Fundamentos do Islã
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Autor Acid
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 13/11/2008 14:31:04
O sufismo é mais prático do que teórico. Para o Sufi, não interessa o depois, e sim o AGORA. O Sufismo estuda o que devemos fazer para desenvolver nossa consciência aqui nesta existência. Por isso não está na doutrina a crença da reencarnação (mesmo que ela exista e fosse provada, não é algo que seja proveitoso para a doutrina, e por isso, para todos os efeitos, não há reencarnação).
A base do Sufismo está nos escritos revelados por Allah (Deus) - por intermédio do arcanjo Gabriel - ao profeta Muhammad (conhecido no ocidente como Maomé) ao longo de 20 anos. Estes escritos, cujo conteúdo foi retirado de uma tábua conservada no céu - "a mãe do livro" - se tornou o texto sagrado do Islã: o Corão (do árabe al-Quram, que significa o recitativo ou o discurso).
Assim como na Torah (O velho testamento hebraico), APENAS a interpretação literal das suratas (versos) do Corão não é aconselhada, pois cada surata (verso) pode conter os mais diversos significados.
O termo islam vem do verbo aslama (submeter), enquanto a palavra muslin (daí deriva a palavra "muçulmano") quer dizer submisso. O sentido é claro: o verdadeiro muçulmano é aquele que se declara e é submisso a Deus.
Mohammed afirmava que o que ele pregava não era uma nova religião, mas a continuação da revelação que Deus tinha dado aos profetas do Antigo Testamento e a Jesus (que não é considerado Filho de Deus, mas sim um grande profeta - assim como Mohammed é considerado - que deveria ser obedecido).
A Sharia é uma lei paralela, mas fundamentada no Corão e codificada no século IX. Por essa lei, ficou proibido o consumo de bebidas alcoólicas e de carne suína, foi imposto às mulheres o costume de cobrir o rosto com o chador ou de usar um lenço na cabeça - ijhab - ou ainda, conforme as interpretações mais rígidas dos ulemas (clérigos e teólogos muçulmanos) de adotar o carsaf, um longo vestido, geralmente de cor escura, que cobre o corpo da cabeça aos pés, deixando apenas buracos para os olhos. Sempre segundo essa lei, pode ser punido, com a pena de morte, um muçulmano que renegue sua fé ou blasfeme contra Allah ou Muhammad. A lei, porém, está sendo aplicada em maneira diferente, conforme os preceitos dos próprios clérigos e é mais ou menos rígida, dependendo da cultura de cada país.
O Hadith é a coletânea de ditos e feitos do profeta Muhammad, feita pelo povo que conviveu com ele. Serve como uma orientação, um guia de conduta de como aplicar o Corão. Mas são tantas que se costuma dizer que, para cada exemplo mandando fazer tal coisa, é possível achar outro mandando fazer o seu contrário. O que os fanáticos fundamentalistas fazem é escolher, entre as Hadith, aquelas que mais se prestam à sua interpretação e, depois, dizer que elas são as únicas. Só que existem diversos tipos catalogados de Hadith, aquelas que possuem maior credibilidade (pois junto ao Hadith foi dita toda a linhagem de "fulano que ouviu de sicrano que ouviu do profeta" e pesquisadores realmente comprovaram a existência dessas pessoas naquela época) e outras que não se sabe ao certo a procedência. Enfim, o bom-senso é fundamental.
FUNDAMENTALISTAS E MODERADOS
Os fundamentalistas são os que seguem a interpretação rígida da Sharia, levada ao extremo pelos clérigos muçulmanos. Pode-se pensar que eles fazem apenas uma leitura literal do Corão, mas o que os fanáticos fazem na verdade é algo bem diverso: uma "interpretação" radical do livro sagrado dos muçulmanos, já que o Corão, com uma linguagem ultrametafórica, presta-se bem mais a (Por exemplo, há confusão até hoje se se deve bater na esposa se ela for desobediente, mas a raiz da palavra usada como `bater´ (darabtum) deriva da palavra daraba, e pode indicar na verdade `deixá-la´, como podemos ver no link presente no final do artigo. Assim, temos lugares onde não se bate na mulher, e outros onde se pode bater, acobertado pela interpretação da Lei, até com um fio de cobre!!) interpretações(*) do que a leituras literais. O exemplo mais famoso desse fanatismo extremista vem dos Talebans, estudantes de teologia que, após conquistarem o Afeganistão, tentaram implantar um estado teocêntrico fundamentado na prática ultraconservadora dos costumes e da Sharia. Ajudados pelo apoio e armamento norte-americano, o fanatismo desses estudantes dominou o país e eles se sentiram autorizados a proibir que se ouça rádio e se assista televisão (definindo-os como diabólicos instrumentos ocidentais para desestabilizar o islamismo) e impuseram a mais severa divisão entre os sexos em toda vida pública: os ônibus destinados às mulheres, por exemplo, devem ter vidros foscos ou pintados. Do mesmo modo, elas estão proibidas de freqüentar escolas, hospitais e de exercer alguma profissão fora de casa, e obrigadas a usar a burca, uma roupa escura ou preta que esconde totalmente o corpo, com um gradeado na frente do rosto.
