Alegria
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 10/04/2008 15:10:57
Sentir alegria deveria ser o estado natural de todo ser humano, pois é esta a condição inicial em que chegamos ao planeta. Infelizmente, à medida que crescemos, vamos perdendo contato com esta fonte de felicidade que habita em nós.
Nossa alegria passa, então, a ser condicionada por diversos fatores. Só podemos ficar alegres se tivermos muito dinheiro, alguma posição de destaque no mundo, um amor ideal que preencha todas as nossas necessidades e por aí adiante.
Ocorre que na maioria das vezes, as nossas elevadas expectativas acabam por serem frustradas. Ainda que façamos nossa parte com grande empenho, a vida nem sempre corresponderá a todos os nossos desejos.
Mas continuamos na busca e, na falta de uma alegria genuína, passamos a nos contentar com as falsas e passageiras, que na verdade nada mais são do que momentos de euforia artificial, provocada por agentes exteriores, alguns deles prejudiciais ao nosso equilíbrio físico e emocional.
Como, então, se libertar das feridas emocionais que nos impedem de experimentar o estado de felicidade? O primeiro passo é redescobrir a capacidade de nos alegrar com as coisas aparentemente pequenas e insignificantes da vida. Quanto mais formos capazes de encontrar motivos para sentir alegria no simples fato de estarmos vivos, uma vez dispostos a isto, certamente conseguiremos resgatar a nossa fonte interior de felicidade.
“... A alegria desta vida, a felicidade e o êxtase pertencem apenas àqueles cujo vinho não vem de fora - esse é muito efêmero, muito temporal, feito com o mesmo material que os sonhos são feitos. Existe um outro vinho que se desenvolve dentro de você.
No momento em que você começar a se mover para dentro, não haverá mais necessidade de coisa alguma para torná-lo alheio a todas as misérias que o rodeiam. Não haverá necessidade alguma de qualquer outra droga.
Uns poucos idiotas no Ocidente começaram a chamar uma droga de ‘êxtase’. Bem, isso é absolutamente contrário a todas as leis do mundo, porque... o êxtase não é uma droga externa, ele flui no próprio sumo da vida. Você não tem que mover nem mesmo uma polegada; onde estiver, você poderá estar rodeado por todas as possibilidades de felicidade. E essas possibilidades de felicidade não são temporais; e você não terá uma ressaca amanhã de manhã. Quanto mais você bebe, mais sóbrio, mais sadio, alerta e consciente você se torna.
... No que me diz respeito, o meu interesse é que, apesar de todos os governos, todas as religiões do mundo e todos os professores de moral terem estado contra as drogas, elas estão predominando hoje mais do que jamais estiveram. Quanto mais elas têm sido condenadas, proibidas, colocadas fora-da-lei, mais atraentes elas têm se tornado.
... Esta é uma história estranha - todas as religiões são contra as drogas, todos os governos são contra as drogas, todos os professores e os moralistas também, mas a influência das drogas continua aumentando. Deve haver alguma coisa mais profunda nisso, além do que as pessoas estão vendo.
O meu entendimento é que, a não ser que o homem encontre uma droga dentro de si mesmo, a qual eu chamo êxtase, ele continuará procurando algum tipo de droga substituta no mundo externo. Somente a meditação pode fazer uma pessoa parar de usar drogas. Nenhuma lei consegue proibi-las - todas as leis fracassaram.
Eu não sou contra o êxtase, mas quando eu digo êxtase, eu não me refiro a essa droga que está disponível no mercado. Eu quero dizer o êxtase com o qual você nasceu, aquele que você ainda carrega dentro de si e no qual ainda não tocou. Com apenas uma pequena degustação dele, tudo mais do lado de fora imediatamente se torna sem sentido.
Você tem a fonte do êxtase infinito dentro de si.
Sim, eu ensino vocês a serem bêbados, mas a sua bebida tem que vir do seu próprio centro mais interno. E a diferença pode ser facilmente compreendida: toda droga externa torna você inconsciente, viciado, e todo tempo você precisa de mais e mais, porque o seu corpo se tornará imune a ela.
O meu esforço... é fazê-lo abandonar todos os futuros, todas as esperanças, todas as ilusões, e simplesmente relaxar neste momento, sabendo perfeitamente bem que este é o único momento que existe. Tudo mais é memória ou imaginação.
Aquele que está no presente, imediatamente mergulha em seu próprio poço... Um poço de algo que não é venenoso, mas que é certamente extático. E uma vez que você conhece a sua própria fonte, não há necessidade alguma de ir a qualquer outro lugar...
... Deixem que isso fique registrado: a não ser que o homem encontre a droga autêntica, que está em seu próprio ser, não existe força alguma na Terra que possa proibir o álcool, que possa proibir a maconha, que possa proibir o haxixe, que possa proibir o LSD.
... O jeito de me entender é lembrar sempre que eu estou insistindo - por todos os lados e de toda maneira possível - somente num simples alvo, que é o seu ser mais interno... Eu quero deixá-lo só, absolutamente só, de modo que você não possa ter a ajuda de ninguém, de modo que você não possa se agarrar a nenhum profeta, de modo que você não possa pensar que o Gautama Buda vá salvá-lo. Ficando só, completamente só, é muito provável que você encontre o seu centro mais interno.
... Eis porque chamei a própria iluminação de o último jogo. Quanto mais cedo você abandoná-lo, melhor. Por que não, simplesmente ser? Por que correr desnecessariamente para cá e para lá? Você é o que a existência quer que você seja. Apenas relaxe”.
OSHO – Om Mani Padme Hum - Cap. 9.M