Como vencer os medos de cor amarela
por Isabel Romanello em EspiritualidadeAtualizado em 15/04/2005 13:43:29
A saúde é a justa medida entre o calor e o frio. - Aristóteles
Para vencer um medo amarelo é preciso manter o equilíbrio da consciência, da energia pessoal e da expressão de poder. Buscar, encontrar e manter-se no Caminho do Meio. Controlar os impulsos e as reações instintivas que, inevitavelmente, acabam criando situações desagradáveis na vida.
Afinal, é o controle das reações instintivas que previne conflitos pessoais e relacionais. A pessoa que alimenta um medo amarelo evita e foge de conflitos e, por essa razão, necessita cuidar de seus relacionamentos. É intimamente importante para ela se dar bem. Estar bem com as pessoas a quem ama e com as quais convive. É importante livrar-se de desentendimentos e de sensações que provoquem um sentido interior de injustiça.
Quando isso se torna impossível, o estímulo vivenciado gera o descontrole, e, nesses momentos, as reações acabam sendo mais intensas do que o necessário. Nesse momento é que a agressividade precisa ser dominada e, quando os fatos levam o portador do medo amarelo nesse estágio de reação, comumente já é tarde. Ele reage sem controle. Ou para esse lado, o agressivo, ou para o lado da fragilidade, da fraqueza, e, na maior parte das vezes, o próximo momento traz à tona um processo depressivo, gradativamente crescente.
Por isso, cuidar da energia básica evolucional - a energia do instinto - é a primeira regra para quem vivencia o medo amarelo. O equilíbrio resultante desse cuidado é que vai prevenir os sentimentos inadequados perante os fatos ou perante os envolvidos naquele fato e, por outro lado, vai aliviar o peso que ocasiona os sofrimentos relativos a esse medo.
Ser capaz de “ser quem se é” e mostrar-se sem a necessidade prévia de “construir-se” segundo os padrões esperados. Essa é a segunda regra. Demonstrar o que se sente, verdadeiramente, sem agredir, com natural equilíbrio. Ser claro quanto às próprias necessidades e sentimentos, sabendo expressar-se, sem culpas, sem justificativas indevidas, com a máxima sinceridade possível. O cuidado em não magoar o outro, natural no medo amarelo, gera uma energia nas condutas que atinge as pessoas com quem se está relacionando. Mesmo ilogicamente, o outro se sente atingido e percebe a energia que vai contaminando aos poucos suas próprias atitudes. Nesse momento os relacionamentos se fragilizam e podem se quebrar.
É preciso eliminar culpas e prevenir arrependimentos. É importante não sentir culpas, de verdade! Mas também nunca, simplesmente, temer demonstrar fraquezas... Aceitar-se. Perdoar-se. Isso, inevitavelmente, controla a tristeza que sempre pode complicar ainda mais a situação e elimina a sensação ilógica do “porque as coisas sempre acabam assim”.
Como é natural ao medo amarelo a “injustiça em não ser amado", em muitas ocasiões, a pessoa que nutre esse medo se impede de expressar verdadeiramente seus sentimentos. Nesses casos, as relações se complicam. Quando essa situação envolve relacionamento sexual a vivência harmônica e com a plenitude do prazer fica impedida. Para aliviar isso é preciso aprender a vivência de uma sexualidade onde se é capaz de "sentir mais do que pensar", com uma especial atenção em receber afeto, carinho, enfim, em ter prazer, mas, acima e, ainda, ter uma imensa atenção em dar prazer ao outro.
Esse aprendizado é curativo para os medos amarelos: experimentar no ato de doar o maior prazer! Abrir-se a receber, somente então. Saber começar a troca, doando, sem aguardar que o nutrimento venha primeiro do outro para justificar a ação da própria doação.
Quando se age de outra forma, um “buraco” ou uma carência quase infinita na busca do afeto e do reconhecimento alheio aumenta mais e mais. Em algumas situações, a sensação é de que existe um "poço sem fundo" lá dentro... Parece-nos que a dedicação daquele amor nunca é suficiente. A principal causa dessa vivência é a falta de amor por si mesmo. Nesses casos, o mais comum é que o amor seja confundido e permita o sentimento da posse do outro na relação!
Muitas vezes, o portador do medo amarelo apresenta reações assustadas, passivas, se inferioriza e foge de encarar os fatos. E, também nesse tipo de expressão é preciso buscar o reequilíbrio energético. O controle da energia pessoal.
Quando se alcança esse equilíbrio se torna natural o balanceamento e o domínio do tempo. Parece que fica mais fácil controlar atrasos, ser pontual, chegar a tempo...
Mas o mais importante a saber é que quando conseguimos alcançar o equilíbrio necessário ao controle de um medo amarelo, se torna natural a aceitação das limitações humanas e, a partir disso, também o exercício da compaixão, que compreende, acata, respeita e aceita a cada ser como sendo quem é sem nunca exigir além, nem de si e nem do outro.