Descobrindo a si mesmo
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 08/04/2020 11:34:52
Uma das maiores fontes de infelicidade em nossa vida é exercer uma atividade que nada tem a ver com nossa natureza intrínseca.
Todos nós, ao nascermos, trazemos definidos por nossa carta astrológica, os talentos com os quais poderemos atingir a realização, e qual a energia que predomina nas áreas de nossa vida relacionadas com o trabalho e a carreira profissional.
Entretanto, um grande número de pessoas acaba por definir a profissão, influenciada pela família ou pelo meio social que, na maioria das vezes, considera prioridade a escolha de uma atividade que lhes renda muito dinheiro.
Embora desejar o sucesso material seja algo saudável, de nada adiantará se não vier acompanhado de um sentimento interior de felicidade, da sensação de estarmos fazendo algo para o qual fomos talhados.
A profissão que exercemos é um dos aspectos mais importantes para dar significado à nossa existência. Por essa razão, escolhê-la deveria ser algo a ser feito com um grau de consciência mais elevado.
Como este não é um processo fácil e somos pressionados a definir nossa carreira numa idade precoce, muitos acabam frustrados, sem ter a coragem de mudar de rumo, por medo de parecer inconstantes e pouco confiáveis.
A coragem para seguir nosso coração, e realizar as mudanças que ele determinar, é um fator essencial para que possamos cumprir com alegria nossa trajetória no planeta.
Sempre será tempo de descobrirmos em nós qualidades ocultas e aptidões que nem imaginávamos possuir. Para isto é fundamental estar aberto ao novo e não enxergar na idade um obstáculo para que a transformação aconteça.
"Osho, por que eu vivo sentindo que alguma coisa está faltando, que eu deveria ser algo a mais?
É porque desde a sua infância lhe foi dito que você, em si mesmo, é intrinsecamente inútil. Do jeito que você é, não tem valor algum. O valor tem que ser obtido, o mérito tem que ser evidenciado. Desde o início de sua infância, isto lhe foi ensinado milhões de vezes.
... Para destruir a crença dentro de uma criança, você tem que lhe provar que o valor não é algo dado pela natureza, mas, sim, que deve ser conquistado na vida. E você pode perdê-lo, a não ser que você trabalhe, seja muito ambicioso, lute com os outros... E para alcançar esse valor tem que lutar, olho por olho, dente por dente, tem que pisar na garganta do outro. Você foi condicionado a ser violento, ambicioso e cheio de desejos: para ter mais dinheiro, mais poder e mais prestígio.
.....O seu intelecto está cheio de lixo e eu estou tentando despertar a sua inteligência. Toda a sociedade tentou fazê-lo inconsciente de sua inteligência. A sociedade é contra a sua inteligência. Ela quer que você seja medíocre, porque somente os medíocres podem ser bons escravos. Ela quer você sem inteligência e estúpido, porque somente as pessoas estúpidas podem ser dominadas.
E as pessoas estúpidas são obedientes, nunca são rebeldes. Pessoas estúpidas simplesmente vegetam. Elas nunca se esforçam para otimizar suas vidas. Elas nunca acendem as tochas de suas vidas, elas não têm intensidade. A estupidez é obediente e a obediência cria estupidez.(...)
Você me pergunta: Por que eu estou sentindo que alguma coisa está faltando?
Porque sempre lhe foi dito que você tem que encontrar alguma coisa. E você não está encontrando.
Por isto surge a sensação de que algo está faltando. Eu estou lhe dizendo que antes de tudo você nada perdeu. Por favor, pare de tentar encontrar, pare de buscar e procurar. Você já tem! Tudo o que é preciso você já tem. Simplesmente, olhe para dentro e você encontrará tesouros infinitos e inesgotáveis de alegria, amor e êxtase.
Nada estará faltando se você olhar para dentro, mas se você continuar procurando do lado de fora, você se sentirá mais e mais frustrado. E na medida em que você ficar mais velho, naturalmente, irá sentir que sua vida está escorregando de suas mãos e que você ainda não encontrou. E toda a ironia é que, antes de tudo, você nada perdeu! Aquilo sempre esteve dentro de você, neste momento está dentro de você.
.....Nada está lhe faltando. Nada está faltando a ninguém. Pela própria natureza das coisas, nada pode estar nos faltando. Nós somos parte de Deus e ele é parte de nós. Não tem jeito, não há possibilidade de estar faltando algo.
(...) Você me pergunta: Por que eu estou sentindo que deveria ser algo a mais?
Foi-lhe dito repetidas vezes: 'Seja alguém! Veja Goutama Buda, Krishna, Cristo. Seja um Buda, um Krishna, um Cristo.' Daí, certamente você morrerá na miséria, angustiado, completamente frustrado, chorando aos prantos, porque você não consegue ser um Buda. Você não está aqui para ser um Buda! Você não consegue ser um Cristo ou um Krishna. Você somente consegue ser você mesma.
Um grande Mestre hassid, Zusya, estava morrendo. As pessoas se juntaram, discípulos e simpatizantes. Um homem idoso perguntou. 'Zusya, logo você estará face a face diante de Deus, pois você está morrendo, e, quando estiver diante dele, você será capaz de lhe dizer que seguiu Moisés absolutamente, verdadeiramente?'
Zusya abriu seus olhos e estas foram as suas últimas palavras. Ele disse, 'Pare de falar tolices! Deus não irá me perguntar, 'Zusya, por que você não foi um Moisés?' Ele me perguntará: 'Zusya, por que você não foi um Zusya?'"
Você tem que ser justamente você mesmo e ninguém mais. Na verdade isto é o que significa natureza búdica: ser você mesmo".
Osho, The Book of the Books.