Celebração
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 01/08/2007 14:16:24
A vida e seus desafios nos levam, muitas vezes, a esquecer de algo tão simples e tão raro nos dias que correm: a celebração.
Mas, como podemos celebrar se os problemas são tantos e a realidade tão difícil? O segredo consiste em sermos capazes de, a cada dia, mudar nosso foco de visão e enxergar, na banalidade do cotidiano, motivos para celebrar.
Isto só será possível se estivermos permanentemente conscientes da transitoriedade do momento presente, de que ele só dura um instante e, se perdermos a oportunidade de perceber no agora o que ele tem de mais precioso, perderemos o melhor da vida.
O riso que uma criança nos dirige repentinamente na rua, o aroma inesperado de uma flor que nos alcança ou uma brisa súbita que nos acaricia num dia quente, são manifestações do divino, que nos presenteia o tempo todo com inúmeros motivos para celebrar.
Mas elas só nos atingirão, se estivermos sempre plenamente atentos e receptivos à sua chegada. Abrir-se para o riso e a alegria, apesar das dores que sempre farão parte de nossa jornada, é a ferramenta mais eficaz para uma vida plena e feliz, até o último instante.
“Riso
A última surpresa do místico Chinês
O riso é eterno, a vida é eterna, a celebração continua. Os atores mudam, mas a peça continua. As ondas se sucedem, mas o oceano continua. Você ri, você muda - e alguém mais ri -, mas o riso prossegue. Você celebra, alguém mais celebra, mas a celebração continua. A existência é contínua, é um continuum. Não há um único momento de quebra nela.
Nenhuma morte é a morte, porque cada morte abre uma nova porta, então é um começo. Não há fim para a vida, há sempre um novo começo, uma ressurreição. Se você trocar sua tristeza por celebração, então também será capaz de trocar a morte por ressurreição. Aprenda essa arte enquanto há tempo.
Ouvi falar em três místicos chineses. Ninguém sabe seus nomes hoje, e nunca se soube quais eram seus nomes. Eram conhecidos apenas como "os Três Santos Risonhos", porque nunca faziam nada além disso: eles riam.
Essas três pessoas eram realmente belas, rindo com suas barrigas balançando. Era contagioso, pois os outros também começavam a rir. Todos na praça do mercado começavam a rir. Poucos momentos antes era um lugar feio, onde as pessoas só pensavam em dinheiro, mas subitamente esses três loucos chegavam e mudavam a qualidade de todo o mercado.
Agora todos haviam esquecido que tinham ido comprar e vender. Ninguém estava mais cheio de ganância. Durante alguns segundos, um novo mundo se abriu. Viajavam por toda a China, indo de cidade em cidade, apenas para fazerem as pessoas rirem. Pessoas tristes, pessoas irritadas, gananciosas, invejosas, todas começavam a rir com eles. E muitos encontravam a chave: você pode se transformar.
Contudo, quando estavam em um vilarejo, um dos três morreu. As pessoas do vilarejo se reuniram e disseram: ‘Agora haverá problemas. Agora vamos ver como eles fazem para continuar rindo. O amigo deles morreu, eles têm que chorar’. Mas, quando chegaram, os dois estavam dançando, rindo e celebrando a morte. As pessoas disseram: ‘Isso é demais. Quando um homem morre, é profano rir e dançar’.
Eles responderam: ‘Durante toda a vida rimos com ele. Como podemos lhe dar o último adeus com qualquer outra coisa? Temos que rir, temos que nos divertir, temos que celebrar. Esse é o único adeus possível para um homem que riu durante toda a sua vida. Não podemos pensar nele como um morto. Como o riso pode morrer, como a vida pode morrer’?
Então o corpo devia ser cremado e as pessoas do vilarejo disseram: ‘Vamos lhe dar um banho, como prescreve o ritual’. Mas os dois amigos disseram: "Não, nosso amigo disse: 'Não executem nenhum ritual, não troquem minhas roupas e não me dêem um banho. Apenas me coloquem como estou na pira funerária’. Assim temos que seguir suas instruções’.
Então, subitamente, houve um grande acontecimento. Quando o corpo foi colocado sobre o fogo, aquele velho homem havia pregado a última peça. Havia escondido muitos fogos sob suas roupas, e houve um festival de fogos! Então todo o vilarejo começou a rir. Os dois amigos loucos estavam dançando, e logo todos estavam dançando também. Não era a morte, era uma nova vida”.
OSHO – O tarô da transformação