Carência
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 29/03/2007 19:09:50
Desde muito cedo na vida descobrimos que o amor é algo imprescindível para nossa felicidade. O sentimento de preenchimento e paz que sentimos ao receber amor é tão profundo que desejamos manter esta sensação o maior tempo possível.
Por isso, desenvolvemos uma grande quantidade de substitutos para suprir nossa carência de amor. A comida, o dinheiro, o consumismo e o poder constituem as formas mais comuns de compensação que o ser humano desenvolveu para preencher o seu vazio interior.
Entretanto, nem sempre o mundo exterior pode nos garantir este suprimento. Por isso, é fundamental que nos tornemos nossa própria fonte de amor e que tentemos trazer à luz o êxtase e o contentamento que constituem nosso verdadeiro Ser.
Se não nos conscientizarmos desta verdade, continuaremos a buscar no exterior o amor que, acreditamos, falta à nossa vida. Este vazio só pode ser preenchido a partir de nosso interior, visto que aqueles que nos devotam amor podem, a qualquer momento, por vontade própria ou por interferência do destino, deixar de nos nutrir com este sentimento.
Viver uma vida plena de amor depende unicamente e exclusivamente de nós, pois quando nos sentimos preenchidos por este sentimento, nos libertamos da sofrida sensação de carência e do hábito de preencher este vazio com substitutos ilusórios.
“Para ficar numa boa, olhe dentro
P) Por que não posso parar de comer?
R) Se uma pessoa está comendo demais, isso é um sintoma de certa subcorrente. Comida é sempre um substituto do amor. As pessoas que não amam, que de alguma maneira perdem uma vida de amor, começam a comer mais; isso é um amor-substituto.
Quando uma criança nasce, seu primeiro amor e sua primeira comida são o mesmo; a mãe. Assim há uma profunda associação entre comida e amor; de fato, a comida vem primeiro e então o amor vem depois. Primeiro a criança come a mãe, então pouco a pouco ela se torna cônscia de que a mãe não é exatamente comida; ela a ama também.
Mas, é claro que para isso, certo crescimento é necessário. No primeiro dia, a criança não pode entender o amor. Ela entende a linguagem da comida, a linguagem primitiva natural de todos os animais. A criança nasce com fome; a comida é necessária imediatamente. Amor não será logo necessário; não é muito uma emergência. A pessoa pode viver sem amor por toda a vida, mas ninguém pode viver sem comida; esse é o problema.
Portanto, a criança se torna cônscia da ligação entre comida e amor. Pouco a pouco ela também sente que quando a mãe é muito amorosa, ela oferece seu peito de uma maneira diferente. Quando ela não é amorosa, porém raivosa, triste, ela oferece o peito muito relutantemente, ou não o oferece de jeito nenhum.
Assim a criança fica cônscia que quando a mãe é amorosa, quando a comida está disponível, o amor está disponível. Quando a comida não está disponível, a criança sente que o amor não está disponível e vice-versa. Isso está no inconsciente.
Em algum lugar você está perdendo uma vida de amor, por isso você come mais; isso é um substituto. Você vai se enchendo de comida e não deixa nenhum espaço dentro. Assim a questão do amor não surge, porque não há espaço dentro. E com comida as coisas são simples porque a comida é morta. Você pode continuar comendo tanto quanto você queira; a comida não pode dizer não. Se você parar de comer, a comida não pode dizer que você a está ofendendo. A gente permanece um mestre para a comida.
Mas no amor você não é mais o mestre. Outro ser entra em sua vida, uma dependência entra em sua vida. Você não é mais independente e esse é o medo. O ego deseja ser independente e o ego não lhe permitirá amar; lhe permitirá somente comer mais. Se você deseja amar, então o ego precisa ser abandonado.
Não é uma questão de comida; a comida é simplesmente sintomática. Portanto não vou dizer nada sobre comida, sobre dieta ou fazer qualquer coisa... isso não irá ajudar”...
Osho, Extraído de: Above All, Don’t Wobble