Discernimento
por Elisabeth Cavalcante em EspiritualidadeAtualizado em 21/08/2009 12:50:00
A cada momento da vida somos desafiados a tomar decisões, fazer escolhas e encontrar respostas para os questionamentos que nos afligem, sejam aqueles criados por nossas necessidades, ou os que nos são apresentados pelo mundo exterior.
As relações humanas constituem o território onde nossas dúvidas e indecisões, em geral, mais se apresentam. É natural que tenhamos receio de errar, pois muitas vezes a conseqüência deste engano pode ser magoar o outro ou a nós mesmos.
Ansiamos por ter a resposta exata, realizar a escolha perfeita, com a qual possamos ficar imunes de qualquer conseqüência negativa. Entretanto, por mais que busquemos a opinião e o aconselhamento de pessoas amigas ou daquelas em quem, por alguma razão, depositamos nossa confiança, a decisão final deverá, sempre, em qualquer circunstância, ser ditada por nosso próprio discernimento.
A voz interior sempre se manifesta nos momentos cruciais, o problema é que, muitas vezes, o turbilhão gerado pela mente ou por emoções como o medo e a raiva, nos impedem de ouvi-la.
Por mais dificuldades que estejamos enfrentando, devemos sempre nos lembrar de que as soluções para nossos problemas precisam ser baseadas única e exclusivamente em nossa própria percepção. Confiar neste poder, que todos possuem, indistintamente, é que faz toda a diferença.
Quando nos sentimos inseguros quanto à nossa sabedoria, tendemos a querer seguir os modelos alheios, e estes nem sempre serão válidos para libertar-nos dos conflitos que vivenciamos.
Desenvolver uma fé inabalável na consciência divina que habita em nós, é a única forma de podermos, a cada momento, realizar uma escolha com a certeza de que estamos optando pelo que nos garantirá vivenciar cada vez mais harmonia e serenidade.
“Viva de acordo com sua própria pequena luz. Suficiente luz tem sido dada a você, você a trouxe com você. Você não precisa viver de acordo com Buda, de acordo com Mahavira, de acordo com Krishna. Eles nunca viveram de acordo com ninguém mais, lembre-se.
Eu ouvi a respeito de um Mestre Zen, Bokoju. Ele estava celebrando o aniversário de seu Mestre. Alguém perguntou a Bokoju, “Mas você não seguiu ele - por que você está celebrando seu aniversario, por que você está dando seus respeitos”?
E Bokoju disse: “Meu Mestre nunca seguiu seu Mestre e estou fazendo o mesmo.
E meu mestre disse-me para não segui-lo - esta é a sua mensagem para mim. E é por não segui-lo, que grande luz aconteceu em mim. E daí em diante, respeito e gratidão”.
Mas as pessoas vivem muito tolamente, elas são imitadoras. Depois que Pitágoras morreu, uma grande superstição se espalhou entre seus seguidores: que feijões não eram para serem comidos. Feijões? Pobres feijões! E através dos tempos as pessoas desejaram saber por que os pitagóricos não comem feijões. Pitágoras era vegetariano, mas feijões não são não-vegetarianos.
Pitágoras estava perfeitamente certo em não comer carne e peixe, mas por que feijões?
Na realidade, eles nunca o satisfizeram - esta era a única razão.
Sempre que ele comia feijões, ele tinha um problema de estômago. Pitágoras sofreu por comer feijões; ele parou de comer feijões - o que é perfeitamente certo”!
Ele ouviu sua voz, ele não se perturbou. Ele esteve na Índia; ele aprendeu o vegetarianismo aqui. Buda costumava comer feijões e Mahavira também - os grandes vegetarianos. Ele não se preocupou com os vegetarianos. Ele eliminou os feijões porque eles nunca o satisfizeram.
Mas veja os discípulos tolos: ao longo dos tempos eles não comeram feijões.
Eles não responderam por que, também. Eles pensaram, “Deve haver algum segredo nisto que nós temos seguido”.
Pitágoras costumava caminhar descalço. É um belo exercício para contatar a terra.
É como Mahavira costumava caminhar, andar - descalço. Se você está caminhando suavemente sobre a terra, o melhor modo é caminhar descalço, sem sapatos. Você tem um tremendo contato com a terra.
Nós pertencemos à terra. Metade de nós é parte da terra e metade é parte do céu.
E quando você está caminhando cedo, ao nascer do sol sobre a terra molhada, você está usufruindo ambos, o céu e a terra. É perfeitamente certo!.
Mas agora, sobre estradas de asfalto, os macacos Jaina seguem caminhando descalços. Agora é muito perigoso, causa danos ao sistema nervoso. Caminhar sobre o cimento ou sobre o asfalto sem nenhum sapato é muito ruim para todo o sistema nervoso, particularmente para as células cerebrais; afeta-as. Caminhar sobre a terra molhada é belo para o sistema nervoso. Tranqüiliza, acalma.
... Lembre-se sempre de que cada um tem de viver de acordo com sua própria luz.
O mestre não tem que ser imitado literalmente. Ele tem que ser compreendido.
... E as pessoas são tão apressadas em imitar. Por que as pessoas querem imitar? Porque é mais fácil. Não é necessário inteligência para imitar. Qualquer idiota pode imitar. De fato, somente idiotas imitam. Uma pessoa inteligente aprende, compreende e segue sua própria luz, que surge da sua compreensão.
... Eu concedo a você absoluta liberdade para ser você mesmo. Eu ajudo você a alcançar esta liberdade. Eu não ajudo você a cultivar um caráter, eu ajudo você a criar uma consciência. E então esta consciência traz seu próprio caráter. Mas este caráter é um fenômeno líquido, não tem rigidez”.
OSHO – Philosophia Perennis
Vol 1, Ch #7: Awareness: The Master Key