É de cravo, é de rosa, é de manjericão...
por Bel Cesar em EspiritualidadeAtualizado em 11/08/2003 12:18:47
“O Manjericão nunca fica doente e floresce até morrer”, explicou Pete enquanto observávamos esta erva que alimenta e cura nosso físico e emocional.
Este ano, Peter Webb e eu, Bel Cesar, introduzimos no Projeto Vida de Clara Luz uma série de aulas sobre como reconhecer os cinco elementos - espaço, ar, terra, água e fogo - nas ervas para saber aproveitar suas propriedades medicinais na cura do corpo físico e emocional, assim como para usá-las com mais sabedoria na culinária. Intitulamos essas aulas de “Ervas e Autoconhecimento”, pois a autopercepção é o modo pelo qual nos sintonizamos com as qualidades vibratórias das plantas.
Pete é australiano, formado em Horticultural Science e agricultura biodinâmica. Desde 1984 tem desenvolvido, no Brasil, projetos de agrofloresta, agricultura auto-sustentável, consultoria ambiental, paisagismo e reflorestamento. Já eu, desde 1991, trabalho com as Essências florais e pratico a psicoterapia a partir da perspectiva do budismo tibetano e dedico-me, também, ao atendimento de pacientes que enfrentam a morte. Juntos, somos responsáveis pelo Projeto Vida de Clara Luz, que está sendo implantado no Sítio Vida de Clara Luz, em Itapevi, a 46km de São Paulo.
A cada curso, no Mandala de Ervas do Sítio, encontramos formas criativas para aprender a investigar a natureza curativa da planta, assim como sua interação com as plantas e animais à sua volta. Nosso método de análise é dedutivo, pois partimos da parte para o todo. Inicialmente, analisamos fotografias de partes da erva ampliadas inúmeras vezes. A visão microcósmica da erva revela qualidades imperceptíveis a olho nu. Por exemplo, você sabia que as pontas dos ramos de erva-doce são pontiagudas como lanças afiadas? Quem diria, a erva-doce mostra-se tão suave quando vista em seu tamanho natural.
Dia 19 de julho, com a colaboração de Cíntia Barros, Fernanda Waeny e um grupo de doze participantes, fomos um pouco mais adiante: fizemos a primeira extração da Essência Floral de uma erva de nosso sítio, o manjericão.
Logo cedo, nos reunimos em torno de um majestoso arbusto de manjericão. Fizemos a prática de meditação AutoCura Tântrica, elaborada por Lama Gangchen Rimpoche, responsável pela orientação espiritual de nosso projeto. Nesta prática, purificamos nossos elementos internos e nos focamos na intenção de cura de nossa colheita. Depois, em silêncio, colhemos as flores com tesouras cirúrgicas, de modo que nossa mão não tocasse a planta.
Certa vez, Lama Gangchen nos disse: “O silêncio faz tudo crescer”. Neste dia, o silêncio presente enquanto colhíamos as flores aumentava a força de nossa concentração e a motivação de colhê-las para compartilhar o seu poder de cura com outras pessoas.
A vasilha, repleta de flores de manjericão mergulhadas na água pura de uma nascente do sítio, foi deixada em seu hábitat até as 16h quando retornamos para colher a água, então, já energizada e pronta para ser dinamizada.
Cada participante do grupo recebeu um frasco para ser dinamizado. Ao som das badaladas de um sino, agitamos os frascos no sentido vertical 144 vezes. Desta forma, preparamos a tintura mãe, da qual foi preparada a solução estoque com a qual fizemos o floral de uso. Por fim, cada participante retirou-se para tomar o seu floral de uso e observar seu mundo interior. Mais uma vez, o silêncio nos ajudou a sentir e a ouvir melhor.
