Discernimento e Crescimento Consciencial
por Wagner Borges em EspiritualidadeAtualizado em 28/12/2006 13:56:22
É fácil ajoelhar-se e reverenciar algum ser admirável.
Difícil é seguir o seu exemplo e tornar-se admirável também.
A devoção cega leva à estagnação do discernimento.
No entanto, a admiração sadia leva ao trabalho e ao crescimento consciencial.
Adoração cega não é amor, é ilusão emocional.
Pois o amor real leva ao progresso e ao compartilhamento de atitudes sadias e desprovidas das presilhas psicológicas do apego.
Reverenciar o Alto para evoluir e ascender é ótimo.
Porém, devocionar o Alto para rebaixar-se e somente encostar o próprio discernimento na exacerbação emocional densa é complicado.
Amar o Divino não significa deixar de discernir.
Gostar de algum ser de luz elevado não significa "fechar pacote" com alguma doutrina criada na Terra.
Amar o Divino, e não ao próximo, é inversão de valores.
Entretanto, amar o Divino percebendo-O no próximo, seja quem for, e em si mesmo, é sempre motivo de intensa alegria.
P.S.: Admirar, para crescer.
Amar, para compartilhar.
Saber, para ensinar.
Abrir a mente, para aprender.
Serenar o coração, para sintonizar a paz.
E reconhecer que mestre e discípulo, velho e criança, homem e mulher, espírito e corpo, tudo é expressão do mesmo UM IMANENTE, Causa, Glória e Vida de todos.
TUDO É ELE! TUDO É ELE! TUDO É ELE!"
Paz e Luz,
Wagner Borges
Nota: Enquanto digitava essas linhas, lembrei-me da sabedoria de Paramahamsa Ramakrishna. Segue-se na seqüência um trecho da inspiração dele, para enriquecer esses escritos de hoje.
A NATUREZA DA REALIZAÇÃO ESPIRITUAL
Por ( Paramahamsa Ramakrishna: mestre iogue que viveu na Índia do século 19 e que é considerado até hoje um dos maiores mestres espirituais surgidos na terra do Ganges. Para se ter uma idéia de sua influência espiritual, posso citar que grandes mestres da Índia do século 20 se referiram a ele com muito respeito e admiração, dentre eles o Mahatma Ghandi, Paramahamsa Yogananda e Rabindranath Tagore.) Paramahamsa Ramakrishna(*)
“Aquele que é sem forma é também dotado de forma.
É como um grande oceano, uma infinita expressão, sem nenhum vestígio de margens. Aqui e lá, alguma parte da água está congelada. O intenso frio converteu-a em gelo. Assim, sob a influência refrescante, por assim dizer, dos devotos, o Infinito aparece tomando uma forma.
O gelo também se derrete quando o sol aparece e torna-se água como antes.
Assim também, aquele que segue o caminho do conhecimento, o caminho do discernimento, não vê mais a forma de Deus. Para ele tudo é sem forma.
O gelo se transforma em água sem forma com o surgimento do Sol do Conhecimento. Porém, deves perceber o seguinte: a forma e o sem forma pertencem a uma mesma realidade.”
(Texto extraído do livro “O Evangelho de Sry Ramakrishna” – Cap. 2; vers. 32).