Coisas de criança, gestos e palavras de anjo
por Wilson Francisco em EspiritualidadeAtualizado em 18/08/2003 11:45:56
Anita é uma amiga evolutiva minha e reside em Itapeva, São Paulo. Ela teve um filho, Henrique, que deixou o corpo aos 6 anos de idade, com câncer. Henrique era uma criança singular. Dadivoso e desprendido. Recolhia mendigos da rua e os levava para sua casa e sua mãe era convocada para cuidar deles. Um dia, trouxe um menino pobre para almoçar. A Anita tinha o costume de fazer o prato de toda família, escolhendo para o Sr. Wilson - seu esposo - e para os filhos os pedaços de frango que, ela sabia, cada um gostava. Quando chegou a vez do menino da rua, pegou na panela um pedaço qualquer e colocou no prato do garoto. Henrique a interrompeu, dizendo. Mãe, você não sabe o pedaço que ele gosta. E a Anita, então, teve que saber do garoto qual era o seu pedaço preferido.
Conversa com Jesus
Adriano é o filho mais novo da Hilda. Ainda pequeno ele costumava dizer para sua mãe que tinha assistido ao casamento dela, descrevendo a igreja e a roupa dos participantes, acertando em todos os detalhes. Numa outra oportunidade, ele confidenciou à sua mãe que antes de entrar na barriga dela, um homem ministrou-lhe um pó em uma colher fazendo com que, depois de engolir aquele remédio, seu corpo fosse diminuindo até sumir.
Quando ele completou 3 anos de idade foi acometido por um problema cardíaco, popularmente denominado sopro. E sofria bastante. Um dia, sua mãe entrou em seu quarto e foi surpreendida com uma cena emocionante. O Adriano estava de joelhos diante de um quadro com a imagem de Jesus. Dizia o menino: Olha, Jesus, antes de eu chegar na barriga da minha mãe, você disse que depois de nascer eu ia sofrer. Mas não disse que era tanta dor, não.
Não foi aborto, mamãe, era meu tempo.
Por volta de 1997 conheci um cabeleireiro na rua Augusta, centro de São Paulo. Ele me contou este fato, emocionado. “Eu vivia com uma tia e pouco sabia sobre sua vida quando moça. Era uma mulher triste. Vivia quieta, embora sempre prestativa. Uma noite tive um sonho estranho. Um garotinho apareceu na minha frente e disse: Olha, eu sou o Paulinho, filho da sua tia. Diga a ela que não foi o aborto que impediu meu nascimento. Meu tempo de vida era aquele mesmo. Estava escrito por Deus. E depois de me falar isso, insistiu comigo, para que desse naquele dia o recado. E desapareceu, sorrindo. Acordei cedo e fui direto para o quarto da minha tia e dei o recado recebido em sonho para ela. Minha tia ficou emocionada e sorrindo, com lágrimas nos olhos, disse: Quando eu era mocinha, engravidei e escolhi um nome para meu filho: Paulo. No entanto, a vida naquela época era difícil, o pai da criança sumiu e eu fiquei sozinha. Aconteceu o aborto, aos seis meses de gravidez e achei que eu tinha sido a responsável pelo acontecimento. Este fato transformou a minha vida. Até hoje guardo este segredo e a culpa de ter tirado a vida do Paulinho. Agora estou livre e feliz. Deus abençoe vocês dois pela revelação”.
A menina na praça
Num domingo a noite parei o carro num semáforo da praça Princesa Izabel – centro de São Paulo. Estava com minha esposa e fazia frio. De repente alguém tocou levemente a porta do meu lado, atendi, abaixando o vidro. Era uma menina, de uns 10 anos. O corpo franzino e o olhar fundo demonstravam dor e abandono. Olhei-a com carinho e atenção. E vi uma coisa emocionante. Ela trazia no peito, enrolado em sua blusinha, um cachorrinho, que ela cobria com cuidado de mãe. Aquela cena foi impressionante. Apesar de sua dor e miséria, tinha um colo e dividia seu agasalho com o cão. Coisas de criança, gesto de anjo.