O manjericão, cujo nome científico é Ocimum Basilicum, é uma planta herbácea de ciclo perene que alcança até 60 cm de altura. Seu caule é quadrangular, ereto e pubescente, finamente estriado. Suas flores são hermafroditas, agrupadas em inflorescências do tipo espiga, que se reúnem num fascículo circular em número de seis, pequenas, aromáticas e esbranquiçadas. Seu fruto é do tipo aquênio (como uma pequena noz), com sementes de coloração preto-azulada. Seu aroma é doce e pungente e seu sabor é balsâmico e levemente amargo. Suas folhas são ricas em vitamina A e C, além de terem vitaminas B (1, 2 e 3) e serem uma fonte de minerais (cálcio, fósforo e ferro); são sudoríferas e diuréticas.
Os componentes químicos do Manjericão são: fenilpropano, metilcavicol e linalol. Por isso suas propriedades medicinais são: antidepressiva, anti-séptica, anti-espamódica, expectorante, digestiva e tônica, pois atua no sistema nervoso central.
Na medicina popular, o chá das folhas do manjericão é utilizado para aliviar as dores de garganta (gargarejo); em bochechos, ajuda a cicatrizar aftas. Este chá atua ainda contra tosses, gripes, resfriados e crises de bronquite e é excelente para combater a insônia. Do óleo canforado obtém-se uma tintura que pode ser aplicada numa compressa sobre ferimentos de difícil cicatrização, ou em massagens sobre as têmporas, para aliviar as dores de cabeça, pois é sedativo suave.
O manjericão ajuda a combater gastrites e tem ação sobre o aparelho urinário, reduzindo o ardor ao urinar e estimulando os rins. É ótimo para cistite. Auxilia na boa circulação, pele e dores reumáticas. Afasta a fadiga. Para os convalescentes, um suco de manjericão é o máximo: simplesmente bata algumas folhas de manjericão no liqüidificador com água. É muito saboroso. Na culinária, coloque-o sempre por último nos alimentos cozidos para que ele não perca os seus princípios ativos.
O escalda-pés de Manjericão é ótimo para quem está agressivo, com raiva e prestes a explodir. Tira a raiva na hora. Em nossa atividade grupal, fizemos o escalda-pés com o chá de manjericão: todos se sentiram mais leves e aliviados da sobrecarga que traziam consigo.
É interessante, pois como Essência Floral do sistema de Florais de Minas, o Basilicum, cuja essência eqüivale ao Elm do sistema dos Florais de Bach, é indicado para aqueles que, sobrecarregados pelas responsabilidades ou pelo estresse, sentem-se temporariamente sem forças e esgotados. Atua sobre as dores de origem nervosa, dificuldades sexuais e psicopatologias, sempre que estejam relacionadas à sensação momentânea de incapacidade ou inadequação.
Em todas as situações em que a personalidade tem dificuldade de expressar as próprias idéias, em que há confusão mental, Basilicum será um clareador e um ordenador dos pensamentos. A essência desperta na mente pensamentos positivos de adequação e de harmonia. É ótima para os desorganizados e indisciplinados. Ajuda-nos a ver o brilho e o perfume da vida.Quem precisa de Manjericão pode estar necessitando de sua energia determinante para ajudá-lo a recuperar o desejo de mostrar o próprio valor. Por isso, é indicado para as pessoas que sentem falta de autoconfiança e sofrem de um sentimento permanente de não serem boas o suficiente, pois têm inexplicáveis sentimentos de culpa. Em geral, essas pessoas buscam o reconhecimento, mas, ao mesmo tempo, são incapazes de “suportar o peso” do sucesso e do aplauso e por isso, acabam sempre pondo à prova o próprio medo de fracassar.
Em nosso grupo, constatamos que o manjericão resgata, de fato, o movimento com a vida, pois todos nós nos sentimos entusiasmados no final do dia. Um forte sentimento de solidariedade estava presente em nossas conversas. As seguintes frases são exemplo dos depoimentos dos participantes do grupo: “tive a sensação de equilíbrio e ao mesmo tempo de uma alegria libertadora”; “o manjericão me acalmou ao mesmo tempo que me deixou para cima”; “sentir que o manjericão pode me ajudar a superar o medo do abandono”; “ajudou a me sentir disposto para seguir em frente novamente”; “senti a alegria que precisava para curar a minha tristeza”.
Ao final, agradecemos à natureza por sua generosidade incondicional e tornamos a nos comprometer a continuar zelando por seu equilíbrio.