Amparadores Espirituais - Parte 2
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 13/03/2008 17:33:24
(Segunda parte da matéria, publicada na Revista Sexto Sentido
N. 22 - junho de 2001)
O especialista em projeção astral Wagner Borges conversou com a
Revista Sexto Sentido sobre sua atuação como amparador espiritual,
ajudando espíritos que encontram dificuldades para enfrentar a vida após
a morte do corpo físico.
Você já presenciou alguns desencarnes?
- Sim. Eu já vi pessoas morrerem e servi como elemento de ajuda no desprendimento.
Outro dia tive uma experiência. Vi um barco bem primitivo, cheio de africanos,
que estava fugindo de alguma coisa. O barco virou e todos morreram afogados. Eu
vi os espíritos saírem do corpo e, na hora, apareceu uma mulher
hindu, desencarnada, que estendia as mãos e projetava luz, puxando os espíritos
e enfiando-os dentro de um vórtice de energia. Eu já sabia que eles
seriam recebidos do lado de lá. Mentalmente ela me disse que os seres humanos
são cegos e não estão vendo esse amor, que os leva para o
outro lado na hora certa. Que todo mundo recebe assistência.
Quem define a vinda desse ser, que chega para ajudar? Ele sabe o que
vai acontecer com antecedência?
- Ela já sabe que vai acontecer. O processo de reencarnação
não é aleatório. Existe uma organização extrafísica,
com seres mais avançados que coordenam os processos daqueles que estão
submetidos à roda reencarnatória. Vou dar um exemplo: quando você
era pequeno, você não escolheu o colégio em que estudou -
seu pai e sua mãe o levaram para lá. Depois, você cresceu
e pôde escolher seu caminho. Quando uma consciência ainda não
sabe o que é melhor para ela, seres mais avançados coordenam o processo
até ela alcançar a maturidade para decidir o caminho. Então,
esses seres fazem com que ela reencarne em países e situações
adequados para aquela determinada alma aprender o que precisa. Às vezes,
você vem para uma vida para aprender uma única característica
que está faltando. Nós temos livre-arbítrio e podemos, por
exemplo, encurtar o tempo. O suicida é um exemplo disso. Ele vem com uma
carga vital e acaba se suicidando. Vamos chamar a vida na Terra de ano letivo:
o corpo é o uniforme, o planeta é a escola. Você é
enviado para uma série, cada vida é uma série. Ao longo da
vida certas coisas vão acontecer e não são livre-arbítrio,
mas experiências que esses professores preparam para que a pessoa aprenda
algo. Mas existe o livre-arbítrio. Dentro da sala de aula, o aluno não
escolhe o currículo que vai estudar, mas, por exemplo, pode escolher fazer
amizade com o colega ao lado ou não. Ele pode estudar mais ou menos. Pode
quebrar a carteira ou não. A postura do aluno dentro da sala de aula é
livre-arbítrio - o currículo que o aluno vai estudar é programado.
Como o aluno reage a esse currículo é livre-arbítrio.
E os ciclos familiares? Dizem que ficamos reencarnando junto com as
mesmas pessoas de um determinado ciclo até as pendências entre todas
serem resolvidas.
- Depende, isso também é relativo. Existem milhares que reencarnam
ao longo dos séculos e acabam se encontrando ao longo das vidas, mas têm
muitas pessoas que ainda estamos conhecendo, que não vêm de uma vida
passada. Alguns se perguntam: se há reencarnação, por que
a população da Terra continua aumentando? Porque vêm pessoas
de outros planetas para cá. Existem milhares de humanidades semelhantes
à nossa, espalhadas pela galáxia, na mesma evolução
que nós. Existem milhares de outras bem superiores, e milhares bem inferiores.
O que ocorre quando existe uma grande catástrofe, como terremotos?
