As interpretações psíquicas de Edgar Cayce
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 09/12/2002 11:44:00
Atendendo ao pedido de algumas pessoas que me escreveram, trago mais informações sobre o vidente americano, desconhecido para muitos, e as revelações que ele trouxe através de suas interpretações psíquicas.
Nascido nos Estados Unidos em 18 de março de 1877, Edgar Cayce é o mais famoso sensitivo já nascido naquele país. Embora tenha morrido em 5 de janeiro de 1945, ainda hoje médicos e psicólogos se ocupam da avaliação de suas ações.
Quando criança, Cayce conversava com pessoas que ninguém mais via, inclusive com seu falecido avô - que também possuía dons paranormais. A história, que hoje está na literatura científica, conta como Cayce descobriu sua fantástica capacidade "mental".
Edgar adoeceu gravemente quando ainda era menino. Convulsões e febre alta lhe consumiram até chegar ao coma. Enquanto os médicos tentavam em vão fazer a criança voltar à lucidez, Edgar, repentinamente, começou a falar, alta e nitidamente: explicou porque estava doente, indicou alguns medicamentos dos quais necessitava e disse quais os ingredientes de uma pomada com a qual deveria ser tratado, mediante fricções em sua coluna dorsal.
Médicos e parentes ficaram perplexos, pois não podiam imaginar de onde vinham ao garoto esse conhecimento e os vocábulos científicos. Uma vez que o caso parecia sem esperança, executaram suas indicações e a cura procedeu-se clara e rapidamente. A ocorrência divulgou-se por todo o estado do Kentucky. Como Edgar havia falado em estado de coma, muitas propostas surgiram no sentido de hipnotizá-lo para tentar obter conselhos para novas curas. Edgar recusou. Só quando adoeceu um amigo ele ditou uma receita precisa, usando palavras latinas que jamais conhecera. Uma semana mais tarde o amigo estava restabelecido.
Adulto, Edgar dedica-se à profissão de fotógrafo, mas resolve também prestar atendimento às pessoas doentes, em especial desenganados pela medicina, serviço este que ofereceu gratuitamente durante uns 40 anos, atendendo neste período uma média de seis mil pessoas. Precisava apenas saber nome e endereço da pessoa para poder medicá-la.
A austera American Medical Association concedeu a Caye uma licença especial para dar consultas, embora não fosse médico. Certa vez "prescreveu" a um paciente muito rico, certo medicamento que não foi possível descobrir em parte alguma. O homem colocou anúncios em jornais de grande circulação, inclusive no exterior. De Paris, um jovem médico escreveu que seu pai havia, anos atrás, preparado este medicamento, cuja produção, no entanto, há muito encerrara. A composição era idêntica às indicações de Edgar. Quase todas as faculdades psíquicas de Edgar Cayce se manifestavam sob o estado de transe, quando ele entrava como que em um sono hipnótico, fato que lhe rendeu o título de o profeta adormecido.
Além das consultas relativas à saúde, as interpretações de Cayce se inseriam no âmbito da reencarnação, do carma e das potencialidades individuais de desenvolvimento espiritual, e de obtenção de uma mais elevada consciência psicológica.
Cayce sublinhou que cada vida compreende a soma total de todas as vidas anteriores, no sentido de que cada um de nós está apenas a encontrar-se com o ego em todas as nossas experiências.
O que somos agora é um composto daquilo que fomos e, tudo o que foi antes construído, quer de bom, quer de mau, se contém nas oportunidades desta vida.
Cayce incita-nos a reconhecer que aquilo que somos hoje é o resultado do que fizemos de nossos ideais e do nosso conhecimento de Deus (ou as Forças Criativas) em vidas passadas.
As interpretações de Cayce vão ao encontro da antiga idéia de correspondência microcosmo-macrocosmo quando afirma “Todas as forças essenciais que se manifestam no Universo, manifestam-se no homem vivo e, acima de tudo, na alma do homem. Existem desde o princípio, no que respeita a este plano físico da Terra, regras ou leis na força relativa dos que governam a Terra e os seres do plano terrestre. Estas mesmas leis governam os planetas, as estrelas, as constelações, os grupos que constituem a esfera, o espaço no qual se movem os planetas”.
