precisei passar.
Mas desde o início, fui alertada por meus Mestres sobre o seguir o "coração" e se na época ainda não tinha confiança para fazer isso, não foi por falta de aviso. Acho que cada um de nós entra em sintonia com o que precisa.
Mas hoje eu busco ouvir o meu coração em qualquer circunstâncias e não compro nenhum pacote pronto, se ele não preenche a minha sede de Alma...
Muitas ferramentas nos chegam como setas preciosas nos indicando caminhos... mas não devemos nunca nos prender as setas como se fossem um fim em si mesmas... assim como muitas pessoas são nossos Mestres por mais ou menos tempo... mas sempre para nos mostrar o caminho da conexão direta e não para nos prender em ensinamentos e regras fixas que não permitem a fluidez da mudança.
Sei que muitos acessam a Fonte e de lá nos trazem informações preciosas... mas essa é a mesma Fonte que está disponível a todos nos... e tudo que é muito rígido e não permite mudança, não está fluindo com essa possibilidade.
Uma vez, um amigo muito querido e especial, que é um Índio Mapuche me disse que para a espiritualidade sempre tem mais... e eu acreditei...
Então, procuro receber as coisas boas que me chegam... para me tornar um ser humano melhor, mas não me prendo a nada que tenha regras muito fixas e, portanto, não permitem esse enriquecimento que sempre chega em tudo que está aberto ao fluxo...
Hoje sinto que... mais do que nunca, é hora de aprendermos a confiar na nossa intuição, de aprendermos a seguir o nosso próprio coração, por mais que ele fuja as regras... e a confiar nesse guia precioso que temos o tempo todo disponível...
Sei que existem momentos, que nos sentimos tão perdidos, que não sabemos mesmo o que fazer... e logo corremos para buscar ajuda... fora.
Sei que isso pode funcionar algumas vezes... mas, seria bom que, mesmo diante das situações onde não sabemos o que fazer, conseguíssemos permanecer no aparente caos que se instala, sem tentar fugir buscando soluções rápidas... e, partir daí... encontrar o nosso centro nessa situação... um ponto de silêncio e calma que sempre existe... e esperar que do vazio a resposta clara surja... no tempo certo.
Se fugirmos sempre, quando nos sentirmos pressionados pelos problemas, buscando soluções fora, podemos perder a oportunidade de acessar a fonte de sabedoria e de paz que habita em cada um... e que está ali sempre disponível...