- É uma espécie de carma coletivo. As pessoas são atraídas
para o lugar. Por exemplo, se precisa passar pela experiência de morrer
em um terremoto, você não vai nascer no Brasil, mas na Califórnia,
nas Filipinas, no Japão, em países sujeitos aos terremotos. O pessoal
que programa isso do lado de lá vai encaixar a pessoa num lugar em que
ela passe por aquela experiência. Isso já é direcionado. Quando
ocorre a tragédia coletiva, o pessoal do lado de lá já sabe
com antecedência e todos se preparam bem antes. Do mesmo jeito que existem
bancos de sangue nos hospitais, existem bancos de energia do lado de lá.
Como esses espíritos são sutis e as pessoas que estão desencarnando,
muitas delas, estão em condições bastante densas, vários
meses antes eles começam a extrair energia de médiuns, de pessoas
bondosas, de grupos ocultistas, espíritas, iogues. Eles captam essas energias
sem ninguém saber e vão guardando dentro de aparelhos extrafísícos.
Quando ocorre a tragédia, eles usam essa energia para romper os cordões
de prata, porque são energias de seres humanos para seres humanos, mais
compatíveis. Eu já vi isso do lado de lá. Esses seres espirituais
que ajudam - os chamados amparadores, guias espirituais ou benfeitores - são
pessoas, seres humanos desencarnados. Entre eles você vai encontrar desde
gente quase igual a nós, do mesmo nível, pessoas bacanas, até
aquele ser super-avançado que nem mais parece gente como nós, mas
uma criatura totalmente de luz.
E como alguém é recrutado para essa função?
- Na verdade, nós somos agentes interdimensionais e já fazíamos
parte dessa equipe do lado de lá. Apenas reencarnamos para servir de suporte
aos outros. A maioria dos sensitivos que conheço é dessa turma,
e é por isso que a comunicação que tenho com eles é
natural. Eu não acho que eles são superiores a mim, eles são
meus colegas. Agora, é claro que vai ter um colega mais ou menos igual,
um mais complicado e um mais avançado, como qualquer grupo de amigos. Você
vai ter um amigo que é gênio, um amigo que é chato e um que
é igual a você. Espíritos são apenas seres humanos
extrafísicos, eles não são divindades. Por exemplo, eu não
faço preces para espíritos. Quando ergo a mente em agradecimento,
penso num Todo, numa Consciência Cósmica, e se eu tiver de pensar
em alguém, penso em alguém como Buda ou Jesus, não como foco
religioso, mas como foco de inspiração, de exemplo.
Você tem um mentor?
- Tenho vários mentores. Existem sempre dois ou três que me acompanham
há mais tempo. Um deles se chama Vyasa, um hindu, e é quem eu chamo
de mentor de muitas coisas que escrevo. Esse é muito presente. Tem outro
que aparece como um chinês. E, dependendo da atividade do momento, um ou
outro é mais presente. Tecnicamente falando, guia espiritual é qualquer
um que ajude você em algum caminho. Até o ser humano ao seu lado
pode ser seu guia, se ele abre caminho para você. Mas, por melhores que
sejam os guias, nenhum deles pode caminhar por nós. O que eles podem fazer
é apontar caminhos, sugerir idéias. E os guias também não
tiram obstáculos do caminho, porque esses obstáculos nos fazem crescer.
Isso equivale a uma prova na qual o professor não pode dar as respostas
ao aluno. O guia, que é um professor, um mestre extrafísico, não
pode dar resposta de alguns dramas, porque você aprende mais na crise. Se
o guia eliminasse a prova a pessoa não desenvolveria aquela qualidade.
A função do guia, então, é tentar inspirar, para que
você agüente o tranco da prova, para que sua paciência seja grande,
para que seu amor não decaia, para que sua luz continue acesa, mesmo que
tudo esteja em trevas à sua volta.
E quando o guia vê, por exemplo, que uma pessoa vai cometer suicídio?
- Ele tenta o máximo possível jogar ondas mentais para ajudá-la.