Edgar Cayce não acreditava conscientemente na astrologia quando começou a fazer “interpretações de vida” num esforço para explicar às pessoas as influências e o carma da vida passada. Estas interpretações, contudo, incluíam quase sempre referências a influências astrológicas de um tipo totalmente diferente daquelas relacionadas à tradicional astrologia ocidental.
Cayce afirmava que as influências astrológicas constituem um fato da vida porque, entre as encarnações terrenas, cada alma tem de habitar essas diversas e sutis dimensões do ser e sintonizar-se com elas.
As interpretações de Cayce indicam, portanto, que a nossa sintonia astrológica é resultado direto da viagem de nossa alma por essas dimensões. Aparentemente, ao habitarmos ou ao residirmos temporariamente nesses diferentes planos do ser, sintonizamo-nos com as várias vibrações e qualidades simbolizadas pelos planetas.
O conceito de Cayce da estada da alma noutras dimensões entre as vidas na Terra pode, talvez, explicar em grande parte a influência dos planetas nesta vida. Se, de fato, fundimos o nosso ser nessas dimensões do Universo em algum momento do passado, podemos ver que a nossa sintonia atual com essas dimensões não acontece por acidente, ou apenas em virtude de qualquer ação misteriosa dos raios planetários. Na verdade, assinalamos realmente essas qualidades e sintonizamo-nos com essas energias durante a nossa estada nas várias dimensões planetárias.
De acordo com o vidente, os signos do zodíaco são os modelos cármicos, os planetas são os teares e a vontade o tecelão. “Somos um deus a construir. Talvez os nossos horóscopos de nascimento nos mostrem em que fase da construção estamos e, especificamente, que ciclos de aprendizagem e desenvolvimento estamos agora completando”.Segundo as interpretações de Cayce, tudo o que a alma apreende deve ser materializado na vida, no plano físico, porque o desenvolvimento da alma deve ser feito enquanto ela se encontra no plano terrestre, com esforço e vontade aplicada.
A tônica no poder da vontade é um tema que encontramos em todas as interpretações do clarividente, visto que ele procurava colocar as influências astrológicas numa perspectiva correta, avisando constantemente às pessoas de que deviam esforçar-se por serem donas de seu destino.
Cayce sublinhava que o desenvolvimento ou o atraso de uma alma durante determinada vida depende da fidelidade da pessoa a um ideal e do modo como o materializa nas suas relações mentais e materiais.
“A vida é uma experiência que tem um objetivo e, no lugar em que se encontra, uma pessoa pode utilizar as suas capacidades, erros, fracassos e virtudes na caminhada para o objetivo pelo qual a alma decidiu manifestar-se no plano tridimensional”.
As interpretações de Cayce sublinham repetidas vezes a importância de tomarmos consciência de nossos ideais. Na verdade, Cayce aconselhava com freqüência as pessoas, a realizar um simples exercício para ajudar este processo de clarificação. O exercício consiste simplesmente nisto:
1. Tome uma folha de papel e faça nela três colunas: espiritual, mental e físico.
2. Depois de pensar (o que pode demorar alguns dias) escreva em cada coluna, o mais rigorosamente que puder, qual o seu ideal em cada área de vida. Em outras palavras, o que quer ser espirtualmente, mentalmente e fisicamente?
3. Desenvolva algumas ações concretas para realizar esses ideais, através da assimilação ou prática consciente daquilo que o faça parecer-se mais com o seu ideal. Por exemplo: Se quer ser fisicamente mais forte e dispor de mais energia, talvez deva começar um programa de ginástica ou modificar o seu regime. Se quer ser mais generoso e conhecer melhor Deus, talvez deva aprender a meditar e seguir regularmente essa prática.
4. Lembre-se que os seus ideais mudarão e evoluirão à medida que o tempo passa. O que você queria ser quando tinha vinte um anos não é necessariamente aquilo que quer ser quando tem cinqüenta. Por isso, à medida que as alterações dos seus ideais se tornam aparentes, sinta-se livre para alterar ou redefinir aquilo que escreveu.