Auto-Estima
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 06/01/2006 11:41:10
A cada final de ano costumamos mentalizar tudo aquilo que desejamos para o ano que se inicia. É natural que ao fazê-lo desejemos para nós aquilo com que todos sonham: saúde, paz, amor e segurança material.
Entretanto, gostaria de relembrar a importância de trabalharmos nossa mente sobre algo essencial, sem o qual não alcançaremos nenhum desses objetivos: a auto-estima. O amor por si mesmo é o principal atributo que um ser humano deve cultivar ao longo da vida. Entretanto, por incrível que possa parecer, pouquíssimas pessoas no mundo são estimuladas desde a infância a reconhecer suas qualidades e talentos e a ser condescendente com as próprias falhas.
A maioria de nós cresce preocupada em satisfazer as expectativas que o mundo alimenta a nosso respeito. O conceito que as outras pessoas têm sobre nós se torna uma verdade e uma crença absolutas que acabam determinando o grau de auto-estima que teremos ao longo da vida. Este sentido de valor será responsável por nosso sucesso ou fracasso, nossa saúde ou doença e o grau de realização afetiva que conseguiremos alcançar.
Visto que a auto-estima e o valor que atribuímos a nós mesmos se revestem de tal importância, me parece que esta deva ser a principal meta de qualquer ano de nossa vida. Portanto, sugiro aqui, que ao iniciarmos mais um ano meditemos de forma sincera sobre o quanto temos trabalhado para fortalecer nossa auto-estima e a confiança e admiração que nutrimos por nós mesmos.
Aceitar a si mesmo como se é, reconhecendo as próprias limitações sem culpas ou cobranças excessivas, evitando o julgamento rígido e a falta de compaixão é um exercício a ser praticado diariamente. Perdoar a si mesmo pelos erros cometidos entendendo que eles fazem parte de nosso processo evolutivo é um importante passo no desenvolvimento do amor próprio. O importante é que saibamos exatamente onde precisamos melhorar e tentemos ir ao encontro desta conquista com perseverança e vontade.
A autoconfiança, a consciência acerca de nosso poder e de nossa capacidade criativa são qualidades que fazem toda a diferença. É no desenvolvimento destas qualidades que devemos concentrar nossos maiores esforços, pois se as tivermos em grande escala, o resto virá como conseqüência.
“Primeiro, naturalmente, você julga a si mesmo de todo modo. Nenhum homem é perfeito e nenhum homem jamais pode ser perfeito - a perfeição não existe - assim, o julgamento é muito fácil. Você é imperfeito, assim, há coisas que mostram sua imperfeição. E, depois, você fica com raiva, com raiva de si mesmo, com raiva do mundo todo: “Por que eu não sou perfeito?”
Depois, você olha apenas com uma só idéia: descobrir imperfeições em todo mundo. E depois, você quer abrir o seu coração... naturalmente... porque, a menos que você abra o seu coração, não há nenhuma celebração em sua vida; sua vida é quase morta. Mas você não pode fazê-lo diretamente: você terá que destruir toda essa educação, desde suas verdadeiras raízes.
Assim, a primeira coisa é esta: pare de se julgar. Ao invés de julgar, comece a aceitar-se com todas as suas imperfeições, todas as suas debilidades, todos os seus erros, todos os seus fracassos. Não peça a si mesmo para ser perfeito: isso é simplesmente pedir pelo impossível e depois você se sentirá frustrado. Você é um ser humano, afinal de contas.
Olhe para os animais, para os pássaros; nenhum deles está preocupado, nenhum deles está triste, nenhum deles está frustrado...
... E eles todos devem estar rindo: “O que aconteceu a vocês? Por que você não pode ser apenas você mesmo, como você é? Qual é a necessidade de ser uma outra pessoa?”
Assim, a primeira coisa é uma profunda aceitação de você mesmo... Aceite humildemente sua imperfeição, seus fracassos, seus erros, suas faltas. Não há nenhuma necessidade de fingir outra coisa. Seja você mesmo: “É assim mesmo que eu sou, cheio de medo. Eu não posso andar na noite escura, não posso ir lá na densa floresta”. O que há de errado nisso? É humano!
Uma vez que você se aceite será capaz de aceitar os outros, porque você terá um clara visão interior de que eles estão sofrendo da mesma doença. E a sua aceitação por eles, os ajudará a aceitarem-se.
Podemos reverter todo o processo: aceite-se. Isso o torna capaz de aceitar os outros. E porque alguém os aceita, eles aprendem a beleza da aceitação pela primeira vez - quanta tranqüilidade se sente! - e eles começam a aceitar os outros.
... O julgamento é feio - ele fere as pessoas. Por um lado, você vai machucando, ferindo-as; e por outro lado, você quer o amor delas, seu respeito. Isso é impossível.
Ame-as, aceite-as e, talvez, seu amor e respeito possa ajudá-las a mudar muitas de suas fraquezas, muitas de suas falhas porque o amor lhes dará uma nova energia, um novo significado, uma nova força. O amor lhes dará novas raízes para se erguerem contra os ventos fortes, um sol quente, a chuva forte.
Se apenas uma única pessoa o ama, isso o faz tão forte, que você nem pode imaginar... O coração abrirá por si mesmo. Não se preocupe com o coração. Faça o trabalho preparatório”.
OSHO, The Transmission of the Lamp