Só que a pessoa costuma estar tão fechada em suas próprias
formas mentais, que fica impermeável. É a mesma coisa que tentar
conversar com um bêbado. Ele não escuta. Eu costumo dizer que muitas
pessoas estão embriagadas emocionalmente: elas não bebem álcool,
mas bebem emoções pesadas, tão pesadas que a capacidade de
discernimento desaparece. A pessoa é impermeável a tudo de bom que
alguém tenta dizer para ela aqui mesmo, na Terra; imagine do lado de lá.
Aí entram as leis de causa e efeito: a cada um segundo os seus pensamentos,
os seus sentimentos e os seus atos. É a lei mais justa que conheço,
na qual cada um recebe, lá na frente, aquilo que fez. Nós vamos
semeando a pista em que iremos andar; alguns jogam pregos, e daqui a pouco começam
a furar o pé nos pregos que jogaram. Mas existem pessoas que jogam flores.
Isso é causa e efeito, é carma, não tem nada a ver com punição. O umbral não é criação divina, é criação humana, porque esse plano é plasmado a partir das coisas trevosas que estão dentro de nós. Foi o ser humano trevoso que criou o plano astral pesado, da mesma forma que o ser humano avançado criou o plano astral avançado.
Existem idosos que desencarnam e seu espírito se manifesta
para pessoas 20, 30 anos depois com a mesma aparência envelhecida. Outros
parecem mais jovens, por que?
- O corpo físico não reflete nosso estado íntimo. Por exemplo,
eu posso estar mal, mas disfarçar e ficar rindo, e você não
vai saber que estou mal. O corpo físico, o rosto é uma máscara
que não reflete o que pensamos, por isso, podemos enganar uns aos outros.
Quando você sai do corpo, o corpo espiritual reflete o que você pensa,
de modo que não dá para enganar o seu estado íntimo. Até
aqui, no plano físico, às vezes você vê um ancião
e ele tem viço na expressão; outras vezes você vê um
jovem e ele está apagado. Quando a pessoa deixa o corpo, o espírito
que estava dentro dele, independente da idade, pode remoçar, porque seu
estado íntimo é jovem e o corpo espiritual plasma uma imagem remoçada.
Aquele que estava mal pode aparecer envelhecido, carregado.
Se a pessoa deixa o corpo com uma doença, ela pode continuar
com a doença no astral?
- Pode continuar até se desprender do condicionamento da doença.
Por exemplo, muitos cegos passaram tantos anos sem enxergar que acham que não
conseguem ver. Então, às vezes é feito um trabalho psicológico
para a pessoa perceber que não está cega e que aquilo é um
condicionamento. Uma vez eu vi um desencarnado que voava numa cadeira de rodas.
Ele não saía da cadeira porque passou 50 anos sentado em uma. Essa
cadeira não era mais física, virou psíquica, era o apoio
dele. O homem desencarnou e carregou a forma mental da cadeira de rodas. Depois
de um tempo ele vai se descondicionar e passar a voar normalmente, mas às
vezes a morte não quebra um condicionamento.
Mesmo depois do espírito ter passado por um hospital extrafísico,
onde seu cordão astral é rompido, ele passa por um tratamento para
se adaptar à nova realidade de sua existência sem corpo?
- Muitas vezes. O tratamento nos hospitais é energético, mas quem
pode mudar sua consciência? Pode-se tentar mudar a energia, deixar a pessoa
mais leve, mas ela mesma pode fazer esse processo ficar arrastado, lento. Sem
falar daqueles que não aceitam ter morrido, devido a vários fatores.
A pessoa se vê num corpo espiritual que reflete a aparência do físico;
ela olha para si mesma e pensa que não morreu, porque está com o
mesmo corpo, ou porque Jesus não apareceu como tinha sido prometido, ou
porque achava que depois da morte ia ficar dormindo até o dia do Juízo
Final. E, se perguntam a ela por que ninguém a vê, ela diz que estão
todos cegos. A pessoa arranja mil e um motivos para não admitir o que aconteceu.