De outro lado, temos uma grande maioria de muçulmanos moderados que praticam o islamismo de uma maneira que poderíamos definir mais laical (o que não significa ser menos piedoso), abertos às influências do mundo ocidental, que procuram participar e usufruir dos avanços tecnológicos modernos. Entre eles há também variedades de interpretações da lei islâmica que vão desde a proibição da poligamia à permissão de ingerir bebidas alcoólicas e usar roupas mais modernas, extensiva, em particular, aos jovens e às mulheres.
FUNDAMENTOS
O Islã tem cinco fundamentos, chamados também de pilares da fé:
1) Acreditar e testemunhar que Allah é o único Deus e Muhammad seu profeta.
2) Rezar cinco vezes ao dia, voltado para a Meca, berço do islamismo.
3) Jejuar durante o mês de Ramadã, do nascer ao pôr-do-sol.
4) Fazer uma peregrinação à Meca, pelo menos uma vez na vida.
5) Pagar uma espécie de dízimo sobre a renda anual para as obras de caridade.
Toda oração e ação que um bom muçulmano faz, principia com a frase:
(Pode-se ouvir esse nome na música Bohemian Rhapsody, quando o prisioneiro clama por Deus. Freddy Mercury nasceu em Zanzibar, na África, e é descendente de persas e cuja religião é muçulmana.) Bismillah(*) ir-Rahman ir-Rahim.
Em nome de Deus, o mais gracioso, o mais misericordioso....Há também o Kalima (palavras), que é o principal fundamento da fé islâmica:
La ilaha illa Allah, Muhammadu Rasul Allah.
Não há Deus além de Allah e Muhammad é seu mensageiro.
Mas provavelmente a frase mais conhecida é a Allahu Akbar (Allah é o maior), que é usada como júbilo (por algum feito) e como afirmação da sua fé. A frase está escrita no centro da bandeira do Iraque, e talvez por isso seja sempre pronunciada quando algum insurgente de lá mata algum soldado norte-americano (ou se mata tentando). O ato de dizer a frase é chamado de Takbir.
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Meca (Makkah) é o lugar do nascimento de Muhammad, o profeta. É a cidade mais sagrada do Islã. Nela está a maior mesquita do mundo, Al-Masjid al-Haram (A mesquita sagrada), que abriga a Kaaba, construção em forma de cubo que, por sua vez, abriga a Hajar el Aswad (pedra negra), venerada pelos muçulmanos. Segundo a tradição, a pedra (possivelmente um meteorito) foi recebida por Abraão das mãos do arcanjo Gabriel. É na sua direção que os muçulmanos se voltam quando fazem suas orações. Meca, situada no meio do caminho da rota das caravanas que ligavam o oceano Índico ao Mediterrâneo, tornou-se centro religioso e comercial do mundo islâmico. Não é permitida a entrada de não-muçulmanos na cidade.
Todo muçulmano que tiver recursos deve, ao menos uma vez na vida, no último mês do ano (Zul-Hijja), fazer uma peregrinação (Hajj) à Meca. O peregrino tem que visitar a Mesquita Sagrada, rodeá-la sete vezes (três correndo e quatro vagarosamente), tocar e beijar a pedra negra de Abraão, beber água no poço de Zemzem, correr sete vezes a distância entre os montes Safa e a Marva, ir até o monte Arafat e a Mina, onde os fiéis atiram pedras contra colunas baixas (lapidação do diabo), e sacrificar um animal em memória de Abraão, considerado o primeiro profeta, construtor da Kaaba e pai dos árabes.
OS NOMES DE DEUS
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A importância dos nomes de Deus é enorme, porque o islã não permite qualquer representação iconográfica de Deus nos lugares de oração, nem de Muhammad, profetas e animais, para evitar que o culto ao Deus verdadeiro, único e absoluto, fosse substituído pela idolatria a essas imagens. Por isso o nome de Allah é escrito de muitas maneiras e constitui o único elemento de decoração permitido nas mesquitas e lugares de culto. Os artistas muçulmanos costumam desenhar os nomes de Allah nas paredes e nas abóbadas das mesquitas e lugares de culto, com letras de ouro, criando assim uma atmosfera de beleza misteriosa e inefável.
* darabtum
Fontes: Revista "MUNDO e MISSÃO"; A guerra de três mundos; Explicando o Islã