Brincadeira
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 04/09/2008 16:56:07
Um dos maiores segredos da vida é encará-la como uma brincadeira. Para os indivíduos excessivamente sérios, sisudos, aos quais foi ensinado que brincar é coisa de gente maluca, na qual não se pode confiar, esta afirmação pode parecer absurda.
Não levar a vida a sério é um ótimo exercício para se abandonar de vez a pretensão de querer ser perfeito, superior. Quando relaxamos em nosso próprio coração e nos entregamos à simplicidade do ato de existir, a pressão exercida sobre nós pelo restante do mundo, automaticamente desaparece.
Nosso coração pode, então, bater tranqüilo, alegre e sereno, pois deixamos de ser nossos próprios juízes e capatazes e, de quebra, paramos de nos importar com o julgamento alheio.
Os grandes mestres Zen se comportam como perfeitas crianças, são engraçados, inocentes e brincalhões. Vivem a vida como uma eterna brincadeira, na qual aprender se torna algo prazeroso e descontraído.
É claro que existem situações em que a seriedade precisa estar presente, mas somente em alguns momentos críticos é que nosso eu sério deve entrar em ação. Quando mais livremente expressarmos nossa tristeza, reconhecendo-a como legítima em algumas circunstâncias, mais facilmente conseguiremos nos libertar dessa energia, ao invés de permanecer para sempre sintonizados com ela.
O seu pólo oposto, a alegria, surgirá naturalmente, sem que precisemos fazer qualquer esforço nesse sentido. O importante é que não nos deixemos apegar demais à postura de vítimas do destino, nem aceitemos passivamente a miséria interior como uma condição natural.
No livro “O Segredo”, um dos mestres relata uma experiência realizada com doentes, para os quais foi recomendado que assistissem, diariamente, programas de comédia. O resultado é que eles se recuperaram muito mais facilmente de suas patologias. O que vem provar a eficácia do riso e da alegria para o reencontro do equilíbrio no ser humano.
Permitir-se voltar espiritualmente à infância é uma das terapias mais eficazes que uma pessoa pode oferecer a si mesma, quando perceber que está enxergando a realidade de modo excessivamente sério.
“A dança e o riso
A dança e o riso são as melhores portas, as mais naturais, as mais facilmente acessíveis para entrarmos na não-mente. Se você realmente dançar, o pensamento pára. Você dançar sem parar, girando, girando e se tornar um redemoinho - todas as fronteiras, todas as divisões desaparecem. Você nem mesmo sabe onde seu corpo termina e onde a existência começa. Você se dissolve na existência e a existência se dissolve em você.
E se você estiver realmente dançando - não controlando a dança, mas deixando que ela o conduza - se você estiver possuído pela dança, o pensamento pára.
O mesmo acontece com o riso. Se você for possuído pelo riso, o pensamento pára. E se você conhecer alguns momentos de não-mente, esses vislumbres lhe assegurarão muito mais recompensas que irão surgir.
O riso pode ser uma bela introdução a um estado de não-pensamento.
No dia em que o homem se esquecer de rir, no dia em que o homem se esquecer de brincar, no dia em que o homem se esquecer de dançar, ele não será mais um homem; ele terá caído para uma espécie sub-humana. A brincadeira o deixa leve, o amor o deixa leve, o riso lhe dá asas.
Dançando com alegria ele pode tocar as estrelas mais longínquas, pode conhecer o próprio segredo da vida”.
Osho, A Sudden Clash of Thunder/e Zatathustra, The Laughing Prophet.