Imagine as pessoas que negam a morte a vida inteira - quando morrem elas não vão querer discutir isso e arranjam uma camuflagem psicológica, distorcendo a realidade. Uns falam que é um pesadelo, que vão acordar e descobrir que tudo aquilo não é verdade. Ou que os espíritos à sua volta são demônios, que estão torturando. A pessoa fica num estado de confusão e, às vezes, demora para melhorar. Mas uma coisa eu garanto: toda pessoa que está bem por dentro tem um processo muito mais rápido do lado de lá. E uma coisa com a qual as pessoas não podem se enganar: uma excelente pessoa pode morrer violentamente, atropelada, ou assassinada. O fato do corpo dela ter ficado em picadinhos embaixo de um carro não significa que ela esteja mal. Um segundo depois ela pode estar bem do lado de lá. E o fato de alguém morrer na cama, dormindo, não garante que ela vá estar bem do outro lado. Tem muito pilantra que morre dormindo. As pessoas se iludem com a aparência do cadáver. O gênero de morte não determina a qualidade da consciência, porque o que determina essa qualidade não é a morte e sim o que se fez em vida.
Existem pessoas que, antes de deixar o corpo, começam a ver
parentes já falecidos.
- Isso porque eles geralmente vêm ajudar, vêm puxar a pessoa para
fora. Ainda mais alguém de idade, que já está adoentado,
com os sentidos físicos amortecidos. Essa pessoa está tendo um adiantamento
e, dias antes, já começa a ver o pessoal. Eu acho legal a pessoa
se desprender consciente do processo, porque ela carrega essa certeza dentro dela
e, nas próximas vidas, nasce encarando a questão da morte como algo
natural.
Uma dica que eu dou para o leitor: se a pessoa porventura estiver saindo do corpo na hora da morte, e estiver consciente, ele vai ver seres à sua volta. Se vir algum vórtice energético, ela deve entrar, porque irá fazer uma passagem de dimensões tranqüila. Se ela não ver ninguém - porque, às vezes, devido à diferença vibracional nessa hora, o cordão de prata ainda não se rompeu; os seres estão ali, mas a pessoa não os está vendo -, um conselho que eu dou é estender as mãos para a frente e projetar luz no centro da testa. O que acontece? O padrão dimensional do corpo espiritual dela muda e ela vê todo mundo ao redor.
E o que acontece depois que alguém desencarna, passa por um
hospital e já se encontra adaptada a sua dimensão?
- Nessas dimensões existem cidades extrafísicas plasmadas por seres
avançados, nas quais vivem comunidades de espíritos. Quando a pessoa
sai do corpo, vê o ambiente imediato, o quarto, a cama. A próxima
dimensão é o umbral, o plano astral mais pesado. Passando por ele,
estão os hospitais extrafísicos e, a seguir, as cidades astrais.
A pessoa não precisa passar por uma dimensão inferior para chegar
à outra, porque é uma questão de sintonia. Não é
um deslocamento espacial, mas um deslocamento de consciência.
Essas cidades, que existem sobre os lugares físicos, lembram os ambientes imediatos de onde a pessoa saiu. Por exemplo, uma cidade extrafísica por cima de São Paulo reflete uma realidade igual à de São Paulo. Os espíritos mantêm uma realidade igual paralela para que a pessoa se sinta ambientada logo que desencarna. Nessas cidades espirituais não existem problemas de dinheiro ou violência - é como se fosse a humanidade legal, projetada do lado de lá. É um ambiente humano, com nível igual ao nosso aqui, só que projetado do lado de lá. Então, as pessoas têm atividades de trabalho, lazer, como aqui, mas tudo simplificado e aprofundado. Ou seja, é o plano físico perfeito. Depois dessas cidades extrafísicas - em que a pessoa recupera a lembrança de vidas passadas, reaprende a voar, retoma ao seu nível -, ela passa para outra freqüência, mais compatível com seu estado interno. São os chamados lugares de estudo e aprendizado. Todo mundo que está ali sabe que teve outras vidas, lembra de tudo, sabe mexer com energia e já ajuda os outros. Nesses ambientes você ainda vê a divisão homem e mulher. Espírito não tem sexo, mas eles mantêm a identidade.